Isto foi ontem à noite, no Telejornal da RTP1. Nas imagens, o treinador do FC Porto falava sobre o jogo de mais logo, no Mónaco (a por milhões esperada degola dos indecentes), mas o rodapé puxava-me para muitos, muitos anos atrás. Para a antiquíssima Idade do Acento Circunflexo. Dizia: Vítor Pereira: "Não viemos para vêr o Barcelona jogar". Exactamente: ver, com o anacrónico e desnecessário chapeuzinho. Eu nem queria acreditar. A televisão da modernidade, tão lampeira a adoptar a merda do novo acordo ortográfico, dava assim um erro de palmatória? Dava e repetia. Porque o rodapé e a respectiva patacoada entravam e saíam da imagem sempre que lhes apetecia, como se estivessem na casa deles e não na nossa. E sempre sem tirar o chapéu. A RTP é ignorante e mal educada.
O abuso do circunflexo até pode ser, à nascença, um erro de caracacá, mas é exactamente o poder da televisão que o hiperboliza, conferindo-lhe a dimensão de uma asneira colossal. E logo na RTP, o primeiro canal do País, a televisão (ainda) do Estado que já teve a Telescola e (ainda) mantém obrigações de serviço público. A televisão que exibe um programa sobre o uso e abuso do português, "Cuidado com a Língua!", apresentado pelo encenador e actor Diogo Infante. A RTP que custa aos bolsos dos contribuintes mais de 300 milhões de euros por ano, mas que não tem dinheiro para contratar alguém com a quarta classe completa para lhe pôr os rodapés em ordem.
Estão a ver porque é grave o pentelho do circunflexo? É que, ainda por cima, este erro ultrapassa os limites da gralha, do lapso involuntário. O acento foi lá posto de propósito, conscientemente, porque sim. Outra coisa bem diferente é trazer para os rodapés os perigosos "exames de abelhas", como fez há dois ou três dias creio que outra televisão. A calinada é evidente, mas neste caso fica sempre a dúvida: é mesmo ignorância ou foi falha na teclagem?
Uma coisa é certa: esta gente não devia ter passado no enxame...
Meu amigo Neques. Ainda ontem à noite li num rodapé da Sport TV que o Domingos Paciência dizia que o Djaló "mereçe" qualquer coisa que não me lembro agora. Mereciam era ser todos despedidos. Isso é que era. E voltar à escolinha para aprender português, aquela língua que, há uns anos, os jornalistas tinham de dominar muito bem para poderem entrar para a profissão.
ResponderEliminarAbraço grande.
P.
Caro P.
ResponderEliminarAgardêsso a vzita e o aqutilante cumentário.
Abrasso.