É a chamada mulher de barba rija. Feia, grande, cabelos espetados, seis
dedos em cada mão e forte como um hércules. E o nome, Brites de Almeida,
também lhe fica de modo, tal como um certo comportamento masculino e o
bigode de que ninguém fala mas que certamente. Assim seria a Padeira de
Aljubarrota, segundo a tradição popular, porém já se sabe: quem conta um
conto acrescenta um ponto, e dessarte nasce o mito.
Esta padeira nunca existiu. Ainda assim, a lenda liga-a à Batalha de
Aljubarrota e ao massacre que se lhe teria seguido, mas que também nunca
aconteceu. Brites seria a líder de um grupo de populares, tipo claque
de futebol, que perseguiu os castelhanos em fuga. Brites emboscou-se,
fez-lhes espera, aos desgraçados dos espanhóis, e matou com as próprias mãos uns tantos, se por acaso fosse verdade e o Benfica tivesse
claques.
Nessa noite de 14 de Agosto de 1385, a padeira chegou a casa e descobriu
sete espanhóis escondidos no forno onde costumava cozer o pão. Ela
percebeu logo que eles eram espanhóis porque diziam muito "qué rico!",
"vale, vale!", "qué tal, qué tal?" e outros nomeadamentes. Sem
pestanejar, ou ainda que pestanejando derivado à farinha, Brites pegou
na pá e bateu-lhes até os matar, um a um, à medida que os infelizes iam
saindo do forno.
O professor catedrático e historiador Francisco Ribeiro da Silva
contou-me uma vez que a Padeira de Aljubarrota pertence à classe dos
"mitos simpáticos que sublinham muito justamente o importante papel de
algumas mulheres na História de Portugal", ela por ela com, por exemplo, a nossa
Maria da Fonte.
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