Discutia-se se o Capitão Gancho era pirata ou corsário. Havia ópticas, prismas, ângulos e até pontos de vista para o mar. Conversa vai, conversa vem, uns que corsário, outros que pirata, alguns até que contrabandista, ladrão, gatuno, filhodaputa, ó corno!, és pouco boi és!, como num normal jogo de futebol, mas não havia maneira de se chegar a uma conclusão ou, vá lá, como remedeio, a um consenso - e era precisa uma maioria qualificada, isto é: dois terços mais pelo menos uma via-sacra. O animado debate mudou bruscamente de rumo quando alguém recém-entrado a bordo alvitrou que o Capitão Gancho se chamava Capitão Gancho para não ser confundido com o Capitão Iglo dos douradinhos mas sobretudo porque comandava o seu navio, o Jolly Roger, com mão de ferro e vencia o Capitão Iglo quantas vezes lhe apetecesse. Aprovado por unanimidade, e ali se fez história.
Bebia-se verde tinto, e era realmente uma rica pinga.
P.S. - No dia 18 de Janeiro de 1509, faz hoje anos, o nosso Duarte Pacheco Pereira - ou "Aquiles lusitano", como lhe chamou Camões - enfrentou, derrotou e capturou o famoso corsário francês Pierre de Mondragon, que actuava entre os Açores e a costa continental portuguesa, onde atacava as naus vindas da Índia. Corsários são, como se sabe, calças curtas e geralmente ridículas que vão um pouco abaixo dos joelhos.
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