segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Ó Lello, não me fodas

O deputado socialista José Lello escondeu ao Tribunal Constitucional, durante 14 anos, uma conta de 658 mil euros. Depois de ter sido apanhado pelo jornal Correio da Manhã, Lello, que é um assumido piadista, defendeu-se dizendo que... não conhecia bem a lei e não sabia o que tinha de declarar.
José Manuel Lello Ribeiro de Almeida, 67 anos, engenheiro de formação, gestor de empresas nas horas vagas, é deputado da Nação, sem interrupções, desde 1983. Portanto, há 29 (vinte e nove) anos. Foi ou é, isso para o caso agora não interessa, ministro da Juventude e Desporto, secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, vice-presidente do grupo parlamentar do PS, presidente do Conselho de Administração da Assembleia da República, presidente da Assembleia Parlamentar da NATO, vice-presidente da Assembleia do Atlântico Norte, vice-presidente da Comissão Parlamentar de Defesa Nacional, secretário nacional do PS, vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Árabe-Portuguesa, membro das comissões Política e Nacional do PS, membro da Assembleia Municipal do Porto, administrador da Philips Portuguesa SA e da Cobetar SA, entre outras empresas, e presidente do Conselho Fiscal da Nacional Gás SA, mas não só.
Esta longeva, multifacetada e distinta carreira de homem de Estado e legislador (sim, legislador, não é anedota, é assim que eles lá na Assembleia se chamam uns aos outros, isso e "ó doutor") só podia redundar numa bem fornecida e justificada lista de condecorações e louvores, nacionais e internacionais, como passo a enumerar: Grã Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (Portugal), Grã Cruz da Ordem de Honra (Grécia), Grã Cruz da Ordem do Rio Branco (Brasil), Grã Cruz do Cruzeiro do Sul (Brasil), Grã Cruz da Ordem de Leopoldo II (Bélgica), Grã Cruz da Ordem de Mérito (R.F.A.), Grã Cruz da Ordem do Mérito Civil (Espanha), Grande Colar da Ordem do Libertador (Venezuela), Aguilla Azteca - Grau Banda (México), Grande Colar da Ordem Wissan Alavita e Oficial da Ordem Wissan Alavita (Marrocos), Grande Oficial do Mérito (França), Grande Oficial da Ordem do Mérito (Luxemburgo). E tudo isto leva o nosso José Lello ao peito inchado, para além da carteira.
Só digo o seguinte: se um cavalheiro com esta folha de serviço e este reconhecimento a nível praticamente mundial tem a distinta lata de nos vir dizer que não declarou ao Tribunal Constitucional uma conta milionária porque não conhecia a lei, como é que alguém em Portugal pode ser condenado ou sequer criticado por se baldar ao Fisco?
E mais o seguinte: ó Lello, não me fodas.

7 comentários:

  1. Esta é a típica resposta de quem é apanhado na curva, porém, deste suposto "piadista", esperava-se muito mais como argumento sobre o "esquecimento".
    Sobre esta personagem "caricata", já tinha opinião formada há muitos e muitos anos, por conseguinte, esta notícia só vem reforçar aquilo que já pensava sobre esta "besta".

    Contudo, convém realçar, que o problema dos "esquecimentos" em se declarar estas "pequenas" fortunas é generalizado entre os pseudo-legisladores (cambada de vigaristas, isso sim!!).

    O "polvo" é muito grande e isto já não vai ao sítio com "pancadinhas nas costas". Para grandes males, grandes remédios!

    Desejo que os "grandes remédios" apareçam muito em breve, isto se me faço entender!

    António Teixeira

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Caro António Teixeira,
      Muito obrigado pela visita e pelo comentário. Volte sempre!

      Eliminar
  2. Alem desta " boa folha de serviço " este Sr. tambem não foi o presidente do conselho fiscal do Boavista F.C. nos tempos aureos. Alias ate nem reparou nas malandrices do Sr. Loureiro perante as Finanças?
    Abraço Miguel

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Também tem essa medalha, tem!
      Obrigado, caro Miguel, pela visita e pelo comentário.

      Eliminar
  3. Mais um que eu gostava que explicasse a origem de tanto dinheiro. Mesmo trabalhando em tantos sítios e exercendo tantos cargos, de salários não é, de certeza. Se fosse, tinha sido declarado (e tributado) como rendimento, logo não era necessário tê-lo escondido.
    São todos iguais, se Nane. Infelizmente, há tantos Lellos por aí. Basta ver, por exemplo, o património de alguns presidentes e ex-presidentes de câmara. É tudo fruto de um "árduo trabalho" à frente da comunidade.
    Grande abraço,
    P.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Caro P.,
      Obrigado pela visita e pelo comentário. Grande abraço,
      h.

      Eliminar
  4. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

    ResponderEliminar