sexta-feira, 15 de julho de 2011

Não sei se ria, não sei se chore*

Este Governo é um bocado serôdio. Faz-me lembrar os bons velhos tempos das homenagens singelas, porém cheias de significado. Ainda nem começou a governar, mas desdobra-se no espalhafato dos "pequenos gestos". Este Governo é moralista: gosta de "dar o exemplo". Este Governo é cabeça-de-giz: adora "dar sinais".
Para que o País aprenda, Passos Coelho reduziu o número de ministérios, escolheu uma equipa jovem, acabou com os governadores civis e até protagonizou a famosa rábula da viagem de avião em económica, que era de graça mesmo que fosse em executiva. Claro que todos nós sabemos que, no fundo, tudo continua na mesma, mas o gesto está lá, e "o gesto é tudo", como muito bem dizia o concurso da RTP a preto e branco.
Mas a ministra da Agricultura e etc. resolveu ir ainda mais longe. Num notável golpe de asa, Assunção Cristas anunciou, no seu primeiro comunicado à Nação, que decidiu acabar com a obrigação do uso de gravata no seu ministério (palavra de honra, não sabia que era obrigatório!). O objectivo da fracturante medida, a implementar doravante todos os verões, é "diminuir a factura da electricidade e preservar o ambiente".
No Ministério da Agricultura e etc. admite-se que, pela mesma razão, nos invernos, passe a ser obrigatório o uso de cachecol e sobretudo.

*Esclareço que, por motivo de boas práticas ambientais e internacionais, escrevi este texto completamente em pelote.

4 comentários:

  1. Se eles não fossem daqueles que se levam muito a sério, sinceramente, achava que os gajos andam na tanga connosco... Aliás, eu preferia mesmo que nos andassem a gozar e que não fossem tão estúpidos ao ponto de pensar que estão a fazer uma grande coisa! Deprime-me pensar que esta gente tem influência na minha vida. Porra!
    AC

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  2. A moçarada está com o tesão do mijo e tem assim estas ideias malucas. Isto nem é grave; é folclore. Grave é pensarmos que eles, de lavra própria, não vão passar disto, uma vez que o resto é seguirem à risca as ordens deixadas pela troika. Pior ainda é percebermos que a única coisa que eles pretendem fazer de diferente do que a troika mandou é fazer mais do que a troika mandou. Isto é: malhar ainda mais, sem dó nem piedade, em cima dos mais fracos.

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  3. Infelizmente, concordo com tudo o que dizem, caros parceiros de camarata. Há, para mim, no entanto, uma triste consolação: é quase impossível fazerem pior do que o Sócrates. Nem o Santana foi tão mau.
    M.A.

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  4. Caro M.A.,
    Por amor de Deus, não desafie a lei das probabilidades, que ela ainda nos desaba em cima. Pior, infelizmente, pior é sempre possível. O bom do Santana Lopes é que não teve tempo!
    A propósito: já repararam que o Passos Coelho deixou vir ao de cima um tique socrático, quando respondeu torto e de forma arrogante aos jornalistas, em Vila Real, a propósito da cagada que fez com o nomeia-desnomeia do Bairrão?
    Temos homem! Isto vai ser entretido.

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