quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Ir ao teatro é como ir à vida sem nos comprometer

Pai só há um
"Pai só há um", lamentou-se o professor-ensaiador, espreitando pela cortina a plateia esgotada do teatrinho escolar. "O resto é tudo mães. Galinhas"...

As pancadas de Jean-Baptiste Poquelin
O francês Jean-Baptiste Poquelin inventou as famosas pancadas de Jean-Baptiste Poquelin, as quais, secas e consecutivas, batidas no piso do palco, anunciavam ao público o início de um espectáculo teatral. Alguém alvitrou, no entanto, que chamar pancadas de Jean-Baptiste Poquelin às pancadas de Jean-Baptiste Poquelin não tinha jeito nenhum, até soava mal ao ouvido, e que chamar-lhes, por exemplo, pancadas de Molière seria muito mais engraçado. Tinha razão. As pancadas mudaram então o nome para Molière e Jean-Baptiste Poquelin também. Assim se passaram as coisas.
 
O papel de uma vida
Entrou em palco e disse:
- Vou sair.
E saiu.

Do palco para os estádios
Shakespeare. Nasceu em Stratford-upon-Avon, era o ano de 1564. Depois de ter cumprido uma razoável carreira como poeta, dramaturgo e actor, morreu em 1616 para dedicar-se por inteiro ao sonho de toda a vida: o futebol profissional. Jogou no Walsall, no Sheffield Wednesday, no West Bromwich Albion, no Grimsby Town, no Scunthorpe United, no Telford United e no Hednesford Town. Virou treinador. No ano de 2017 orientou durante quatro meses o Leicester City, deixando-o na zona de descida à segunda divisão inglesa, e actualmente é o terceiro adjunto de Dean Smith no Aston Villa.

Uma questão de gosto
O inglês Guilherme Shakespeare escreveu tubi ornotubi detesdaquestcham. Ornotubi. O nosso Luís Vaz escreveu, e certamente antes do bife, al maminha gentil quetepartiste. Maminha. Para mim, Shakespeare 0 - Camões 1.
Alinhavei o penetrante pensamento supra no dia 1 de Novembro de 2014. Já vamos em 2021 e continuo a gostar muito mais de maminha, e evidentemente não estou a falar de carne para churrasco. Na altura, um leitor anónimo mas de óbvia costela anglófila comentou-me que "Shakespeare é maior que Camões". Eu respondi: "Mas Hrtdfsgnkgetrfdcçygetñtecho é maior do que Shakespeare". E mantenho.

O melhor actor do mundo
A conversa já tem alguns anos. Ao balcão do salão de bilhares, o empregado do bar e alguns clientes ligados à famosa "segurança da noite" nortenha discutem animadamente sobre uma questão fundamental: quem é o melhor actor do mundo - Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger ou Jean-Claude Van Damme? As opiniões dividem-se, ameaçam-se. E eu, ao lado, penso, sem ousar abrir a boca: evidentemente esqueceram-se do Steven Seagal e do Chuck Norris.

A menina dança?
- A menina dança?
- Não, muito obrigado.
- Não tem nada que agradecer.
- Mas eu faço questão.
- Coimbrã?
- Oliveira do Hospital, mais concretamente.

Almas gémeas 
- A menina dança?
- Não!
- É como eu. Não acha que fomos feitos um para o outro?...

P.S. - O Museu Nacional do Teatro, actual Museu Nacional do Teatro e da Dança, foi inaugurado no dia 4 de Fevereiro de 1985. A frase do título copiei-a de Carlos Drummond de Andrade.

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