quarta-feira, 16 de abril de 2014

Chamam-lhe Protocolo de Manchester

Aqui atrasado passei dois dias na Urgência de um dos nossos maiores hospitais públicos. Não por mim, nem feliz nem infelizmente. E fiquei com esta impressão, que preferi amadurecer até hoje: no caos em que "funciona", a Urgência é uma indignidade para os doentes, incluindo os que vão só para o lanche; é uma indignidade para os acompanhantes dos doentes, incluindo os mirones e outros estorvadores; é uma indignidade para as enfermeiras e para os enfermeiros que lá trabalham até à exaustão e sem rede; é uma indignidade para as médicas e para os médicos que fazem o que podem e sabem, espreitam cortinas à procura de uma cadeira vaga e parecem baratas tontas no meio daquele circo; é uma indignidade para o hospital (um dos nossos maiores, já disse), para Portugal e para a Humanidade. Uma indignidade e uma violência. Entre mortos e feridos, salvam-se as auxiliares, que cantam e dançam, contam telenovelas e anedotas umas às outras e ao público em geral, destratam toda a gente e mandam naquilo tudo.

Claro que não tem nada a ver (falecer acontece a qualquer um e em todo o lado), mas: um cirurgião morreu ontem, no Hospital de Aveiro, quando estava a operar um paciente.

2 comentários:

  1. Fantástico Sr. Hernâni Von Doellinger. Vou partilhar.

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  2. Sei bem que falas meu Amigo! O mais grave é que, tudo isto que aqui nos contas É DELIBERADO!!! e a avaliar pelaS ameaças diárias com que este governo de extrema-direita faz questão de nos atormentar a vida. SÓ PODE PIORAR.

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