Foto Hernâni Von Doellinger |
Aos domingos de manhã eles lá estão. Jogam à bola porque gostam, são amigos e compinchas, para além disso dá-lhes imenso jeito ganhar apetite para o almoço, Deus os farture e lhes mantenha a figura. Jogam a sério, com árbitro, capitães de equipa, minuto de silêncio, massagista, minis frescas e tudo. Há os da praia seca e lá ao fundo, no beijo das ondas, os da praia molhada. A paixão pelo futebol é a mesma, tremenda e pura. São amadores como quer dizer a palavra. Eles são o meu Mundial e jogam futebol na praia - não confundir com futebol de praia. Na Praia de Matosinhos, fora da época balnear, e ali nasceram heróis.
Dos "bebés do Leixões", já ouviram falar? Dessa ínclita geração de jovens génios da bola, conta a lenda que descobertos exactamente ali naquele areal, miúdos campeões do muda-aos-cinco-e-acaba-aos dez, pelo primeiro e mais competente olheiro do mundo e de todos os tempos, mestre Óscar Marques, que depois os entregava trabalhadinhos e já no ponto ao treinador António Teixeira? Anos sessenta-setenta do século passado: Adriano, Barros, Chico (Faria), Fonseca, Horácio, Neca, Nicolau (Vaqueiro), Praia - jogadores do melhor que Portugal teve ou alguma vez terá. E a seguir vieram os Albertinos, os Frascos e outros que tais. Estão a ver?
Pois os das manhãs dos meus domingos não são nada disso e tampouco lhes sei os nomes. Afinfam-lhe com assinalável pertinácia quando acertam na bola, há que dizê-lo com toda a frontalidade, mas vê-se logo que não passaram ao lado de uma grande carreira. Os outros, baptizados pelo famoso jornalista Alfredo Farinha, eram os "bebés do Leixões" e quando cresceram saltaram para o Benfica, para o Sporting e para o Porto (assim ordenados naquele tempo, a bem da Nação). Estes, os meus, notoriamente não são bebés, não sei de onde vêm nem para onde vão - mas juro que também são uma coisa bonita de se ver. E são nenucos, praticamente...
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