Estão a ver esses maratonistas bissextos mas cheios de intenção que treinam aos domingos de manhã artilhados com todos os matadores, como por exemplo aquele cinto tipo canivete suíço onde acomodam boiãozinhos de várias cores e feitios, barras energéticas, bananas, ananases, pepinos, couves-galegas, sandes de marmelada com tulicreme, tremoços, caldo de nabos, as chaves de casa, do carro, do totobola e do euromilhões, um par de algemas, um bastão extensível, lingerie de senhora e um spray de pimenta forte? Estão a ver? Pois era um desses com um daqueles.
O homenzarrão de calções de licra pelo joelho passou por mim no meu Passeio Atlântico, em Matosinhos, e naquele exacto momento despencou-se-lhe do extraordinário cinto multifunções um dos frasquinhos de plástico. Aos meus pés. Eu, que só quero ajudar, gritei "Olhe, caiu-lhe um boião!", vergando-me para apanhar a garrafinha e levá-la ao dono, e bem me custou. O superatleta, talvez apenas cinco metros à minha frente, ouviu-me, sempre correndo, virou levemente a cabeça e sobretudo o braço direito num gesto redondo e grande, creio que metendo-nos no mesmo saco a mim e ao vasilhame perdido, para tonitruar, desportista até mais não:
- Que se foda!...
E lá foi para casa assapar na mulher e comer cinco frangos de churrasco sem picante em somente 1h43m36s, tudo incluído.
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