Pregões matinais
Passo às vezes na cama um dia inteiro
De papo para o ar, como um madraço...
Fumando qual filósofo ou palhaço,
- Sem mulher... sem cuidados... sem dinheiro!
É de manhã então que me é fagueiro
Ouvir trinar no cristalino espaço
Um pregão mais macio que um regaço,
Que se esvai a carpir... como um boieiro...
De manhã é que passa a leiteirinha,
Com seu pregão chilrado de andorinha,
Passam varinas de gargantas sãs...
E ao escutar tais cantantes semifusas,
Eu creio que oiço ao longe as frescas Musas,
- A vender uvas e a pregoar maçãs.
Gomes Leal
(Gomes Leal nasceu no dia 6 de Junho de 1848. Morreu em 1921.)
Sem comentários:
Enviar um comentário