Não. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa, não é o único a esconder os crimes de pedofilia perpetrados no interior na Igreja. Não. Todos os bispos portugueses sabem de casos, recentes ou antigos, e a maioria do clero subalterno também. Mas fazem-se de virgens, encobrem-se uns aos outros, funcionam em cartel. Omitem, calam. E quando falam desfalam. Fazem números de circo com as palavras. Ou mentem. Mentem muito.
E isso revolta-me. Revolta-me tanto!
Tanto, que em 2018, mais ou menos por esta altura do ano, não consegui conter a minha indignação após nova ronda de declarações avulsas e falsas sobre o assunto, creio que por parte da Conferência Episcopal, e, em desespero de causa, cedi à ingenuidade momentânea de enviar um email a um bispo amigo a quem eu devotava o maior respeito e admiração. Era um apelo.
"Caro [...],
Perdoe-me o atrevimento. Em nome da nossa amizade antiga, infelizmente breve, porém limpa, quero fazer-lhe um pedido urgente:
Por favor, não deixe que os seus colegas bispos digam que não têm denúncias sobre casos de pedofilia. Têm. Têm. E o jogo semântico da afirmação hipócrita é de uma habilidade patética e criminosa. Os bispos não precisam de denúncias, os bispos sabem. Sabem. Sabem.
Caro [...],
Rogo-lhe: diga, faça alguma coisa. Em nome das vítimas e dos que, como eu, e eu sou o menos, ainda esperam uma igreja justa, misericordiosa, amparo dos pobres e fracos. Seja, por favor, a voz do Papa em português, já que os seus colegas bispos fazem questão de desperceber o que ele diz."
Convenientemente de férias, o bispo amigo teve, ainda assim, a amabilidade de responder-me.
"Do Algarve, apenas te diria que teria muito gosto em falar contigo. Não tenho problemas em abordar qualquer assunto. Aparece ou diz-me onde te poderei encontrar para conversarmos."
Estão a ver? Percebem o que eu quero dizer quando falo em hipocrisia? Eu não precisava de encontrar-me com o bispo nem gosto que me mandem calar. E conversarmos o quê? Eu não fui vítima de pedofilia ou de qualquer outro abuso sexual, felizmente não careço desse exorcismo. Eu, na minha boa intenção, só pedi ao bispo que fizesse ouvir a sua influente voz, que chamasse os seus colegas bispos ao bom caminho. Enfim, eu só implorei ao meu amigo bispo que ele revelasse o que eu sei que ele sabe. Mas quanto a isso, nem um pio...
P.S. - Mais sobre o assunto, na síntese de textos abaixo.
E isso revolta-me. Revolta-me tanto!
Tanto, que em 2018, mais ou menos por esta altura do ano, não consegui conter a minha indignação após nova ronda de declarações avulsas e falsas sobre o assunto, creio que por parte da Conferência Episcopal, e, em desespero de causa, cedi à ingenuidade momentânea de enviar um email a um bispo amigo a quem eu devotava o maior respeito e admiração. Era um apelo.
"Caro [...],
Perdoe-me o atrevimento. Em nome da nossa amizade antiga, infelizmente breve, porém limpa, quero fazer-lhe um pedido urgente:
Por favor, não deixe que os seus colegas bispos digam que não têm denúncias sobre casos de pedofilia. Têm. Têm. E o jogo semântico da afirmação hipócrita é de uma habilidade patética e criminosa. Os bispos não precisam de denúncias, os bispos sabem. Sabem. Sabem.
Caro [...],
Rogo-lhe: diga, faça alguma coisa. Em nome das vítimas e dos que, como eu, e eu sou o menos, ainda esperam uma igreja justa, misericordiosa, amparo dos pobres e fracos. Seja, por favor, a voz do Papa em português, já que os seus colegas bispos fazem questão de desperceber o que ele diz."
Convenientemente de férias, o bispo amigo teve, ainda assim, a amabilidade de responder-me.
"Do Algarve, apenas te diria que teria muito gosto em falar contigo. Não tenho problemas em abordar qualquer assunto. Aparece ou diz-me onde te poderei encontrar para conversarmos."
Estão a ver? Percebem o que eu quero dizer quando falo em hipocrisia? Eu não precisava de encontrar-me com o bispo nem gosto que me mandem calar. E conversarmos o quê? Eu não fui vítima de pedofilia ou de qualquer outro abuso sexual, felizmente não careço desse exorcismo. Eu, na minha boa intenção, só pedi ao bispo que fizesse ouvir a sua influente voz, que chamasse os seus colegas bispos ao bom caminho. Enfim, eu só implorei ao meu amigo bispo que ele revelasse o que eu sei que ele sabe. Mas quanto a isso, nem um pio...
P.S. - Mais sobre o assunto, na síntese de textos abaixo.
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