sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Jorge Amado 7

A multidão se levantou como se fora uma só pessoa. E conservou um silêncio religioso. O juiz contou:
- Seis...
Porém antes que contasse sete o homem loiro se ergueu sobre um braço, com esforço, e juntando todas as forças se pôs de pé. então a multidão se sentou novamente e começou a gritar. O negro investiu com fúria e os lutadores se atracaram em meio ao tablado. A multidão berrava:
- Derruba ele! Derruba ele!
O largo da Sé pegara uma enchente naquela noite. Os homens se apertavam nos bancos, suados, os olhos puxados para o tablado onde o negro Antônio Balduíno lutava com Ergin, o alemão. A sombra da igreja centenária se estendia sobre os homens. Raras lâmpadas iluminavam o tablado. Soldados, estivadores, estudantes, operários, homens que vestiam apenas camisa e calça, seguiam ansiosos a luta. Pretos, brancos e mulatos torciam todos pelo negro Antônio Balduíno, que já derrubara o adversário duas vezes.

"Jubiabá", Jorge Amado

(Jorge Amado nasceu no dia 10 de Agosto de 1912. Morreu em 2001.)

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