Porque amo a noite
Sabes que é
amor sem ter em troca
Um olhar de mulher banhado em fogo?
É no leito a vigília, e na alma o inferno.
É blasfémia do peito em desafogo!
Vivo entre prantos, delirante sempre
Sem ter uma alma que me
vote amor!
Para não zombarem do
infeliz que sofre
Espero a noite - que me
escuta a dor.
Meu deus, que vida! Quando os risos da alma
Deviam todos afagar-me o
rosto
Cercam-me as sombras e
minha alma é triste
Como o horizonte quando
o sol é posto.
Este era o tempo - que da primavera
Para mim deviam rebentar
as flores,
E no entanto sinto o
sol do estio
Crestar-me as crenças,
abrasar-me em dores!
E como eu sofro, porque choro embalde,
Pobre, sozinho, sem
consolo achar,
Lamento o dia e
esperando a noite
Maldigo a sorte que me
faz chorar!
E quando durmo - na minha alma passa
Formosa Vésper - (que
gentil visão!)
Creio um momento na
ventura em sonhos
Desperto ai louco!! topo
a solidão!
Oh que martírio! que destino
o meu
Que até sonhando
desgraçado sou!
Que triste fado! nunca a
luz das crenças
Dentro em minha alma um
raio seu coou!
Joaquim Xavier da Silveira
(Joaquim Xavier da Silveira nasceu no dia 7 de Outubro de 1840. Morreu em 1874.)
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