quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Já começou

Um grupo indeterminado de pessoas atacou ontem o balcão da Segurança Social na Loja do Cidadão da Torre das Antas, no Porto. Não foi um assalto. Eram utentes, estavam revoltados com o atendimento naquele serviço e destruíram a pontapé uma divisória em vidro. O Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Norte garante que este não é um caso isolado e está preocupado com a segurança dos funcionários daqueles serviços. Na verdade, as ameaças de agressões a trabalhadores com, por exemplo, canadianas e guarda-chuvas são já o pão nosso de cada dia, havendo mesmo situações em que os clientes tentaram saltar o balcão para ajustar contas com os funcionários.
Ontem também, mas em Queluz, uma dezena de pessoas, quase todas idosas, forçou a entrada no centro de saúde, levando o segurança à frente, em protesto contra a falta de médicos de família no concelho.
São os primeiros sinais do que se adivinhava. O povo não aguenta, vai rebentar. Foi previsto aqui, no Tarrenego!, e decerto as mentes dos mentecaptos que nos desgraçam a partir de Lisboa também já lá tinham chegado. Mas isto ainda não é nada. Apenas começou. Vai piorar e muito.
O desemprego, os cortes nos salários e nas reformas, a fome, a doença sem assistência, a falência, o despejo, o desprezo, a desesperança são sementes de ódio e insensatez que este Governo anda por aí a semear como se não fosse nada com ele. Diz apenas, o Governo mandado, que está a acabar um serviço que outros começaram.
Rico serviço. O serviço de nos tornar a todos pobres, para "salvar o País". País que, hoje em dia, quer dizer Eduardo Catroga, Celeste Cardona, Braga de Macedo ou Manuel Frexes, como antes queria dizer Armando Vara ou José Penedos.
O povo não pode mais e vai rebentar na rua, isso é certo. Conviria é que afinasse a pontaria. Porque ontem, no Porto e em Queluz, a ira popular errou no alvo. Porque os funcionários públicos (nas lojas do cidadão, nos centros de saúde, nos hospitais, nas câmaras ou nas juntas de freguesia) não fazem leis - cumprem-nas. Estamos todos no mesmo barco, que se afunda em alto mar. Que não seja um simples balcão a separar-nos. Os funcionários públicos também são vítimas das mesmas políticas paridas da barriga de aluguer que é o Governo Relvas-Passos-Portas e que nos desgraçam a vida. Pior: esta troika de trazer por casa, ao mesmo tempo que nos empobrece a todos, vai cinicamente retirando à Segurança Social os poucos meios de que ela ainda dispunha para nos acudir. É o serviço completo. É a completa filhadaputice.

2 comentários:

  1. Às vezes digo-o em tom de brincadeira, mas acho que, mais dia menos dia, vai mesmo acontecer -
    Está a chegar o dia em que vou ver alguém matar por causa de um pão com manteiga! Isto está bonito, está. Muito bonito!
    Abraço,
    P.

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    1. Uma merda, caro P., uma merda! Obrigado pela visita e pelo comentário. Grande abraço.

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