Minha adorada língua portuguesa,
Tão rica em si mesma e tão fecunda,
Pão sem fermento com que como à mesa
E alegria vital que ainda me inunda.
Desde o bárbaro latim que vou seguindo
Teu caminho de som, abrindo às almas
Uma nova harmonia singular,
Tão doce e pura ao mesmo tempo que eu
Por ti desço ao inferno e subo ao céu
Pela graça de ouvir e de falar.
Sigo-te, sim, mesmo através da História,
A que só tu pudeste dar sentido,
Porque só tu conservas a memória
Do que já foi e ainda há-de ser vivido.
Tu que abriste em flor nos cancioneiros
Nas queixas doces dos cantares de amigo,
Inventaste essa porta enfeitiçada
Que separa ou une os corações
E que deste os teus frutos verdadeiros
Com Gil Vicente e os versos de Camões.
Língua de blasfémias, de ameaças,
De musicais hipérboles sentidas,
Que rasto singular por onde passas
E que estranho sinal deixas nas vidas!
Tu que atravessaste os desertos
E os mares bravios nunca navegados,
Com palavras que são braços abertos
E que nas bocas rudes e agressivas,
Feitas para gritar e para morder,
Puseste o enxame das palavras vivas
Com que te falam e amam sem saber.
Domingos Monteiro
(Domingos Monteiro nasceu no dia 6 de Novembro de 1903. Morreu em 1980.)
Tão rica em si mesma e tão fecunda,
Pão sem fermento com que como à mesa
E alegria vital que ainda me inunda.
Desde o bárbaro latim que vou seguindo
Teu caminho de som, abrindo às almas
Uma nova harmonia singular,
Tão doce e pura ao mesmo tempo que eu
Por ti desço ao inferno e subo ao céu
Pela graça de ouvir e de falar.
Sigo-te, sim, mesmo através da História,
A que só tu pudeste dar sentido,
Porque só tu conservas a memória
Do que já foi e ainda há-de ser vivido.
Tu que abriste em flor nos cancioneiros
Nas queixas doces dos cantares de amigo,
Inventaste essa porta enfeitiçada
Que separa ou une os corações
E que deste os teus frutos verdadeiros
Com Gil Vicente e os versos de Camões.
Língua de blasfémias, de ameaças,
De musicais hipérboles sentidas,
Que rasto singular por onde passas
E que estranho sinal deixas nas vidas!
Tu que atravessaste os desertos
E os mares bravios nunca navegados,
Com palavras que são braços abertos
E que nas bocas rudes e agressivas,
Feitas para gritar e para morder,
Puseste o enxame das palavras vivas
Com que te falam e amam sem saber.
Domingos Monteiro
(Domingos Monteiro nasceu no dia 6 de Novembro de 1903. Morreu em 1980.)
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