terça-feira, 7 de janeiro de 2025
PS, o velho saco de gatos
Quer-se dizer: Seguro, para marcar posição, começa por atacar o seu camarada de partido, o que só lhe fica bem, na longa tradição socialista. Sendo o PS o eterno saco de gatos que é, queimam-se todos uns aos outros, os melhores, e no fim atamancam um candidato de merda, perdem as eleições, e a culpa, já se sabe, é do povo, que não sabe o que quer.
Eu por acaso acho extraordinário que alguém, para além dele próprio, pense que, nos dias de hoje, António José Seguro é um bom candidato a eleições. Seguro, apesar do nome, e não lhe ponho em causa a honradez e o sentido de serviço, é realmente uma personalidade arrebatadora e empolgante, uma figura carismática e mobilizadora, entusiasmante - tanto que, juro e com o devido respeito, de cada vez que o vejo e ouço, faz-me sempre lembrar o Droopy, o cãozinho melancólico dos desenhos animados de Tex Avery, e ainda assim fica a perder.
segunda-feira, 6 de janeiro de 2025
Mistérios de Fafe
Cantei os Antunes aos Reis
Dia de Reis
Hoje é Dia de Reis. O Dia de Presidentes da República não sei quando é. Os calendários são omissos.
Como um camelo
domingo, 5 de janeiro de 2025
O meu amigo racista
Sabeis o que dizem todos os racistas para dizerem que não são racistas, claro que sabeis. Para dizerem que não são racistas, os racistas dizem: - Até tenho um amigo que é preto! É o que eles dizem, sim senhor, os racistas, essas criaturas da pior espécie, mas que fazem parte de nós, e escusais de vir agora chamar-me wokista, simplista, esquerdista, maniqueísta ou antista de qualquer coisa, porque realmente não sou. Se quereis saber, eu até tenho um amigo que é fascista, racista, xenófobo, homofóbico e o resto...
A respeito das Presidenciais
Entre mortos e feridos, ninguém se aleijou
Vinho na pipacouves na horta
se não nos der nadacagamos na porta
sábado, 4 de janeiro de 2025
Português, taxista, 86 anos de idade
Foto Ivo Borges / O Minho |
A notícia é de ontem, do jornal O Minho, e vendo-a pelo preço que a comprei:
Ao que O MINHO apurou no local, o taxista tem 86 anos, sendo um dos profissionais mais antigos na cidade. Terá tido um acidente na semana passada e trocou de carro. Por ainda não estar habituado à viatura ter-se-á atrapalhado com os pedais, acabando por levar tudo à frente.
O octogenário terá sofrido um ferimento ligeiro e recusou transporte ao hospital.
O acidente causou grande aparato no cidade.
A PSP registou a ocorrência."
Firme e hirto como uma barra de ferro
Não sei se foi pelos 16 de Maio ou pela Senhora de Antime, talvez fosse pelo Natal ou então ocorreu num dia qualquer, anónimo, um dia sem atributos que o destaque ou recomende. Mas aconteceu. Uma vez, um artista hipnotizador, quiçá mentalista e certamente ilusionista veio dar um espectáculo ao nosso Cinema e eu, que era mocico e pobre, não entrei, não vi, porque era preciso pagar bilhete para entrar. E era uma bonita tarde de sol. Para chamar povo como no Poço da Morte dos 16 de Maio e da Senhora de Antime, o artista hipnotizador, quiçá mentalista e certamente ilusionista fez cá fora, na Rua Monsenhor Vieira de Castro, o famoso número de conduzir um carro com os olhos vendados, naquele bocado de estrada entre a esquina do Santo Velho e o ateliê do Zé Manel Carriço, exactamente nesse sentido, que era permitido na altura, nem cem metros sempre em linha recta, assim também eu, foi o que então pensei, e no entanto ainda hoje não sei conduzir nem tenho carta de condução, com os olhos abertos ou fechados. O mirabolante número da condução em braille terá sido feito cá fora de mais a mais porque lá dentro decerto não daria jeito, cheguei também a essa importante conclusão aqui atrasado, quando finalmente percebi que o bonito Teatro-Cinema de Fafe, apesar de realmente glorioso e frequentemente "icónico", é muito mais pequeno do que eu o supunha no meu tempo.
O artista talvez fosse o Professor Karma, esse extraordinário e irrefutável hipnotizador de galinhas, lembrei-me agora, mas de momento não estou em condições de o afiançar sem correr risco de levar com um par de desmentidos no focinho. Era, em todo o caso, "um" Professor Karma, ainda que vestisse outro nome mais ou menos estrambólico. O grande Zandinga, haveria eu de conhecê-lo pessoalmente, alguns anos mais tarde, numa noitada para lá de estranha, no Porto, e Alexandrino, o cromo do "firme e hirto como uma barra de ferro" a quem Herman José deu fama, é muito mais recente.
Cantemos os reis, cantemos os roques
viva o rei
dos leitões, do cachorro quente, dos queijos e dos beijos
da sardinha assada, do churrasco, do carvão, dos frangos, dos galos
de barcelos
das bolas de berlim, do vinho e da cerveja, dos presuntos, das bifanas
do caracol, das castanhas, das batatas, do pernil
do cabrito e dos cabrões
do bacalhau, da picanha, da laranja, das tripas, dos bitoques
das migas, das caldeiradas
do marisco, das carnes, do cozido, frito, assim e assado
do caldo verde, dos croissants, dos bolos e dos tolos
viva
viva o rei
dos fogões e dos balões, da louça, dos móveis, dos candeeiros
dos tapetes, das alcatifas, dos relógios, dos tecidos, das fardas
dos sapatos, das meias, das malhas, das samarras
dos guarda-chuvas, das luvas, dos chapéus e dos bonés
das gravatas, dos fatos e dos factos
dos sofás
do ioió, do sexo, dos gnomos, do crime, dos filmes
da noite, do jet-set
da pornografia
dos pássaros e das pássaras
das cópias, das fotocópias
dos livros e dos livres
viva
viva o rei
dos óculos, das limas, das ferramentas, dos salvados, da sucata, do pneu
das tintas e dos tintos
da rádio
do fado, do gado, do rock'n'roll, do baião, do malato, do kuduro, do forró
das flores
do butão e do fecho-éclair
viva
viva o rei
de espadas
de ouros
sobre azuis
de copas
de copos
e de paus
mandados
reispectivamente
viva
viva o rei
dos cartões amarelos e de crédito
das bolas paradas e das assistências
das pole positions e dos afundanços
vivam
vivam
rei pelé, ray charles, ray liotta, rei zinho, rei naldo, rei nunido
vivam
vivam os reis
com o rei na barriga
rei morto, rei posto
viva o rei dos catalisadores
vivam os reis
sem rei nem roque
vivam o roque e a amiga
viva o rock em stock
viva, viva a rei nação
o rato roeu a rolha da garrafa do rei da rússia
vivam
vivam
o rei da selva, o rei-do-mar, o rei pescador
e o rei taxidermista, o rei da montanha
mais o rei dos ares
condicionados
vivam
vivam
o rei momo, o reigrilo
o armindo rei, o dos reis almeida
o rei tor manietador e o reisparta
vivam
vivam
o rei do universo
o cristo-rei
o rei dos reis
o bolo-rei
e os reis
belchior, baltasar e gaspar
magos
(fresquinho, no Peixoto, pela passagem de ano)
vivam o rei
maila sua ex-celsa com sorte
vivam
tchim
tchim
P.S. - Publicado originalmente no dia 5 de Outubro de 2011, sob o título "Viva o rei".
sexta-feira, 3 de janeiro de 2025
O dia em que envelheci
O candidato da Maçonaria
Aqui estão os Reis à porta...
Cantávamos:
"Do dia cinco prò seis,
nós vimos cantar os Reis..."
Cantávamos:
"Correi, ó pastores,
que a noite está bela,
vinde ver Jesus
na formosa estrela."
Cantávamos:
"Aqui estão os Reis à porta..."
Cantávamos:
"Olhei para o céu,
estava estrelado,
vi o Deus Menino
nas palhas deitado.
Nas palhas deitado,
nas palhas esquecido,
filho duma rosa,
dum cravo nascido."
Cantávamos:
"Pastorinhos, pumpum,
do deserto, pumpum,
vinde todos a Belém.
Pumpum.
Vinde ver, pumpum,
o Menino, pumpum,
que Nossa Senhora tem.
Pumpum."
Cantávamos:
"Quem diremos nós que viva
nas folhinhas do codesso,
viva o dono desta casa
que eu por nome não conheço."
E também cantávamos:
"Vinho na pipa,
couves na horta,
se não nos der nada,
cagamos na porta."
É. Era. Não me canso de o dizer. Estão a ver o Halloween? O "típico" Halloween português, essa "tradição" tão fafense do Halloween? Os nossos Reis eram isso mais ou menos, mas em verdadeiro, em realmente nosso. E com música.
quinta-feira, 2 de janeiro de 2025
Quantos eram os três reis magos?
Por outro lado, que raio de ideia foi aquela de oferecer mirra a alguém? Mirra!? Mas isso é algum presente?...
quarta-feira, 1 de janeiro de 2025
Sérgio Conceição, o novo Matusalém
Foto Hernâni Von Doellinger |
Sérgio Conceição, treinador de futebol, chegou ao Milan e disse, a respeito de uma desimportância qualquer que lhe perguntaram: "Não tenho de mudar agora, tenho 50 anos, há 13 anos que faço este trabalho". O homem completo, o velho sábio. O Sr. Sérgio Conceição pensa que sabe tudo do mundo, mas sabe pouco da vida - ouso dizer eu, que, humildemente, tenho apenas 67 anos e faço este trabalho há apenas 43 anos e mudo todos os dias, várias vezes ao dia, e ainda não acertei, essa é que é a verdade. Conceição é uma criança, mas pensa que é Matusalém. Não é. Matusalém morreu aos 969 anos, inesperadamente, no ano mesmo do Dilúvio, e apenas porque decerto não saberia nadar.
Um dia para a paz, o resto para nós
A guerra dos dias
E assim se passou
Meia hora na fila para o pão, uma hora na fila para o bolo-rei, duas horas na fila do marisco para o almoço, três horas na fila do leitão para o jantar, quatro horas na fila da discoteca para o réveillon. Celebrou as doze badaladas cerca das cinco da manhã, ao relento, na fila da bomba de gasolina, bêbado como um cacho, e não se lembra de nada. Foi um ano muito bem passado.
Como os melões
Os anos são como os melões. Mas ao contrário. Só depois de fechados é que se sabe se foram bons.