Ataque à bomba
Disse que ia atacar à bomba, e foi. Anos e anos a fio. Dental. Hoje a bomba é a estação de metro da Trindade e ele era travesti.
Amar é apanhar piriscas, por exemplo
Seria um casal patusco, se não fosse trágico. Desengonçados ambos,
cómicos no vestir, feiinhos graças a Deus, testo e panela emparelhados
de encomenda. Cirandam pelas ruas de Matosinhos todos os dias, de
manhãzinha à noite, de braço dado, num andar de procissão e olhos
caídos, passando o chão a pente fino à cata de piriscas reutilizáveis.
Ele,
posto que zarolho, tem visão de longo alcance ou então algum radar que
eu não sei. Vê a beata e faz um gesto com a cabeça. Ela, em obediência
canina, dobra-se, apanha a prisca referenciada, entrega-lha e corre a
enfiar-lhe novamente o braço, se ele deixar, até à próxima. Ele fuma e
ela vai feliz.
Os dois são um filme mudo. Isso, uma fita das antigas, num
preto-e-branco fatela.
Digo, seria um casal patusco, se não fosse trágico: quando lhe apetece, o
filhodaputa bate na mulher.
Serralves nunca mais
Estou indignado com Serralves. Nunca mais na vida ponho os pés em
Serralves. Eu nunca pus os pés em Serralves. Mas agora é que nunca mais.
Pastelaria e ordem unida
Comeu três brigadeiros de enfiada. Disse-lhes após, enquanto limpava a
boca: - Informem o general que eu para a semana não venho.
Pastelaria e graças a Deus
Comeu um cardeal, dois jesuítas e três seminaristas. Bebeu quatro taças de Casal Garcia, persignou-se e deu graças a Deus.
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