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sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Não, não é o único

Foto Tarrenego!

Não. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa, não é o único a esconder os crimes de pedofilia perpetrados no interior na Igreja. Não. Todos os bispos portugueses sabem de casos, recentes ou antigos, e a maioria do clero subalterno também. Mas fazem-se de virgens, encobrem-se uns aos outros, funcionam em cartel. Omitem, calam. E quando falam desfalam. Fazem números de circo com as palavras. Ou mentem. Mentem muito.
E isso revolta-me. Revolta-me tanto!
Tanto, que em 2018, mais ou menos por esta altura do ano, não consegui conter a minha indignação após nova ronda de declarações avulsas e falsas sobre o assunto, creio que por parte da Conferência Episcopal, e, em desespero de causa, cedi à ingenuidade momentânea de enviar um email a um bispo amigo a quem eu devotava o maior respeito e admiração. Era um apelo.

"Caro [...],
Perdoe-me o atrevimento. Em nome da nossa amizade antiga, infelizmente breve, porém limpa, quero fazer-lhe um pedido urgente:
Por favor, não deixe que os seus colegas bispos digam que não têm denúncias sobre casos de pedofilia. Têm. Têm. E o jogo semântico da afirmação hipócrita é de uma habilidade patética e criminosa. Os bispos não precisam de denúncias, os bispos sabem. Sabem. Sabem.
Caro [...],
Rogo-lhe: diga, faça alguma coisa. Em nome das vítimas e dos que, como eu, e eu sou o menos, ainda esperam uma igreja justa, misericordiosa, amparo dos pobres e fracos. Seja, por favor, a voz do Papa em português, já que os seus colegas bispos fazem questão de desperceber o que ele diz."

Convenientemente de férias, o bispo amigo teve, ainda assim, a amabilidade de responder-me.

"Do Algarve, apenas te diria que teria muito gosto em falar contigo. Não tenho problemas em abordar qualquer assunto. Aparece ou diz-me onde te poderei encontrar para conversarmos."

Estão a ver? Percebem o que eu quero dizer quando falo em hipocrisia? Eu não precisava de encontrar-me com o bispo nem gosto que me mandem calar. E conversarmos o quê? Eu não fui vítima de pedofilia ou de qualquer outro abuso sexual, felizmente não careço desse exorcismo. Eu, na minha boa intenção, só pedi ao bispo que fizesse ouvir a sua influente voz, que chamasse os seus colegas bispos ao bom caminho. Enfim, eu só implorei ao meu amigo bispo que ele revelasse o que eu sei que ele sabe. Mas quanto a isso, nem um pio...

P.S. - A propósito das notícias do Expresso de hoje, repito o texto que publiquei no passado dia 29 de Julho. Mais sobre o assunto, aqui.

sexta-feira, 29 de julho de 2022

Não, não é o único

Não. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa, não é o único a esconder os crimes de pedofilia perpetrados no interior na Igreja. Não. Todos os bispos portugueses sabem de casos, recentes ou antigos, e a maioria do clero subalterno também. Mas fazem-se de virgens, encobrem-se uns aos outros, funcionam em cartel. Omitem, calam. E quando falam desfalam. Fazem números de circo com as palavras. Ou mentem. Mentem muito.
E isso revolta-me. Revolta-me tanto!
Tanto, que em 2018, mais ou menos por esta altura do ano, não consegui conter a minha indignação após nova ronda de declarações avulsas e falsas sobre o assunto, creio que por parte da Conferência Episcopal, e, em desespero de causa, cedi à ingenuidade momentânea de enviar um email a um bispo amigo a quem eu devotava o maior respeito e admiração. Era um apelo.

"Caro [...],
Perdoe-me o atrevimento. Em nome da nossa amizade antiga, infelizmente breve, porém limpa, quero fazer-lhe um pedido urgente:
Por favor, não deixe que os seus colegas bispos digam que não têm denúncias sobre casos de pedofilia. Têm. Têm. E o jogo semântico da afirmação hipócrita é de uma habilidade patética e criminosa. Os bispos não precisam de denúncias, os bispos sabem. Sabem. Sabem.
Caro [...],
Rogo-lhe: diga, faça alguma coisa. Em nome das vítimas e dos que, como eu, e eu sou o menos, ainda esperam uma igreja justa, misericordiosa, amparo dos pobres e fracos. Seja, por favor, a voz do Papa em português, já que os seus colegas bispos fazem questão de desperceber o que ele diz."

Convenientemente de férias, o bispo amigo teve, ainda assim, a amabilidade de responder-me.

"Do Algarve, apenas te diria que teria muito gosto em falar contigo. Não tenho problemas em abordar qualquer assunto. Aparece ou diz-me onde te poderei encontrar para conversarmos."

Estão a ver? Percebem o que eu quero dizer quando falo em hipocrisia? Eu não precisava de encontrar-me com o bispo nem gosto que me mandem calar. E conversarmos o quê? Eu não fui vítima de pedofilia ou de qualquer outro abuso sexual, felizmente não careço desse exorcismo. Eu, na minha boa intenção, só pedi ao bispo que fizesse ouvir a sua influente voz, que chamasse os seus colegas bispos ao bom caminho. Enfim, eu só implorei ao meu amigo bispo que ele revelasse o que eu sei que ele sabe. Mas quanto a isso, nem um pio...

P.S. - Mais sobre o assunto, na síntese de textos abaixo.

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

O cardeal inspector

No dia 20 de Agosto de 1912, faz hoje cento e oito anos praticamente redondos, rezam as efemérides oficiais que o Papa nomeou "inspectore" o cardeal patriarca de Lisboa. Pelas minhas contas, e cuidado que eu não sou de fiar, o papa era Pio X e o cardeal patriarca era D. António I, aliás António Mendes Bello assim com dois éles. Leio no sítio da Fundação Mário Soares que, com esta medida, o Vaticano quis demonstrar que o Governo português cumpria com as obrigações da Concordata, não obstante a sua política anticlerical. Isto até pode estar tudo muito bem, e eu não acredito que esteja, mas incomoda-me como furúnculo nadegueiro que o nosso cardeal patriarca tenha sido promovido a inspector. A sério (à séria, se lido em Lisboa), inspector?! O cão Max, vá que não vá... o cardeal é que não! Como católico inteiro, posto que não consumidor, este é um velho desgosto que trago há que anos ferrado aqui dentro, in pectore.

sábado, 13 de outubro de 2012

O que é que o patriarca tem contra as procissões?

José da Cruz Policarpo disse ontem, em Fátima, que a democracia na rua corrompe a "harmonia democrática". Fala bem o cardeal patriarca de Lisboa: o povo merece e tem direito a um lugar digno para exercer o poder, mas, enquanto não chega a São Bento, que mal é que tem a rua? Que mal é que têm as manifestações de fé numa vida melhor? Que mal é que tem a revolução?
Foi na rua que o revolucionário Jesus Cristo afrontou os poderosos e a "harmonia" do Seu tempo, em nome e para salvação dos pobres e oprimidos de todos os tempos. Foi na rua que Jesus fez o Sermão da Montanha, como o próprio nome indica, e nos deu as Bem-Aventuranças e nos ensinou o Pai-Nosso e o perdão. Foi na rua que o Senhor nos mandou sair à rua: Pedi e dar-se-vos-á; procurai e encontrareis; batei e abrir-se-vos-á. Pois, quem pede recebe; e quem procura encontra; e ao que bate abrir-se-á. Qual de vós, se o seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir peixe, lhe dará uma serpente? (Mateus, 7:7-10). Foi na rua que o Filho do Homem curou cegos, coxos, paralíticos e leprosos, confraternizou com "pecadores" e tocou os corações. Foi na rua que Lhe cantaram hossanas e O vilipendiaram até à morte. Na rua. O radical JC era um grande fã das actividades ao ar livre. E, a partir de cinco papos-secos e dois carapaus, até foi Ele o inventor do piquenicão. Truque de nada: dar de comer a quem tem fome.
Mas falou bem o cardeal patriarca de Lisboa. Em Fátima - onde preside à manifestação do 13 de Outubro. Ao menos ficou definitivamente assente de que lado é que ele está. Era portanto isto o que, neste momento, Sua Eminência tinha a dizer aos pobres de Cristo em Portugal: para casa, suas bestas!

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Os nossos bispos, a pedofilia e a hipocrisia deles

José Policarpo, cardeal patriarca de Lisboa, garantia em Dezembro do ano passado, meia dúzia de dias antes do Natal, que não conhecia casos de pedofilia na Igreja portuguesa. Mas também dizia que o melhor era não "deitar foguetes antes da festa, porque um caso pode sempre aparecer". Pois pode e é preciso ter cuidado. Não faltam por aí manetas, por eles, os foguetes, lhes terem rebentado nas mãos - avisei eu.
Ontem, José Policarpo anunciou que os bispos portugueses querem que as vítimas de abusos sexuais por parte de membros do clero participem os casos "às autoridades civis competentes".
Não sei se o cardeal arrepiou caminho apenas para salvar as mãozinhas ou se teve um rebate de consciência. Mas este desafio dos bispos, tal como foi lançado cá para fora, enrodilhado em alegadas questões legais (e não morais, valha-nos Deus), é uma indecência e de uma hipocrisia e crueldade para as vítimas que envergonham o Jesus Cristo que as excelências reverendíssimas deviam pregar e viver.
Quem é esta gente que fala em nome da minha Igreja e já não sabe o que é o amor ao próximo e a caridade cristã? O que é que acontece a esta gente quando se veste de vermelho, para tão escandalosamente desdenhar dos mais fracos e indefesos, dos estropiados?

E, no entanto, José Policarpo e os seus bispos (não sei quem os empurrou) deram um passo em direcção à verdade: há pedófilos e vítimas de pedofilia na Igreja portuguesa. A Hierarquia anda muito devagar e por isso eu só lhe peço que tente, para já, mais um passo. Um pequeno passo até ao enorme tapete para baixo do qual tem varrido, pelo menos ao longo dos últimos quarenta anos, os diversos casos de abusos sexuais sobre menores que conhece e a que fecha os olhos. E que tenha a dignidade mínima de expor, expurgar e fazer castigar os violadores e não as vítimas.

sexta-feira, 23 de março de 2012

O valor dos feriados

O patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, alertou hoje para o "valor dos feriados". Tanto quanto me lembro, eram pagos a dobrar e davam direito a uma folga.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Temos de ser uns para os outros

D. José Policarpo, cardeal patriarca de Lisboa, defendeu hoje em Fátima que os políticos não têm de assumir a sua ligação à maçonaria. Eu não previ que a Igreja tinha uma palavrinha a dizer sobre o assunto? Também não era difícil de adivinhar.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O cardeal e os foguetes

O cardeal patriarca de Lisboa garantiu ontem, em entrevista à rádio TSF e ao jornal Diário de Notícias, que não conhece casos de pedofilia na Igreja portuguesa. Mas, à cautela, acrescentou que "não podemos estar a deitar foguetes antes da festa, porque um caso pode sempre aparecer". Faz muito bem o senhor D. José Policarpo. Foguetes, não! Ainda lhe rebentam mas mãos.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A mensagem possível?

Eu gostava que o Presidente da República tivesse mais para dizer aos Portugueses na sua mensagem de boas festas. Recorda Cavaco Silva, no vídeo colocado da página da Presidência da República, que o "Natal é a festa da família", mandando-nos procurar no seio familiar "os afectos que nos dão força, a solidariedade de que precisamos nas horas difíceis, as alegrias que nos ajudam a atravessar a vida". É bonito, batido e sacrista.
É uma mensagem de Natal para não destoar da crise, pobrezinha. E eu gostava que o Presidente da República tivesse mais para me dizer. Se calhar, a parte política, a parte que fala do País a sério, estará este ano a cargo do cardeal patriarca de Lisboa.

domingo, 25 de setembro de 2011

O ponto do cardeal

José da Cruz Policarpo, cardeal patriarca de Lisboa, deu hoje uma manchete de todo o tamanho ao Jornal de Notícias: "Ninguém sai da política de mãos limpas". Três linhas imensas e definitivas, tão definitivas e tão imensas que só deixaram mais lugar para o futebol.
Não li a entrevista. Tenho José Policarpo como um homem sério. Sei que não é ele o responsável pelo astucioso descontexto-contexto do título do JN. Mas também sei que Policarpo é um cardeal e não um anjo, um anjinho que se deixe levar a dizer o que não quer aos jornalistas. Ele sabe muito bem o que diz e que efeitos pretende provocar. E aqui é que bate o ponto.
Consciente, sábio e justo como é, tenho a certeza absoluta de que José da Cruz Policarpo, cardeal patriarca de Lisboa, fez igualmente questão de realçar, nas suas declarações ao diário nortenho, que na Igreja também anda muita gente de mãos sujas.