O WRC Fafe Rally Sprint do passado fim-de-semana foi uma festa, um sucesso aplaudido e reconhecido por quase todos: pelo povo dos ralis, pelos pilotos (os pilotos portugueses, entendamo-nos), pela GNR, que não sei de que cataclismo estava à espera e fez questão de elogiar publicamente "o comportamento e a conduta ordeira" do público, e pela organização nacional. Tudo terá corrido tão bem que houve logo quem sonhasse com o regresso do Mundial a sério (à séria, se lido em Lisboa) ao Norte do País.
Pedro Almeida, director do Rali de Portugal, veio ontem deitar água na fervura deste entusiasmo ingénuo e bem intencionado. Como não tinha um caneco à mão, esvaziou uma piscina inteira em cima das cabeças daquelas boas almas, evocando "todo um conjunto de condições imposto pela FIA [...] e questões técnicas relacionadas com
o próprio campeonato" para justificar o que era mais do que sabido: "Se o rali pode voltar ao Norte? Direi que não é impossível, mas não é provável". Estão a perceber a semântica?
Pedro Almeida é mal agradecido? Não. Fez até questão de encomiar a Câmara Municipal de Fafe, que, disse ele, "apoiou de forma incondicional" e tornou possível o espectáculo da Lameirinha. E aqui é que eu fico de pé atrás. Atenção: sou pelo Rali, tenho entranhadas razões para ser pelo Rali, mas quando ouço ou leio que uma autarquia, nos dias de hoje, "apoiou de forma incondicional" uma corrida de automóveis que deve ter custado mais de quinze contos, só consigo pensar na factura...
quinta-feira, 29 de março de 2012
Cuidado com os estampanços!
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quarta-feira, 28 de março de 2012
O calçãozinho vermelho
Foto Hernâni Von Doellinger |
A miúda era gira. Pelo menos vista por trás. Vestia um calçãozinho vermelho e levava dois cães pela mão, cada um por sua trela. Não sei de raças de cães, só distingo duas: a raça grande e a raça pequena. Estes dois eram dos grandes, dos que se metem comigo.
A miúda era gira, dizia eu, e preparava-se para entrar no Parque da Cidade do Porto. Via-se que andava a apalpar terreno, devia ser a sua primeira vez. E decerto foi por isso que fez o que eu nunca tinha visto ninguém fazer: parou a ler o painel com as "Normas de Circulação de Cães". Pelo tempo que demorou, deu para perceber que leu toda a informação, de uma ponta a outra. Depois pareceu-me que verificou se estava tudo ok - olhando por si abaixo, para as trelas e para os cães -, e só então é que avançou. Apeteceu-me aplaudir! Bater palmas à atitude cuidadosa, ao respeito pelos outros, à lição de cidadania, ao calçãozinho vermelho.
Eu próprio fiquei curioso e fui dar uma vista de olhos ao painel. Há um igual em cada entrada do Parque. O painel explica sumariamente o que são "cães potencialmente perigosos" e "cães perigosos", ajuda a identificar, com fotos e notas explicativas, as "raças potencialmente perigosas" e, no seu corpo central, alinha as quatro normas fundamentais a observar. Que são:
"1. É obrigatório para todos os cães o uso de coleira ou peitoral, no qual deve estar inscrito, de forma visível, o nome e morada ou telefone do seu detentor.
2. Os cães devem circular com trela e sempre acompanhados pelo seu detentor.
3. Os cães perigosos ou potencialmente perigosos devem circular no Parque da Cidade acompanhados pelo seu detentor, maior de 16 anos, e com uma trela curta até 1 metro, que deverá estar fixa à coleira ou peitoral e açaimo funcional.
4. Os detentores dos animais deverão, em qualquer deslocação, fazer-se acompanhar do boletim sanitário dos animais com os quais circulam."
Infelizmente os cães não sabem ler, e isso faz diferença a muitos donos.
Contra a discriminação do mercurocromo
Foto Hernâni Von Doellinger |
Portugal ocupa um honroso nono lugar no ranking dos países europeus com maior consumo de álcool. Feitas as contas, cada português (incluindo os abstémios) bebe uma média de 13,4 litros por ano. O relatório da Organização Mundial da Saúde, ontem divulgado, é mais uma vez omisso no que toca aos números do consumo de mercurocromo. O que se lamenta.
terça-feira, 27 de março de 2012
Os amigos são para as ocasiões
Um amigo de Lisboa mandou-me uma SMS. Dizia que precisava de falar urgentemente comigo. Não pensei duas vezes: meti-me no carro e lancei-me na auto-estrada a mais de 180 à hora. Só ao chegar a Vila Franca é que me lembrei que não tenho carro nem sei conduzir.
segunda-feira, 26 de março de 2012
Querem é sexo
Sou muito procurado por causa de sexo. É verdade: centenas de visitantes do Tarrenego! entram aqui pela primeira vez porque pesquisam na Net palavras-chave tão atesoadas e cheias de segundas intenções como "belas e perigosas", "foder no parque", "mamas", "amantes", "portuguesas malucas", "portuguesas perigosas", "comendo a tia safadinha" (palavra de honra!), "putas", "prostitutas" ou "padres de Viana do Castelo". Depois levam com um balde de água fria no focinho, vão-se abaixo e se calhar nunca mais voltam. Compreendo-os.
Há outros leitores, igualmente solitários e amantes dos trabalhos manuais, porém de hábitos um pouco mais arejados e produtivos (a jardinagem ou a culinária, por exemplo), que contactam comigo através de senhas como "Alberto João", "o seringador", "arroz de polvo carolino ou agulha", "esquerda caviar", "onde comer sardinhas", "Anthony Bourdain", "ah faneca!" e "moelas de coelho". Sobretudo "moelas de coelho". Percebo também que fiquem desconsolados com o que tenho para lhes dar e não posso levar a mal o raspanete que achem por bem (no caso dos fiscais de serviço do Bloco de Esquerda), embora lamente que me virem as costas de vez. Já agora: para o polvo, arroz carolino. E é claro que os coelhos não têm moelas, mas o meu amigo Peixoto, em Fafe, cozinha-as muito bem.Quase que só sobram então os americanos, os russos e os alemães, que são sempre os primeiros a chegar e, honra lhes seja!, não me largam. E é muito fácil mantê-los interessados. Basta-me meter um texto qualquer com uma ou mais destas inocentes palavras: "terrorismo", "EUA", "Putin", "Bush", "Obama", "Saddam Hussein", "Al-Qaeda", "Merkel", "Papa", "armas" ou "bomba", e meia dúzia de segundos depois já cá estão eles a bater-me à porta. É automático.
O que eles querem sei eu. No fundo, anda tudo ao mesmo: querem sexo, como os das "mamas" e das "prostitutas". Querem ver se me fodem, com licença da palavra. Mas também vêm ao engano.
(E depois há os casos que podem ser sérios. Como ontem, quando alguém caiu no Tarrenego! com a conjugação de palavras-chave "quero denunciar o meu pai que me maltrata". Peço desculpa pela pista falsa e espero sinceramente que quem estava aflito, se assim era, tenha encontrado a ajuda de que precisava.)
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Já me tinhas dito 2
E penso: sensato conselho. Planear as coisas posteriormente nem sempre dá bom resultado.
domingo, 25 de março de 2012
Deitemos abaixo o Senhor do Padrão
Foto Hernâni Von Doellinger |
O grande dia aproxima-se a passos largos e Matosinhos está cada vez mais na linha da frente para limpar com toda a justiça o primeiro prémio das Sete Maravilhosas Arrenúncias Culturais de Portugal. O monumento ao Senhor do Padrão apresenta-se pior do que nunca, alagando de orgulho os corações embebecidos de todos os matosinhenses. A porta do fontanário há que tempos que estava em pantanas e dentro do zimbório aquilo já era uma magnífica lixeira, cheia de sacos plásticos com restos de comida ou rezas, erva das duas qualidades e garrafas de vinho. Mas faltava o empurrão final. Deram-lho ontem, graças a Deus: alma caridosa encarregou-se de arrombar de vez o gradeamento e abarbatar-se ao aloquete (cadeado, para o júri do concurso, em Lisboa), quem sabe se com o ternurento fito de o pendurar como promessa de amor eterno na Ponte de Luís I, no Porto.
A Câmara de Guilherme Pinto - há que aplaudi-la a pés ambos - está inexcedível de desmazelo e ignorância. Se o prémio vier, como todos esperamos, sobretudo a ela o deveremos. A esta Câmara injustamente conhecida por esse mundo fora derivado a uma certa e determinada reparação da monumental porta dos Paços do Concelho, mas que aqui, sendo o assunto também portas, soube avaliar correctamente o que está em jogo e canalizou todo o seu esforço no sentido de não fazer absolutamente nada. Esta corajosa aposta no abandono demonstra, para além do mais, a apurada visão da autarquia. O abandono acicata o vandalismo e isto é meio caminho andado para o sucesso num certame desta natureza. É esta singular interacção social que a Câmara tão competentemente promove e consegue.
Se o Senhor do Padrão ganhar, Matosinhos já tem um hino de vitória. Foi apresentado e ensaiado pelo primeira vez na última reunião entre a Câmara Municipal, a Junta de Freguesia, o Porto de Leixões, o IGESPAR, a paróquia e o próprio Jesus Cristo, que desceu à Terra com o celestial lamiré. É um hino sem letra, apenas assobiado, e para o lado, inspirado na música da canção "No pasa nada".
Só um grande azar e um pequeno pormenor nos podem roubar o título que todos nós, matosinhenses, desejamos e merecemos. O azar é incontrolável e o pormenor é o simples facto de o Senhor do Padrão, Monumento Nacional, ainda estar de pé. Pelo menos estava há coisa de cinco minutos. Mas isso também se resolve. Podíamos até combinar para uma destas noites. Alguém tem uma retroescavadora em casa?
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sábado, 24 de março de 2012
Os espreitas do Parque
Os espreitas do Parque são uma espécie de tertúlia de alarves que às vezes acomoda também, em amena cavaqueira e descontraída camaradagem, funcionários do próprio Parque, funcionários da empresa de segurança do Parque e até agentes da Polícia Municipal.
Mas as forças da autoridade têm uma desculpa. O miradouro está ali mesmo a pedi-las. É praticamente um forte, uma posição alcantilada de vigilância e defesa. E as forças da autoridade sempre gostaram disto. Desde o tempo dos romanos.
(Publiquei este texto no dia 1 de Agosto de 2011 e voltei ao assunto, com palpitantes novidades, no dia 22 de Setembro de 2011. Funcionários, vigilantes e polícias já por lá não param, mas os badalhocos de algibeira sim.)
sexta-feira, 23 de março de 2012
O valor dos feriados
Pequenos inconvenientes de uma greve geral
A greve correu muito bem. Se o Passos Coelho tivesse ficado em casa, ainda tinha corrido melhor. Mas é a vida. Foi emocionante. Grevou-se ali com grande pertinácia e depois a greve acabou. Acabou, mas eu, que sou de lágrima fácil, estava com uma vontade de mijar que já não era só vontade, era uma emergência nacional, e desatei a correr como um tolinho para o WC das escadinhas da Estação de São Bento, com a polícia de choque atrás de mim como se eu levasse um engenho explosivo na braguilha. Não levava. Estava apenas à rasca. À rasquíssima. E a retrete estava de portas fechadas. Por causa da greve.
Que se segue: eu bem não queria, mas tive que ir, com uma mão à frente e outra atrás, às casas de banho da estação propriamente dita. Às tais, às míticas. O que se passou lá dentro não interessa, apenas faço questão de garantir que saí de lá com a honra intacta. A polícia, entretanto, desinteressou-me de mim e passou a perseguir um casal de lavradores do Marco de Canaveses que tinha vindo a uma consulta, ela com a infelizmência de um xaile vermelho às costas e ele com um saco de plástico na mão, sotaque da terra e "cara de marroquino". Após a sova da ordem, as autoridades verteram nos autos que o perigoso saco continha um cartucho com 250 gramas de sementes de pepino, um toquinho de chouriço de colorau, meia sêmea, um taparuer com uma cebola da monda rachada em quatro e metida em sal grosso e vinagre tinto, uma garrafa de cerveja quase vazia de vinho e um canivete belga com seis centímetros de lâmina. Os suspeitos, um do sexo masculino e o outro não, foram detidos por posse de arma branca. Os peritos averiguam se o resto dava para fazer uma bomba.
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quinta-feira, 22 de março de 2012
No meio da estrada
Foto Hernâni Von Doellinger |
Mário Soares está preocupado com a situação a que o País chegou. O antigo Presidente da República diz que "há pessoas a passar muito mal", faz votos para que "quem detém o poder legitimamente [...] perceba que o que se está a passar com as populações é mais importante do que as dívidas e os interesses dos mercados", mas sobretudo recomenda que os trabalhadores, trabalhadores desempregados, reformados assaltados e outros espoliados não pisem o risco durante a greve geral de hoje, porque... é preciso respeitar quem manda.
O ex-campeão do "direito à indignação" quer agora portugueses mansos. Não no meio da ponte, mas no meio da estrada. À espera da pancada. Quem dera que não seja um camião.
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CPLP em debate
"Comunidade dos Países de Língua Portuguesa: Uma Aliança entre Nações. Uma Aliança meramente Económica e Comercial. Ou nem Uma nem Outra?" - este é o tema de mais uma sessão das Conversas Cruzadas, que a Tertúlia Crioula Portuense promove na próxima segunda-feira, dia 26, pelas 18h30, na Escola Profissional de Economia Social (n.º 598 da Rua da Alegria, Porto).
Serão oradores Domingos Simões Pereira, secretário executivo da CPLP, Fernando dos Santos Neves, reitor da Universidade Lusófona do Porto e presidente da Associação dos Cientistas Sociais do Espaço Lusófono, e o jornalista Orlando Castro.
quarta-feira, 21 de março de 2012
Fanecamente falando
Gosto delas fritas. Só com sal e passadas por farinha milha, à tasco, ou então mais à minha moda, tratadas também com pimenta e limão e depois envolvidas com farinha triga e ovo. Sem outros truques ou invenções. Há derivas que aceito e como, mas estão longe de me satisfazer. Insisto: a faneca só me enche as medidas quando na sua pureza original. Frita.
Uma vez há muitos anos, pela madrugada, deixei que me metessem num barco e fui à pesca da faneca com o grupo do Adélio Santos. Quer-se dizer: eles foram à pesca e eu fui vomitar uma noite de copos e sem passagem pela cama. Não sei se serviu de engodo, mas o certo é que aquilo era peixe até dar com um pau. Seríamos uns seis ou sete naquela companha de ocasião e toda a gente teve direito a um ou dois baldes cheios de fanecas e cavalas, até eu, que pelos vistos também tinha feito a minha parte e não sabia. Estava na idade da toléria e tão tolo era que desprezei então as cavalas, hoje em dia com lugar cativo na minha lista de pitéus.
Mas voltemos às fanecas. O meu amigo Lopes, que é tão fanequeiro como eu, diz, no seu mar de sabedoria, que "a faneca é um peixe muito honesto". E é. Em diversos sentidos e apesar de já ter andado por aí na boca da malandragem armada em carapau de corrida. A este respeito (ou a respeito da falta dele), torno a Fafe, à década de setenta do século vinte: quem é desse tempo e não se lembra de aproveitar a barafunda das quartas-feiras para passar por elas, pelas gajas, em Cima da Arcada, roçar-lhes o cotovelo pelas mamas como quem não quer a coisa, dizer-lhes entredentes "Ah, faneca!" e levar um estalo na cara que acabava logo ali com todos os tesões? Quem não se lembra, nem era homem nem era nada. Ou então sofre de Alzheimer e está desculpado.
O Lopes tem razão: a faneca é um peixe muito honesto. Depois, há fanecas mais honestas do que outras. Em minha casa, por exemplo, só entram fanecas do alvor, pescadas já dentro da manhãzinha, como daquela vez com o Adélio mas agora por mãos que sabem. Um luxo. Mordomia matosinhense. São fanecas do mar que eu vejo da minha varanda. Madrugo também, compro-as vivinhas da silva, ainda sem terem passado pelo castigo do gelo e isentas de outras burocracias normalizadoras e estragativas, amanho-as eu, eu é que sei. Não menos importante: comemo-las no próprio dia. Exactamente. Elas andam bem boas, mas é preciso saber dar-lhes as voltas.
terça-feira, 20 de março de 2012
Matosinhos não pára
Foto Hernâni Von Doellinger |
Desconheço em que língua está, porque o meu poliglotismo não chega a tanto, mas sei que quer dizer (só pode) "Bem-vindos a Matosinhos!". E que bem que ficou ali plantado nas portas da cidade, discreto e mesmo à beira da Anémona da Olá. Muitos parabéns.
segunda-feira, 19 de março de 2012
Comédia em dois actos e uma conclusão
1.º acto
Matosinhos. No supermercado. O casal, a rondar os 65 anos, estuda a prateleira dos vinhos. Ele, de cabelo preto obviamente pintado, escolhe uma garrafa e lê e explica à mulher o contra-rótulo, com o ar mais entendido do mundo. É aquela. Levam. Chegam à caixa e o homem assusta-se quando percebe que a garrafa custa 2,99 euros. "Mais um euro do que o preço antigo, não pode ser". Mas felizmente tinha percebido mal: são "apenas" 2,10 euros, explica-lhe a funcionária, "só subiu 11 cêntimos".
"Dá-me para seis refeições", diz o homem para a fila que tinha atrás, tentando justificar a fortuna que ali larga. Um cliente ainda mais velho aproveita a deixa. Tem para aí 70 anos e diz:
- Se me permite um conselho, e já que bebe tão pouco, então nunca compre garrafas de menos de três euros. Abaixo disso, é vinho feito a martelo...
- Pois se calhar. Mas cada um é que sabe da sua bolsa... - responde-lhe o do cabelo pintado.
2.º acto
Lisboa. Palácio de São Bento. Em sete meses, o Governo PSD/CDS alegadamente liderado por Pedro Passos Coelho nomeia e dá emprego a um total de 1.110 pessoas, tudo rapaziada amiga. Paralelamente, cria 45 grupos de trabalho, alguns já com relatórios apresentados, quase todos com propostas polémicas e que seguem directamente para o lixo.
Conclusão
Portugal. O português do rés-do-chão continua a viver acima das suas possibilidades, pedindo dinheiro ao banco para gastar em vinho que chega a custar mais de dois euros a garrafa. Faz bem Passos Coelho quando puxa as orelhas a este povo desgovernado. Faz bem e dá o exemplo de poupança, com a parcimónia no número de nomeações - e só para salários mínimos - e o critério na criação de comissões. Que afinal não servem para nada, mas ficam praticamente de graça ao País, uma vez que os especialistas convidados trabalham todos para aquecer. Isto é uma comédia.
Matosinhos. No supermercado. O casal, a rondar os 65 anos, estuda a prateleira dos vinhos. Ele, de cabelo preto obviamente pintado, escolhe uma garrafa e lê e explica à mulher o contra-rótulo, com o ar mais entendido do mundo. É aquela. Levam. Chegam à caixa e o homem assusta-se quando percebe que a garrafa custa 2,99 euros. "Mais um euro do que o preço antigo, não pode ser". Mas felizmente tinha percebido mal: são "apenas" 2,10 euros, explica-lhe a funcionária, "só subiu 11 cêntimos".
"Dá-me para seis refeições", diz o homem para a fila que tinha atrás, tentando justificar a fortuna que ali larga. Um cliente ainda mais velho aproveita a deixa. Tem para aí 70 anos e diz:
- Se me permite um conselho, e já que bebe tão pouco, então nunca compre garrafas de menos de três euros. Abaixo disso, é vinho feito a martelo...
- Pois se calhar. Mas cada um é que sabe da sua bolsa... - responde-lhe o do cabelo pintado.
2.º acto
Lisboa. Palácio de São Bento. Em sete meses, o Governo PSD/CDS alegadamente liderado por Pedro Passos Coelho nomeia e dá emprego a um total de 1.110 pessoas, tudo rapaziada amiga. Paralelamente, cria 45 grupos de trabalho, alguns já com relatórios apresentados, quase todos com propostas polémicas e que seguem directamente para o lixo.
Conclusão
Portugal. O português do rés-do-chão continua a viver acima das suas possibilidades, pedindo dinheiro ao banco para gastar em vinho que chega a custar mais de dois euros a garrafa. Faz bem Passos Coelho quando puxa as orelhas a este povo desgovernado. Faz bem e dá o exemplo de poupança, com a parcimónia no número de nomeações - e só para salários mínimos - e o critério na criação de comissões. Que afinal não servem para nada, mas ficam praticamente de graça ao País, uma vez que os especialistas convidados trabalham todos para aquecer. Isto é uma comédia.
Dia do pai
Que dirão os nossos filhos quando, daqui a uns anos, lhes perguntarem?
Talvez: "O meu pai? Lembro-me que era um desempregado que andava lá por casa. Era um tipo esquisito..."
Talvez: "O meu pai? Lembro-me que era um desempregado que andava lá por casa. Era um tipo esquisito..."
Guerra e fotos 3
Este evento esteve inicialmente marcado para o passado dia 26 de Janeiro.
A dissertação de Gaspar de Jesus tem como ponto de partida o notável trabalho de Arnaldo Rodrigues Garcez, conhecido como o primeiro fotógrafo de guerra português, que acompanhou a participação das tropas lusas na I Guerra Mundial e produziu um importante registo que só recentemente foi apresentado ao grande público.
Gaspar de Jesus, fotojornalista e professor de Fotografia, trabalhou em A Capital, O Primeiro de Janeiro, A Bola, TV Guia, Notícias Magazine e Autores. Artista premiado, realizou 16 exposições individuais e participou em inúmeras exposições colectivas, dentro e fora do País. Integra actualmente o quadro de formadores do IPF, no Porto. É co-autor dos livros "Portugal e o Ambiente", "Reencontros - Portugal em Fotografia", "Daqui Houve Nome Portugal", "21 Retratos do Porto para o Século XXI", "Porto Cidade com Alma" e "Porto sem Filtro". É autor do blogue Arte Fotográfica e promotor das tertúlias Com a Arte no Olhar.
sábado, 17 de março de 2012
Será do cu? Será das calças?
Foto GASPAR DE JESUS |
As III Jornadas Literárias de Fafe já entraram na sua segunda semana e eu ainda não vi nenhuma notícia sobre o assunto. Digo notícia e refiro-me aos chamados órgãos de comunicação social de expressão nacional. Nada. Nem uma, umazinha. Confesso que não me esforcei numa busca profissional, servi-me apenas da papinha feita do Google, e por isso admito que alguma coisa me possa ter escapado. Mas, se me escapou, era alguma coisa muito pequenina, sorrateiramente insultuosa para uma iniciativa cultural desta singularidade e dimensão.
Eu sei: faltam cabeças de cartaz, chamarizes. Uma Agustina, um Lobo Antunes, um José Rodrigues dos Santos, uma Cláudia Jacques, um Futre, uma Carolina Salgado ou um José Castelo Branco. Falha tanto mais grave numa terra que aqui atrasado perfilhou o cineasta portuense Manoel de Oliveira, ainda me hei-de rir quando (e se) conseguir perceber porquê.
Os chamados órgãos de comunicação social de expressão nacional estão-se borrifando para a cultura. Querem é "nomes". E, já agora, almoço. E jantar. E umas lembrançazinhas. E almoço. E jantar. A cultura assim já é uma coisa muito bonita e o jornalismo também. Por outro lado, os responsáveis pelas jornadas se calhar pensam que os textos generosamente adjectivados que publicam nos seus blogues mais ou menos pessoais são notícias e bastam. Pois permitam-me que, respeitosamente, lhes diga: não são notícias, nem bastam. São manifestos de alma em circuito fechado, brilharetes e não mais do que isso. Tal e qual como eu aqui no Tarrenego!
Portanto, que fique assente: não são notícias. E não bastam porque as Jornadas Literárias de Fafe merecem muito mais. Justificam tratamento jornalístico a sério, distanciado, rigoroso e substantivo, para que o País saiba, sem cunhas nem narizes-de-cera, que, a dois passos de Guimarães-Capital Europeia da Cultura e a três de Braga-Capital Europeia da Juventude, há uma cidade outra onde a cultura é feita pelo povo de mãos dadas, como, que eu saiba, não se faz em mais lado nenhum. E povo aos milhares.
Sabiam que as III Jornadas Literárias de Fafe arrancaram, no passado dia 9, com um espectáculo que envolveu 1.500 crianças e jovens do concelho, num recinto lotado com mais de 3.000 pessoas? Sabiam que, até dia 24, todos os dias a cultura acontece, com iniciativas diversas e participadas, de fazerem inveja aos mais pintados? Sabiam que amanhã - exactamente amanhã - é o ponto alto desta maratona de duas semanas, com a recriação da visita do rei D. Carlos a Fafe, numa muito aguardada reconstituição de época que contará com a participação de mais de 4.000 figurantes? Sabiam? Viram isto nas notícias?
Bem me parecia. Alguém está a precisar de levar umas bordoadas valentes, só não sei quem. Porque ainda não percebi se o defeito é do cu ou é das calças. Se a culpa é dos chamados órgãos de comunicação social de expressão nacional, que por natureza se borrifam, ou se a promoção da coisa não foi feita como devia.
sexta-feira, 16 de março de 2012
Olha a novidade!...
1. Santana Lopes disse ao semanário Expresso que admite candidatar-se a Presidente da República e que está a preparar um livro. Como o Costa, mas antes que o Costa se pisgue, não é?
2. O Governo considera que não há qualquer tipo de incompatibilidade no facto de António Borges acumular o cargo de administrador da Jerónimo Martins (dona do Pingo Doce) com a supervisão das privatizações. E não há, pois não?
3. Tudo normal. Tudo como já sabíamos.
2. O Governo considera que não há qualquer tipo de incompatibilidade no facto de António Borges acumular o cargo de administrador da Jerónimo Martins (dona do Pingo Doce) com a supervisão das privatizações. E não há, pois não?
3. Tudo normal. Tudo como já sabíamos.
Há um coelho no Parque
Foto Hernâni Von Doellinger |
Este é um documento histórico. Os coelhos estão de volta ao Parque da Cidade do Porto. Pelo menos um, e vou chamar-lhe Sebastião. D. Sebastião. Admito que o registo fotográfico até pode ser fatela e profissionalmente criticável, mas é preciso que se note que foi conseguido com risco da própria vida. Da minha, que me faz uma certa diferença e estou aqui que ainda tremo. Por outro lado, espero que seja devidamente valorizada a reserva deontológica com que apresento à ciência e ao mundo este inestimável instantâneo: D. Sebastião está de costas, não lhe mostro a cara; da maneira que as coisas andam, com a razia que por lá vai, expô-lo era assinar-lhe a certidão de óbito.
Não sei se Rui Rio leu a minha carta aberta ou se a Gulbenkian despachou o meu pedido. Não sei se o Sebastião é o último sobrevivente do coelhocídio perpetrado no Parque ou se é o primeiro de um repovoamento que se impunha. Fundamental é arranjar-lhe o mais rapidamente possível uma coelha. Como é do conhecimento geral, os coelhos são lixados para o truca-truca, levam tudo à frente. E, à falta de uma fêmea da mesma espécie, temo que o nosso Desejado, em dia de acrisolado tesão, acabe por acoplar-se, por exemplo, a uma cisna, que as há no Parque oferecidas e mais que as mães, e sabe-se lá que bicho sai dali depois.
A minha demanda está por ora terminada. Não procuro prémios (de todo merecidos, aliás), basta-me o consolo do dever cumprido. E agradeço que me chamem para a próxima arrozada.
quinta-feira, 15 de março de 2012
As marcas de Salazar
"Diz-lhes que não falarei nem que me matem". Este é o título da peça de teatro que a Capital Europeia da Cultura leva à cena, de hoje até sábado, e que conta a vida difícil de Carlos Costa, prisioneiro da ditadura fascista durante quinze anos, vítima de muitas torturas e companheiro de Álvaro Cunhal na célebre fuga do Forte de Peniche.
O JN anuncia que Carlos Costa, 84 anos, estará presente na sessão desta noite, no Centro para os Assuntos de Arte e Arquitectura, em Guimarães.Carlos Costa é fafense e eu sempre tive muito orgulho nisso. Conheci-o na minha juventude, logo a seguir ao 25 de Abril. Ele ia amiúde a Fafe, aos comícios do seu PCP, que costumavam ser no salão dos meus Bombeiros. Era o comunista famoso que nunca se esquecia de procurar o meu avô para lhe dar um grande abraço, que depois, por sorte e por ser tão grande, sobrava também para mim e me deixava emocionadíssimo, quase em lágrimas.
Por aquela altura eu já sabia o que tinham feito àquele homem. A ele e a outros da minha terra, uma vila do reviralho, um centro de luta antifascista com os seus próprios heróis e mártires. E hoje ainda não esqueci, também porque não quero esquecer. As marcas de Salazar são para manter vivas e bem vivas. Estas, as genuínas e verdadeiras. Por muito que custe e doa. E para incómodo dos sem-memória, dos sem-vergonha e outros contrafactores da História.
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quarta-feira, 14 de março de 2012
Matosinhos: o último a sair que feche a porta!
1. O Senhor do Padrão, "datado do século XVIII e conhecido também por Senhor do Espinheiro ou Senhor da Areia, assinala o local onde, segundo a lenda, apareceu a imagem do Bom Jesus de Bouças, mais tarde conhecida por Senhor de Matosinhos". Quer-se dizer: o Senhor de Matosinhos nasceu no Senhor do Padrão.
2. De acordo com a educativa e internética informação da Câmara Municipal, que estive e vou continuar a citar, o Senhor do Padrão era um "monumento de fortíssimo impacto visual até inícios do século XX, [...] sendo visível a muitos quilómetros de distância quer do lado da terra quer do lado do mar". Depois vieram o Narciso Miranda e Matosinhos Sul. E eu também.
3. A autarquia assegura que, não obstante estas três pragas dos tempos modernos, o Senhor do Padrão "continua a ser uma importante referência para a cidade e para a comunidade piscatória".
4. O sítio do Senhor do Padrão é uma das saídas da camonagem transatlântica que atraca em Leixões. E até tem uma paragem do Yellow Bus.
5. O Senhor do Padrão é o motivo dominante da heráldica da freguesia de Matosinhos.
6. O Senhor do Padrão está classificado como Monumento Nacional desde 1977 (Decreto-Lei n.º 129/77, de 29 de Setembro).
Isto à conclusão: o monumento do Senhor do Padrão, que vem do século XVIII e que nos regalou a boa-vai-ela da romaria do Senhor de Matosinhos, que tinha um "fortíssimo impacto visual" mas já não tem, que é uma "referência" da cidade e da comunidade piscatória, que dá as boas-vindas a turistas e a outros curiosos, que é uma das jóias da coroa patrimonial do concelho, que é a bandeira da freguesia, que pertence à Câmara, que pertence à Junta, que pertence ao Porto de Leixões, que pertence a todos os matosinhenses e ao País e que até pertence ao IGESPAR, está nesta triste figura:
2. De acordo com a educativa e internética informação da Câmara Municipal, que estive e vou continuar a citar, o Senhor do Padrão era um "monumento de fortíssimo impacto visual até inícios do século XX, [...] sendo visível a muitos quilómetros de distância quer do lado da terra quer do lado do mar". Depois vieram o Narciso Miranda e Matosinhos Sul. E eu também.
3. A autarquia assegura que, não obstante estas três pragas dos tempos modernos, o Senhor do Padrão "continua a ser uma importante referência para a cidade e para a comunidade piscatória".
4. O sítio do Senhor do Padrão é uma das saídas da camonagem transatlântica que atraca em Leixões. E até tem uma paragem do Yellow Bus.
5. O Senhor do Padrão é o motivo dominante da heráldica da freguesia de Matosinhos.
6. O Senhor do Padrão está classificado como Monumento Nacional desde 1977 (Decreto-Lei n.º 129/77, de 29 de Setembro).
Isto à conclusão: o monumento do Senhor do Padrão, que vem do século XVIII e que nos regalou a boa-vai-ela da romaria do Senhor de Matosinhos, que tinha um "fortíssimo impacto visual" mas já não tem, que é uma "referência" da cidade e da comunidade piscatória, que dá as boas-vindas a turistas e a outros curiosos, que é uma das jóias da coroa patrimonial do concelho, que é a bandeira da freguesia, que pertence à Câmara, que pertence à Junta, que pertence ao Porto de Leixões, que pertence a todos os matosinhenses e ao País e que até pertence ao IGESPAR, está nesta triste figura:
Foto Hernâni Von Doellinger |
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O cavalo de Pacheco Pereira
E que mais disse Pacheco? Que o ambiente propício ao surgimento de alguém dessa natureza "existe por todo o lado, na Internet, nos jornais, nos grafites" nas paredes. Que democracia e demagogia "são completamente diferentes, mas muito parecidas", pois "ambas têm uma forte presença daquilo a que podemos chamar opinião popular", com a segunda a recorrer muito aos meios que a Internet propicia. E que "essa possibilidade demagógica e populista virá pela televisão, por alguém que será simpático para um número significativo de pessoas e que fale a linguagem antipolítica".
Ora bem: Pacheco Pereira é uma das estrelas maiores da Internet indígena, é colaborador regular da imprensa escrita, tem um programa de televisão e participa noutro, é demagogo quanto baste e às vezes "antipolítico", há quem o ache simpático, tirou o curso do grafito no PCP (m-l)... quer-se dizer, o homem só podia estar a falar de si próprio. Estava a avisar-nos para o perigo que pensa que é. É ele o Sidónio. É ele o do cavalo - do cavalo de Tróia em que já anda metido há que tempos. Mas isto não é doentio?
terça-feira, 13 de março de 2012
Sexo, sim, mas com respeito
Euclides Santos, o comandante da Polícia Municipal de Coimbra que, no Natal, levou com um processo disciplinar por desejar a todos os funcionários da autarquia "relações sexuais incríveis", foi agora punido com a cessação da comissão de serviço e uma multa no valor correspondente a um dia de trabalho.
Pronto. Está reposto o "bom nome" da corporação e foi lavada a honra da Câmara Municipal de Coimbra, que era o que preocupava o presidente João Paulo Barbosa de Melo. A moral e os bons costumes prevaleceram, a cidade e o País vão dormir mais descansados. Sexo, sim, mas com respeito, amém.
Pronto. Está reposto o "bom nome" da corporação e foi lavada a honra da Câmara Municipal de Coimbra, que era o que preocupava o presidente João Paulo Barbosa de Melo. A moral e os bons costumes prevaleceram, a cidade e o País vão dormir mais descansados. Sexo, sim, mas com respeito, amém.
segunda-feira, 12 de março de 2012
Dito de outra forma
Marcelo Rebelo de Sousa e António Pires de Lima têm razão nas críticas. É, de facto, uma vergonha aquilo que Cavaco Silva anda a fazer ao Presidente da República. Assim o teria dito eu.
domingo, 11 de março de 2012
Seguro cala as más-línguas
António José Seguro faz hoje anos. E logo 50! É a resposta do líder do PS a quem o acusa de não fazer nada.
A revolta dos católicos
E foi mais ou menos assim que as Cruzadas começaram. E uns séculos mais tarde, mas ao contrário, foi mais ou menos assim que se deu a Reforma. Depois não digam que o JN não avisou.
Por outro lado, eu sei o que isto é. Percebo porque é que o JN não larga Viana do Castelo e a "religião", enquanto a coisa ainda está quente. (Um dos cemitérios onde o jornal esteve, e não por acaso, foi o de Vila de Punhe). E protesto aqui o meu mais profundo respeito pelos jornalistas que se expõem e sujam as unhas a esgravatar estas histórias. Os que os mandam e fazem títulos é que estão bem, no quentinho dos gabinetes a estrear, ou então na manicure.
sábado, 10 de março de 2012
sexta-feira, 9 de março de 2012
O trauliteiro do PSD
É oficial! O PSD já tem um trauliteiro de serviço. Chama-se Luís Menezes, 31 anos, é vice-presidente da bancada social-democrata no Parlamento e filho de Luís Filipe Menezes, ex-líder laranja, presidente da Câmara de Gaia e putativo candidato à Câmara do Porto. O Menezes mais novo é de fibra: foi ele quem, aqui atrasado e em nome do partido, chamou leviano ao Presidente da República. E ontem, na Assembleia da República, voltou a varejar sem dó nem piedade, mas desta vez em cima do lombo do PS, que acusou de andar a fazer "chafurdice política".
A Casa da Democracia, por onde já passaram especialistas da pancada da marca de um Jorge Coelho ou de um Augusto Santos Silva, tremeu mas não caiu, que se saiba. E é pena. Pelo menos enquanto durasse a operação de limpeza do chiqueiro (lavado a jacto de Água das Pedras, é claro!), iam todos foçar para outro lado.
A Casa da Democracia, por onde já passaram especialistas da pancada da marca de um Jorge Coelho ou de um Augusto Santos Silva, tremeu mas não caiu, que se saiba. E é pena. Pelo menos enquanto durasse a operação de limpeza do chiqueiro (lavado a jacto de Água das Pedras, é claro!), iam todos foçar para outro lado.
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E que tal Fafe?
As III Jornadas Literárias de Fafe arrancam hoje, no Pavilhão Multiusos, com um espectáculo de música, dança, canto e poesia, que pretende homenagear o Brasil de raiz portuguesa e envolve mais de 1.500 crianças e jovens do concelho. Seguem-se duas semanas de cultura a todo o vapor, cheias de iniciativas e pessoas. Fafe é um belo sítio onde ir por estes dias. E isto garanto eu: quem experimentar, depois não vai querer outra coisa.
quinta-feira, 8 de março de 2012
A bola, como uma mulher
Messi conhece como ninguém, a cada momento, o ponto G da jogada que ainda nem lhe chegou aos pés. Ele adivinha o sítio onde a bola o vai procurar. Recebe-a com um beijo, oferece-lhe flores, acaricia-a, leva-a a passear, e ela gosta, retribui os carinhos, abraça-se-lhe à chuteira num abraço só desfeito no exacto momento do remate. Digo mal! Mas qual remate? Messi não chuta, passa a bola à baliza e é golo. O pequeno Messi é um cavalheiro, um amante delicado e atencioso: trata a bola como ela merece. A bola, como uma mulher.
quarta-feira, 7 de março de 2012
Jornadas Literárias de Fafe
Recriações históricas, poesia de rua, cortejos, lançamento de livros, conferências, debates, tertúlias e encenações, música, dança, exposições,
documentários e até uma opereta preenchem o programa das III Jornadas Literárias de Fafe, que sobem à cena na próxima sexta-feira e se mantêm em palco até dia 24. Duas semanas de actividades culturais intensas, a envolverem milhares de pessoas, na cidade e nas freguesias.
"As palavras e o tempo" e "Fafe dos brasileiros" são os temas inspiradores da edição deste ano. A abertura oficial do evento está marcada já para a noite de depois de amanhã, às 21 horas, no Pavilhão Multiusos, com o espectáculo "A Volta das Caravelas": música, dança, canto e poesia em torno da cultura brasileira e pela arte e engenho da comunidade escolar concelhia.
O ponto alto das jornadas deverá ser, no entanto, a recriação da visita do rei D. Carlos a Fafe, que terá lugar na tarde de dia 18, domingo, na Praça 25 de Abril, numa muito aguardada reconstituição de época que contará com a participação de mais de 4.000 figurantes.
"As palavras e o tempo" e "Fafe dos brasileiros" são os temas inspiradores da edição deste ano. A abertura oficial do evento está marcada já para a noite de depois de amanhã, às 21 horas, no Pavilhão Multiusos, com o espectáculo "A Volta das Caravelas": música, dança, canto e poesia em torno da cultura brasileira e pela arte e engenho da comunidade escolar concelhia.
O ponto alto das jornadas deverá ser, no entanto, a recriação da visita do rei D. Carlos a Fafe, que terá lugar na tarde de dia 18, domingo, na Praça 25 de Abril, numa muito aguardada reconstituição de época que contará com a participação de mais de 4.000 figurantes.
terça-feira, 6 de março de 2012
O ministro melhor que zero
Armado em presidente de clube de futebol nas vésperas de se desfazer do treinador, Miguel Relvas resolveu dar um voto de confiança ao Álvaro da Economia, garantindo que o ministro que veio do Canadá não está "a prazo" no Governo. Seria realmente uma pena, convenhamos, se o País perdesse assim de repente um governante que, nas criteriosas e oportunas palavras de Relvas, "tem tido um desempenho muito significativo".
Miguel Relvas poderia ter dito que o trabalho de Álvaro Santos Pereira ao serviço da Nação tem sido bom, ou que tem sido excelente, ou que tem sido óptimo, ou que tem sido competente, ou que tem sido notável, ou que tem sido extraordinário. Estaria a mentir, mas era um elogio. Porém, Relvas escolheu a dedo a expressão "muito significativo", a qual, não querendo dizer absolutamente nada, pelo menos sugere que temos na Economia um ministro cujo desempenho vale mais que zero.
Miguel Relvas poderia ter dito que o trabalho de Álvaro Santos Pereira ao serviço da Nação tem sido bom, ou que tem sido excelente, ou que tem sido óptimo, ou que tem sido competente, ou que tem sido notável, ou que tem sido extraordinário. Estaria a mentir, mas era um elogio. Porém, Relvas escolheu a dedo a expressão "muito significativo", a qual, não querendo dizer absolutamente nada, pelo menos sugere que temos na Economia um ministro cujo desempenho vale mais que zero.
segunda-feira, 5 de março de 2012
É um perigo ter tanto cuidado
domingo, 4 de março de 2012
Adeus, Álvaro! Eras um gajo porreiro.
O Álvaro está de partida. É coisa de mais dia, menos dia. E o ainda ministro da Economia vai levar para o Canadá uma muito má imagem deste Portugal de que nem fazia ideia. Esperem pela pancada quando ele, de volta a casa, reassumir a pasta do Blogue, onde consta que, aí sim, é uma sumidade. Vamos ficar todos com as orelhas a arder!
O Álvaro é simpático e parece boa pessoa. Chegou como superministro, para mandar em tudo e em coisa nenhuma, formou uma superequipa paga com superordenados, inventou as supersextas-feiras em que visitava o País para anunciar supermedidas que nunca passaram sequer ao papel. Mas realmente nunca fez nada, nem super, nem normal. Porque ele não manda nada! Ficou-se pela propaganda, o que também não deve ter agradado ao Relvas, que é quem pode e manda, e certamente não gosta que lhe pisem o quintal.
O bom do Álvaro vai-se embora. Só está à espera de voo. Veremos quantos e quais quererão aproveitar a boleia.
O Álvaro é simpático e parece boa pessoa. Chegou como superministro, para mandar em tudo e em coisa nenhuma, formou uma superequipa paga com superordenados, inventou as supersextas-feiras em que visitava o País para anunciar supermedidas que nunca passaram sequer ao papel. Mas realmente nunca fez nada, nem super, nem normal. Porque ele não manda nada! Ficou-se pela propaganda, o que também não deve ter agradado ao Relvas, que é quem pode e manda, e certamente não gosta que lhe pisem o quintal.
O bom do Álvaro vai-se embora. Só está à espera de voo. Veremos quantos e quais quererão aproveitar a boleia.
Antena 1 - Suspensórios 2
1. A Antena 1 lá continua a seguir com olímpica indiferença os jogos do SC Braga, cada vez mais candidato ao título. Depois de outras desfeitas (a maior das quais na última segunda-feira, dia de dérbi minhoto), a rádio que devia ser nacional esqueceu-se, num sábado à tarde, do relato do encontro da Choupana, que acabou por colocar os arsenalistas no segundo lugar do campeonato, ombro a ombro com o Benfica de Lisboa. Estarei atento para tentar perceber da próxima vez que me vierem explicar que as transmissões de futebol fazem parte do tal "serviço público".
2. A derrota do Sporting em Setúbal (que teve naturalmente relato na Antena 1) não pode apoucar as mais-valias que Sá Pinto trouxe aos Leões e à liga. Faziam falta aquelas cotoveleiras no casaco oficial do treinador e os suspensórios são só classe. Sobretudo os suspensórios.
2. A derrota do Sporting em Setúbal (que teve naturalmente relato na Antena 1) não pode apoucar as mais-valias que Sá Pinto trouxe aos Leões e à liga. Faziam falta aquelas cotoveleiras no casaco oficial do treinador e os suspensórios são só classe. Sobretudo os suspensórios.
sábado, 3 de março de 2012
Já começou 4
Em duas semanas morrerem mais de seis mil pessoas em Portugal. Especialistas em saúde pública dizem que é muito, que é de mais. Dizem também que a crise económica e o aumento das taxas moderadoras estão a ajudar à matança. Nas lojas do cidadão e nas repartições de Finanças, os funcionários são cada vez mais agredidos, quase diariamente, por utentes desesperados e com falta de mira. O alvo é mais acima. E os portugueses compram armas como nunca. Este é cenário.
Porém.
Como se vivesse na Alemanha e viesse à terrinha largar um bitaite de vez em quando, Pedro Passos Coelho protagonizou o número de circo impossível: desafiando a morte (dos outros) mas com um sorriso nos lábios, o alegado primeiro-ministro de Portugal conseguiu, ao mesmo tempo e sem rede, assobiar para o lado e contar uma anedota. A anedota é: isto não está assim tão mal, todos podemos ir de férias este ano da nossa desgraça se fizermos "uma boa aplicação dos recursos" que temos. Bela piada. Dos "recursos", disse ele, o novo mestre do nonsense! Fui aos bolsos, tirei o cotão que se me enfiou nas unhas e ri para não chorar.
Porém.
Como se vivesse na Alemanha e viesse à terrinha largar um bitaite de vez em quando, Pedro Passos Coelho protagonizou o número de circo impossível: desafiando a morte (dos outros) mas com um sorriso nos lábios, o alegado primeiro-ministro de Portugal conseguiu, ao mesmo tempo e sem rede, assobiar para o lado e contar uma anedota. A anedota é: isto não está assim tão mal, todos podemos ir de férias este ano da nossa desgraça se fizermos "uma boa aplicação dos recursos" que temos. Bela piada. Dos "recursos", disse ele, o novo mestre do nonsense! Fui aos bolsos, tirei o cotão que se me enfiou nas unhas e ri para não chorar.
Ciganos
Sou um bocado cigano. Sempre que posso, recuso-me a entrar em estabelecimentos que têm um sapo à porta.
quinta-feira, 1 de março de 2012
Adélio Santos
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