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sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Mobilidade, é uma forma de dizer

"Atenção, Braga. Semana Europeia da Mobilidade vai condicionar trânsito", avisa o jornal O Minho, em título estrondoso. E explica, logo a seguir: "A Câmara de Braga informou, esta sexta-feira, que devido à realização da Semana Europeia da Mobilidade 2025, várias ruas vão estar condicionadas ao trânsito automóvel."
Eu, palavra de honra, era capaz de jurar que há qualquer coisa aqui que não bate certo, encrencar o trânsito para promover a "mobilidade", mas os doutores da Câmara decerto é que sabem...

sábado, 24 de maio de 2025

Parque natural

Era um parque natural. Um excelente parque natural, diga-se em abono da verdade. Descampado, chão de terra, pedra e erva, e nem precisou de obras. Cabiam ali, bem à vontade, para cima de cem carros...

P.S. - Hoje é Dia Europeu dos Parques Naturais.

sexta-feira, 16 de maio de 2025

quinta-feira, 6 de março de 2025

O campeão

Na EN 13, subindo em direcção a Vila Nova de Cerveira, avança uma longa fila de carros, mais de vinte, e quem diz vinte, diz trinta ou quarenta. Lá à frente, em primeiro, um velho papa-reformas, sem dar hipóteses à concorrência. E ainda dizem que estes carrinhos não andam nada...

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

O antipasseios

Foto Hernâni Von Doellinger

Não sei o que lhe aconteceu em pequeno, mas este senhor já de uma certa idade tem qualquer coisa contra os passeios. Todos os passeios. Estreitos ou largos, em empedrado, cimento, betão hidráulico, aglomerado asfáltico, lajedo ou calçada portuguesa, despreza-os, evita-os, foge-lhes, como o diabo foge da cruz. Anda sempre pela estrada, sempre, e se houver carros estacionados, vai-lhes rente, lado de fora, quase pelo meio da rua. Há anos que o conheço assim, sem o conhecer de lado nenhum. Assim exactamente, ele lá terá as suas razões. Desce, parece-me, a Circunvalação, pela estrada, vira para Matosinhos na Anémona, pela estrada, e vai pela estrada à beira-mar suponho que até à lota, sempre a bom ritmo, quem mo dera a mim, fazendo decerto mais tarde o caminho inverso, obviamente pela estrada e talvez com peixe fresco.
Também não sei que distúrbio será este, se é que é um distúrbio e consta do catálogo - passeiofobia, às tantas -, sei é que as coisas passam-se invariavelmente assim, logo pela manhã, dia após dia, ano após ano, e o saco plástico também faz parte.

Foto Hernâni Von Doellinger

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Aproveite para namorar...

Antena 1, a nossa rádio pública, pouco depois das 21h15 de um Dia de São Valentim, Dia dos Namorados, que por acaso é outra vez amanhã. O locutor, voz excelentíssima, põe ao lume os chouriços do costume, prepara a entrada de Sérgio Godinho mas escorrega na burilada bucha de ligação. "Se vai na estrada, conduza com cuidado. Olhe, aproveite para namorar!..." - diz ele. E realmente. Se conduzir, namore! Há lá melhor maneira de morrer num acidente de viação...

P.S. - Hoje é Dia Mundial da Rádio.

sábado, 4 de janeiro de 2025

Português, taxista, 86 anos de idade

Foto Ivo Borges / O Minho

A notícia é de ontem, do jornal O Minho, e vendo-a pelo preço que a comprei:
"Um táxi desgovernado embateu numa carrinha, derrubou placas de sinalização, postes e iluminações de Natal e ainda embateu num edifício, na rua Dr. José Sampaio, em Guimarães, ao início da tarde desta sexta-feira.
Ao que O MINHO apurou no local, o taxista tem 86 anos, sendo um dos profissionais mais antigos na cidade. Terá tido um acidente na semana passada e trocou de carro. Por ainda não estar habituado à viatura ter-se-á atrapalhado com os pedais, acabando por levar tudo à frente.
O octogenário terá sofrido um ferimento ligeiro e recusou transporte ao hospital.
O acidente causou grande aparato no cidade.
A PSP registou a ocorrência."
Quer-se dizer: Portugal, século XXI, alguém a precisar ou a fazer questão de trabalhar aos 86 anos? E, ainda por cima, como taxista? E pode? E deixam? E é apenas "um dos profissionais mais antigos na cidade"? Há  mais, e mais antigos? Palavra de honra? Não me venham dizer que este país não é para velhos. E os novos, que fujam! Da frente...

segunda-feira, 19 de agosto de 2024

Coração de ouro

Tinha um coração de ouro. Pô-lo no prego e comprou um carro em segunda mão.

P.S. - A notícia da corrida ao ouro na Califórnia foi dada para a Costa Leste dos Estados Unidos no dia 19 de Agosto de 1848. Saiu no jornal New York Herald. Na verdade, a corrida tinha começado em Janeiro.

sábado, 22 de julho de 2023

Limite de velocidade para peões

Foto Hernâni Von Doellinger

Eu evidentemente abrandei. Sou um peão encartado, respeitador, consciencioso e defensivo. Não ando aí pelos passeios armado em fângio, como certos e determinados...

sexta-feira, 2 de junho de 2023

Uma questão de nível

Foto Hernâni Von Doellinger

Há passagens de nível. E outras sem categoria nenhuma...

P.S. - Hoje é Dia Internacional para a Segurança em Passagens de Nível.

sexta-feira, 5 de maio de 2023

As cadeiras de rodas e o código da estrada

Vai por aí uma alarido desgraçado por causa do homem que foi filmado a circular numa cadeira de rodas na Nacional 13, perto de Vila do Conde. Como se fosse uma novidade, como se estivesse ali mais uma daquelas extraordinarices inventadas pelo Correio da Manhã, que evidentemente tomou conta da ocorrência. Pois estão todos enganados: eu já falo aqui deste assunto pelo menos desde Novembro de 2011, e levei-o também ao meu Fafismos, acrescentado e livremente adaptado, há cerca de meio ano. Se não se lembram, eu repito. Até porque hoje é Dia Mundial do Trânsito e da Cortesia ao Volante, e vem a propósito. E era assim:

Há um novo perigo nas estradas portuguesas, e não falo de trotinetas. Há uma novo perigo nas estradas e são as cadeiras de rodas. Cadeiras de rodas eléctricas. As cadeiras. As cadeiras é que são eléctricas, as rodas não, são rodas normais, mas parece-me mal dizer cadeiras eléctricas de rodas, que é o que elas são realmente. Então, elas andam aí, são cada vez mais e cada vez mais metediças. Ainda no outro dia me apareceu uma disparada a atravessar, vamos um supor, a EN 206, em Arões, após a saída de Paçô Vieira, e só não acabou em desastre porque um de nós travou a tempo e não foi o condutor da cadeira. Cujo, aliás, agradeceu a sorte com um enorme sorriso (vá lá!) e não tinha capacete nem piscas.
As novas máquinas do asfalto alcançam a furiosa velocidade de 12 km/hora, o que não é brincadeira nenhuma para atravessar uma estrada nacional, fora de passadeira e saídas do nada. Ainda por cima está na moda o tuning, que transforma algumas delas em verdadeiras bombas, como a daquele brasileiro que uma vez foi apanhado pela polícia a mais de 60km/hora, depois de ter artilhado a sua cadeira de rodas com um motor de motorizada.
Creio que se impõe uma análise série e aprofundada ao fenómeno, em sede de. Sim, em sede de. Convoquem-se então os rapazes e eles que ajeitem uma comissão governamental e multidisciplinar com amplos poderes para remodelar o Código da Estrada, alterando, nomeadamente, a legislação referente às escolas de condução e introduzindo a especialidade de cadeiras de rodas. A sinalética de trânsito vigente terá de ser também revista e actualizada, não sendo de desprezar a possibilidade de implementar corredores específicos para cadeiras de rodas na rede de auto-estradas nacional. Com isenção de pagamento de portagens, evidentemente.

quinta-feira, 5 de maio de 2022

O falecimento por um triz

Vamos supor que era a Grand Central Terminal de Nova Iorque e estávamos no quentinho do cinema. Mas na verdade estávamos em Vila do Conde à chuva e era um tanque público no quarteirão da Santa Casa da Misericórdia. Eu passando. Um carrinho de bebé sem condutor sai lentamente do lavadouro, primeiro em câmara lenta como nos filmes e depois, rapidamente embalado pela força da realidade, adeus passeio, vou para a estrada da morte que se faz tarde. Ia. Naquele momento exacto sinto o primeiro e único impulso de heroísmo de toda a minha vida, voo para o carrinho a pensar na CMTV, na TVI, no YouTube, em Marcelo Rebelo de Sousa, na medalha do 10 de Junho, na reforma vitalícia (pensa-se em muita merda numa fracção de segundos), rezo a Nosso Senhor e a Nossa Senhora e a Santiago de Compostela, meu padrinho e protector, falta-me o ar de repente, é o coração que me entope cobardemente a garganta, as pernas tremem-me como varas verdes mas desta vez não falham, voo para o carrinho e agarro-o já no milagroso resvés com um Toyota Yaris que passa nas horas e me enche de nomes, mas é o menos. Graças a Deus. Respiro. A mãe grita, de mãos espetadas na cabeça desgrenhada, Ai o carrinho!, e o pai berra Olha o carrinho!, e dá mais uma puxa no paivante.
O carrinho?, interpelo eu e repito, mais fodido do que outra coisa, O carrinho? E a criança, caralho?, A criança?, as palavras saem-me aos soluços e eu preciso de uma cadeira para morrer ali sentado. Mas qual criança?, dizem-me os dois, com caras combinadas de quem me manda à merda com a senha número um e portanto sem direito a cadeira, Qual criança?, e riem-se afinadíssimos da minha agonia. Tinham praticamente razão: olhei para o carrinho que mantinha nas minhas mãos cerradas e aflitas, o bebé eram quatro passadeiras lavadas, enroladas e ainda pingantes - as quatro filhas da puta pelas quais eu só não faleci prematuramente porque sou um gajo cheio de sorte.

Nota final. A famosa cena do carrinho de bebé descendo a escadaria, com a criança dentro, no meio do tiroteio, em "Os Intocáveis", de 1987, já tinha sido vista em "O Couraçado Potemkine", de 1925, obra maior de Sergei Eisenstein.

P.S. - Publicado originalmente no dia 16 de Janeiro de 2014.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

A pegada

Deixou de andar a pé e passou a andar de carro. Para diminuir a pegada.

P.S. - Hoje, 22 de Dezembro, é Dia da Consciência Ecológica. No Brasil.

sábado, 20 de novembro de 2021

O meu couraçado potemkine

Vamos supor que era a Grand Central Terminal de Nova Iorque e estávamos no quentinho do cinema. Mas na verdade estávamos em Vila do Conde à chuva e era um tanque público no quarteirão da Santa Casa da Misericórdia. Eu passando. Um carrinho de bebé sem condutor sai lentamente do lavadouro, primeiro em câmara lenta como nos filmes e depois, rapidamente embalado pela força da realidade, adeus passeio, vou para a estrada da morte que se faz tarde. Ia. Naquele momento exacto sinto o primeiro e único impulso de heroísmo de toda a minha vida, voo para o carrinho a pensar na CMTV, na TVI, no YouTube, em Marcelo Rebelo de Sousa, na medalha do 10 de Junho, na reforma vitalícia (pensa-se em muita merda numa fracção de segundos), rezo a Nosso Senhor e a Nossa Senhora e a Santiago, meu padrinho e protector, falta-me o ar de repente, é o coração que me entope cobardemente a garganta, as pernas tremem-me como varas verdes mas desta vez não falham, voo para o carrinho e agarro-o já no milagroso resvés com um Toyota Yaris que passa nas horas e me enche de nomes, mas é o menos. Graças a Deus. Respiro. A mãe grita, de mãos espetadas na cabeça desgrenhada, Ai o carrinho!, e o pai berra Olha o carrinho!, e dá mais uma puxa no paivante.
O carrinho?, interpelo eu e repito, mais fodido do que outra coisa, O carrinho? E a criança, caralho?, A criança?, as palavras saem-me aos soluços e eu preciso de uma cadeira para morrer ali sentado. Mas qual criança?, dizem-me os dois, com caras combinadas de quem me manda à merda com a senha número um e portanto sem direito a cadeira, Qual criança?, e riem-se afinadíssimos da minha agonia. Tinham praticamente razão: olhei para o carrinho que mantinha nas minhas mãos cerradas e aflitas, o bebé eram quatro passadeiras lavadas, enroladas e ainda pingantes - as quatro filhas da puta pelas quais eu só não faleci prematuramente porque sou um gajo cheio de sorte.

Nota final. A famosa cena do carrinho de bebé descendo a escadaria, com a criança dentro, no meio do tiroteio, em "Os Intocáveis", de 1987, já tinha sido vista em "O Couraçado Potemkine", de 1925, obra maior de Sergei Eisenstein.

P.S. - Publicado originalmente no dia 16 de Janeiro de 2014. Hoje, 1 de Junho, é Dia Internacional dos Direitos das Crianças.