domingo, 31 de dezembro de 2023
Boas entradas!
sábado, 30 de dezembro de 2023
Os Sá Morais
sexta-feira, 29 de dezembro de 2023
O jogo do pau de... Cabeceiras de Basto
Não. O jogo do pau não foi inventado em Fafe, não deriva da Justiça de Fafe. A Justiça de Fafe é outra coisa.
Dizia eu, no texto "À justiça o que é da justiça" com que, a 3 de Agosto de 2022, abri o meu blogue Fafismos, então ainda denominado "De Fafe com muito gosto". E que se segue? Soube-se anteontem, o "Jogo do Pau de Cabeceiras de Basto" acaba de ser classificado como património cultural imaterial. Exactamente, o jogo do pau de Cabeceiras de Basto.
Como os melões
quinta-feira, 28 de dezembro de 2023
As coincidências nunca são por acaso
quarta-feira, 27 de dezembro de 2023
E eles a darem-lhe com o burnout
terça-feira, 26 de dezembro de 2023
domingo, 24 de dezembro de 2023
Os ausentes de Natal
Sim, ele gostava muito dos presentes de Natal. Mas os ausentes tocavam-lhe mais...
sábado, 23 de dezembro de 2023
A amante brasileira do Presidente
Foto Sérgio Freitas/O Minho |
Eu não sabia que Ricardo Rio, presidente da Câmara de Braga, tinha uma amante brasileira e que isso era assunto. Nem sabia nem me interessava. Agora, mesmo sem querer, fiquei a saber que Ricardo Rio, presidente da Câmara de Braga, afinal não tem uma amante brasileira e que isso é assunto. O Presidente nega a amante, obviamente. Amante brasileira do Presidente com maiúscula, é falso! - é o próprio Presidente quem o garante numa extraordinária entrevista de Natal e fim de ano ao jornal O Minho. Até porque, "se fosse verdade, o Presidente não teria uma "amante". Ter-se-ia separado e teria uma relação com outra pessoa, o que (in)felizmente acontece em muitos casais. Acontece que a minha relação com a minha mulher continua com o vigor de sempre, com muito orgulho e alegria pelo percurso que trilhamos enquanto casal e enquanto família" - moralizou, muito a propósito, o Presidente.
sexta-feira, 22 de dezembro de 2023
Em sede própria
quinta-feira, 21 de dezembro de 2023
Unicórnios e gazelas
quarta-feira, 20 de dezembro de 2023
O circo sem lentejoulas
Eram circos sazonais e breves. Precisavam apenas de um cantinho, vinham num pé e iam noutro. Chegavam numa tarde de Verão, estendiam uma lona no chão, chamavam o povo ali à volta e iniciavam a função. Sempre a toque de caixa. Umas palhaçadas, umas cabriolas, sucintos números de malabarismo, equilibrismo e contorcionismo, às vezes até uma amostra de funambulismo ainda que curta e a baixa altitude, mas sim, porque circo que é circo obviamente trabalha no arame. Meia hora, se tanto, e estava feito. No final da apresentação e dos merecidos aplausos, uma das crianças, geralmente menina, passava pela roda do excelentíssimo público com um chapéu ou um prato na mão, recolhendo o dinheiro que cada um resolvesse dar de paga, e havia quem atirasse moedas de agradecimento para a lona coçada e rota. Assim, uma ou duas matinés, três no máximo, se a plateia o justificasse ou o dinheiro em caixa ainda não chegasse para a sopa, depois as crianças desvestiam-se do circo, os pais arrumavam os tarecos, a lona era recolhida, e toca a entrar na carripana, partiam todos, ainda de dia, decerto por causa da imensidão da viagem e aparentemente em direcção a Guimarães, que, no meu ponto de vista, naquele tempo, era em direcção ao mundo. E eu ficava como a noite.
Estes circos de porta a porta, estes extraordinários espectáculos, ando capaz de dizer que seriam os sucessores ou, pelo menos, uma derivação directa dos "Saltimbancos" que itineravam o Portugal mais profundo durante as décadas de cinquenta e sessenta do século passado, apresentando o famoso show da cabra ou "cabrinha", outro assombro dos antigos. Uma cabra, ou cabrito, vá lá, que fazia equilibrismos em cima, por exemplo, do gargalo de uma garrafa de cerveja, ela própria, a garrafa, colocada, por sua vez, em cima de um banco de madeira, dos de cozinha. Uma coisa realmente de pasmar!
A cabra, ou cabrito, vá lá, às vezes era um cão ou um gato, mais raro um macaquito marca sagui ou, também acontecia, um burro. Mas eu não me lembro de ver, nem essa parte me interessava por aí além. Não tinha, naquela idade, qualquer posição estruturada sobre a problemática da exploração de animais domésticos em sede de circo de pé-rapado, mas sabia, sempre soube, que de burros já estava Fafe bem servido. Basta pensar na burra do Reigrilo, e não é preciso ir mais longe...
terça-feira, 19 de dezembro de 2023
Fazer as pazes
O Natal já era
segunda-feira, 18 de dezembro de 2023
É preciso saber estar
domingo, 17 de dezembro de 2023
Quando o homem quiser
Se o Natal fosse todos os dias, decerto perdia a graça, seria talvez uma chatice. Uma canseira. E era uma despesa muito grande...
sábado, 16 de dezembro de 2023
E eu, bico calado
A minha sorte é que só encontro pessoas que têm certezas absolutas sobre tudo. Sabem tudo de tudo. Eu nem abro a boca. Tenho a vida muito facilitada...
Andante con moto
Foto Hernâni Von Doellinger |
O segundo andamento da 5.ª Sinfonia de Beethoven, dita Sinfonia do Destino, ou, só para complicar, melhor chamada Sinfonia n.º 5 em Dó menor Op. 67, deve ser tocado em Andante con moto. Isto é, pede-se um ritmo lento, como se fôssemos nós apenas a caminhar, naturalmente, um passo e depois outro, mas com o cuidado de não adormecermos de pé. Andante, sim, porém con moto. E isto é apenas um por exemplo.
sexta-feira, 15 de dezembro de 2023
O padre sexy e a burla
quinta-feira, 14 de dezembro de 2023
O mal de Paulo Raimundo
Foto Partido Comunista Português |
quarta-feira, 13 de dezembro de 2023
O galo do presépio
O nosso galo do presépio é um galo de Barcelos, mas, atenção, não é o Galo de Barcelos. Nada de parolices, valha-nos Deus! É um galo de capoeira, obra de mestre barcelense, isso sim, 6x4 centímetros, a obra, um euro e meio, o preço. É arte.
Só presépios temos oito, para além de mais meia dúzia de Meninos Jesus avulsos, e nem as casas de banho escapam ao nosso Natal. Pusemos o galo novo no presépio principal, evidentemente. O nosso é um presépio inclusivo, ao contrário do presépio do falecido papa Bento XVI, que em 2012 resolveu expulsar a vaca e o burro, porque, sentenciou, no local do nascimento de Jesus "não havia animais". Portanto, concluí eu, também não havia ovelhinhas, o que quer dizer que também não houve pastorinhos do deserto. Sobravam, inequivocamente, os três reis magos. Gente fina, vinho de outra pipa. Reis. E magos (porque o champanhe ainda não tinha sido inventado). Esses, é certo, estiverem lá, em representação de toda a humanidade - segundo Ratzinger. Estiveram os reis magos e os anjos cantadores. Os anjos também estiveram.
Cinco violinos
terça-feira, 12 de dezembro de 2023
Ansiedade climática 2
Aos 19 anos e um mês, o velho activista meteu baixa e os papéis para a reforma. Padecia de ansiedade climática, e contra isso nada.
segunda-feira, 11 de dezembro de 2023
O sermão da montanha
Chegou a vez deles
Foto Hernâni Von Doellinger |
Começava o ano de 2009 e o grupo Controlinveste, de Joaquim Oliveira, perpetrou o despedimento colectivo de 122 trabalhadores, mais de 50 dos quais eram jornalistas. A Controlinveste era dona do Diário de Notícias (DN), do Jornal de Notícias (JN), do 24horas e do desportivo O Jogo, além da rádio TSF, da revista Volta ao Mundo e dos canais televisivos SportTV. Desde os anos oitenta que não acontecia uma razia assim em Portugal, quando fecharam títulos como O Diário, o Diário Popular e o Diário de Lisboa.
domingo, 10 de dezembro de 2023
O cadáver do sobrevivente
Mas que grande desgraça! Que tragédia! O dia mais negro daquela terra! O ambiente só aliviou um bocadinho quando os jornalistas encontraram o cadáver do sobrevivente...
sábado, 9 de dezembro de 2023
Um país de razoáveis vigaristas
P.S. - Hoje é Dia Internacional Contra a Corrupção.
Querido Pai Natal
Ocorreu esta semana o Dia de São Nicolau, que dizem que é o Pai Natal, mas não é. Porque São Nicolau, isto é, São Nicolau de Mira também conhecido como São Nicolau de Bari, existiu mesmo no século III, foi bispo e é padroeiro da Rússia, da Grécia, da Noruega e de Beit Jala, na Palestina. É patrono dos guardas-nocturnos na Arménia e dos ajudantes de missa na cidade italiana de Bari. E é também padroeiro dos estudantes, como muito bem se aprende em Guimarães, mas nunca trabalhou para a Coca-Cola. Já quanto ao Pai Natal, não quero com isto escangalhar certas e determinadas crenças infanto-comerciais, mas eu prefiro o Menino Jesus!
sexta-feira, 8 de dezembro de 2023
Um pecado muito pouco original
quarta-feira, 6 de dezembro de 2023
O meu primeiro Natal
O Natal chegou a Fafe, Natal Higino recordo, instalou-se nos Bombeiros, na Bomba, e tornou-se "como se fosse da família", que, como já expliquei noutro sítio, é muito mais e melhor do que ser mesmo da família. Creio não estar a dizer grande asneira quando afirmo que, na nossa terra, o mais forte laço "familiar" que nos une acaba por ser esse mesmo, o de sermos uns para os outros como se fôssemos da família. A família sanguínea não passa de um que remédio, é uma fatalidade. A esse respeito, devo ressalvar que a minha tia Laura e o meu irmão Nelo saberiam falar do Gino com muito mais propriedade do que eu, mas o Nelo, por recato, sei que nunca o faria, e a querida tia deixou-nos infelizmente há três anos e meio, mas conto um destes dias trazê-la outra vez aqui. A tia Laura é que encarrilou o Gino para a vida.
O Natal chegou a Fafe, Natal Higino repito, e, sobre ter algum jeito para jogar a bola, batia umas palmas que eram um assombre, como se dizia em fafês, palavra inventada pelos músicos antigos da Banda de Revelhe. Um assombre! Umas palmas que, quando bem batidas, ouviam-se da Cumieira a Santo Ouvídio e da Fábrica do Ferro à Ponte do Ranha. Como se fossem duas rijas tábuas de soalho saídas da máquina da serração e lançadas violentamente uma contra a outra e ligadas aos altifalantes, um estrondo assim, uma coisa nunca ouvista! Lembram-se do PA-SSA A BO-LA! do tonitruante Aníbal Carriço? Era quase. Em todo o caso, um extraordinário melhoramento sonoro para Fafe, e sem despesa para a Câmara ou para o Governo. Para além disso, Natal Higino que veio de África soube fazer-se fafense excelentíssimo. Que é! Acrescentem-no à lista, se fazem o favor.
O Natal, o nosso, trouxe um apenso de alegria e bondade a Fafe. O Higino é isso, um homem alegre, bom, generoso, honrado, companheiro. Para o Gino, toda a gente tinha a categoria de Você. Era o meu tempo de seminário, e o Gino chamava-me Sacerdote. Suponho, aliás, que ainda hoje me chama Sacerdote. Éramos, somos, amigos. A minha mulher sabe quem é o Gino, conhece-o, e isso é o topo no meu barómetro de amizades, prenda tão rara.
Eu não sei se Fafe já se apercebeu da sorte que teve por causa do comboio acabar obrigatoriamente ali e dele ter saído por acaso o Gino. Eu tenho noção. Ao longo da vida vim a conhecer outros Natais, não muitos, porque o nome também não é assim tão popular, mas não me lembro de outro que me tenha verdadeiramente impressionado. E acho que sei porquê. Porque, como noutras encomendas da vida, não há Natal como o primeiro. E o meu chamava-se Higino.
Apresentação de "Eu e a UNITA", de Orlando Castro
O novo livro do jornalista Orlando Castro, "Eu e a UNITA", é lançado amanhã, quinta-feira, pelas 17h30, na Casa de Angola, em Lisboa, Travessa da Fábrica das Sedas, 7. A apresentação da obra estará a cargo de William Tonet, que também prefacia, e Sedrick de Carvalho. Sobre si próprio e o que o move, diz Orlando Castro: "Ao longo dos anos defendo aquilo que considero o mais correcto para a minha terra, Angola. Consigo não agradar nem a gregos (MPLA) nem a troianos (UNITA)".
Anda, abraça-me, beija-me
terça-feira, 5 de dezembro de 2023
Um dia em cheio
É jovem e dinâmico. Divide a vida entre o campo e o ginásio. Chega 5 de Dezembro e ele celebra o seu próprio dia, feriado pessoal e intransmissível, dia santo e nem por isso. Dia Internacional do Ninja e Dia Mundial do Solo. Assinalando a dupla efeméride num satisfatório dois-em-um, todos os anos, no dia de hoje, ele anda à batatada.
Ó solo mio
segunda-feira, 4 de dezembro de 2023
Dia do Pedicuro
sábado, 2 de dezembro de 2023
Fafe não liga à família?
Este ano, no total, foram distinguidos 108 municípios por todo o país, mais 13 do que no ano passado, e nem assim Fafe lá chegou. Insisto: eu não sei o que é que isto quer dizer, limito-me a ser eco da notícia, eventualmente omissa na quase sempre faustosa comunicação municipal.
sexta-feira, 1 de dezembro de 2023
Dia da Restauração
Hoje é Dia da Restauração. E cá em casa, como fazemos todos os anos, honrando a velha tradição, vamos comer fora. É preciso ajudar o sector. E similares.
quinta-feira, 30 de novembro de 2023
Não há nada que se beba?...
quarta-feira, 29 de novembro de 2023
O amigo da onça
terça-feira, 28 de novembro de 2023
segunda-feira, 27 de novembro de 2023
"Eu e a UNITA", de Orlando Castro
O novo livro do jornalista Orlando Castro, "Eu e a UNITA", é lançado no próximo dia 7 de Dezembro, pelas 17h30, na Casa de Angola, em Lisboa, Travessa da Fábrica das Sedas, 7. A apresentação da obra estará a cargo de William Tonet, que também prefacia, e Sedrick de Carvalho.
domingo, 26 de novembro de 2023
sábado, 25 de novembro de 2023
Temos Montenegro, graças a Deus
Felizmente Portugal tem Luís Montenegro. A vida não é obrigatório ser só tristezas e às vezes o povo também precisa de rir. Foi um fartote esta manhã. Agora à tarde, depois de um copito, ainda pode ser melhor...
sexta-feira, 24 de novembro de 2023
O anticomunismo à mesa
Foto Hernâni Von Doellinger |
O País a ferro e fogo, e Fafe também. Havia ameaças, tiros, atentados, punham-se bombas, assaltavam-se e incendiavam-se sedes partidárias. Sobretudo a Norte. Sobretudo do PCP. Dava na televisão, saía nos jornais, que tomavam posições. No Comércio do Porto, dois jornalistas experientes e com agenda, Ercílio de Azevedo e Fernando Barradas, assinavam uma coluna que viria a dar brado, "Os Cravos na Ferradura", um espaço militante com o seu quê de reaccionário, como então se dizia à esquerda. Essas crónicas, geralmente bem esgalhadas, escritas às vezes com graça, foram o consolo e o farol doutrinário de muito boa e santa gente durante o PREC (Período Revolucionário em Curso) e o Verão Quente, do 11 de Março ao 25 de Novembro, e com tal sucesso entre os leitores mais conservadores ou fascistas recentemente desmamados que as tiragens do Comércio terão subido aos cem mil exemplares, contando-se até que houve jornais, em certos dias, a serem vendidos na candonga a 100 escudos cada um.
O êxito foi tal que alguns daqueles artigos transformaram-se rapidamente em livro, com prefácio de Paradela de Abreu. A obra, com o mesmo título da rubrica original, "Os Cravos na Ferradura", ainda hoje pode ser encontrada por aí, na internet, em diversos sítios de alfarrabistas e simpatizantes, mais ou menos recomendados.
O Comércio do Porto era objecto de culto. No país beato e de direita revanchista, guerrilheira, e em Fafe também. Um dia, 11 de Outubro de 1975, estava eu no tasco do Nacor com o meu tio Américo, eu e os meus 18 anos, na cozinha da Dona Isabel, que era um brinco e um mundo, e o Landinho Bacalhau, o antigo, anunciou que um grupo de ilustres fafenses iria homenagear naquela noite os jornalistas do Comércio. Seria com uma ceia, altas horas, no restaurante do Café Académico, e os homenageados fariam o favor de comparecer.
Eu quis logo saber se admitiam penetras, eu. Eu queria conhecer jornalistas a sério, precisava de ver como é que eles eram. Se eram praticamente como nós, as pessoas normais. O Landinho explicou-me que "a condição sine qua non" para participar na coisa era ser leitor do Comércio do Porto, e isso eu era, porque o Comércio do Porto era o meu jornal, isto é, o jornal do café, do Peludo, mas que tinha de perguntar ao organizador do evento, que era o Senhor Francisco Oliveira, que disse que sim. Por outro lado, aquela foi a primeira vez na minha vida em que eu ouvi a expressão cagona sine qua non e gostei bastante, embora esta seja também a primeira vez em que a uso motu proprio, e logo duas vezes.
Portanto lá fui. O grupo de ilustres fafenses era composto, se não me engano, pelo vimaranense Fernando Roriz, que foi deputado, presidente do Vitória e vice-presidente da Federação Portuguesa de Futebol, entre outras encomendas, pelo Dr. Marques Mendes, Dr. Antunes Guimarães, Chiquinho Gonçalves, Manel da Pinta, o Landinho, o Francisco Oliveira, eu a um canto a tirar apontamentos de cabeça, decerto mais alguém ou alguéns de que não me lembro e, não sei porquê, gosto de pensar que o Dalmo Pinto também por lá passou ou esteve, antes, durante ou depois.
Um curioso painel, aparentemente heterogéneo, unido talvez, pelo menos naquela altura, por um certo anticomunismo, mais semântico do que primário, num ou noutro caso, se é possível dizê-lo, gente de alguma forma ligada ao PSD e ao PS locais, e eu, que não era de um nem de outro, antes pelo contrário, lá estava destoando como sempre e ainda hoje me sinto muito bem com isso.
Da parte do Comércio do Porto, o Fernando Barradas primou pela ausência, mas apresentou-se o Ercílio de Azevedo, acompanhado por dois futuros directores do jornal, o Silva Tavares e o Manuel Teixeira, que era então um rapazinho e que viria a ser também administrador da Lusomundo e chefe de gabinete de Rui Rio na Câmara do Porto, sendo mesmo considerado, ainda hoje, o principal conselheiro do ex-líder do PSD. Não eram os únicos, que nisto, quando é para comer e beber, os jornalistas aparecem sempre, mas varreram-se-me os outros.
A ceia foi a madrugada inteira e os pormenores mais delicados ficam, para já, comigo. Mal eu sabia como é que viria a ser a minha vida alguns anos mais tarde. Comeu-se e bebeu-se bem, isso posso desde já dizer. Falou-se muito. Eu não. O Dr. Guimarães meteu os jornalistas na ordem quando um deles, entusiasmado, se pôs em bicos de pés. Percebemos porque é que Ercílio de Azevedo, autor das famosas "Tripas à moda do Porto", escrevia melhor, segundo nos contaram, quando decilitrava. No centro da mesa havia um bolo que o Senhor Francisco Oliveira mandara fazer na Pastelaria Monumental. O bolo exibia uma ostensiva pena alegórica e decerto alguns dizeres alusivos aos plumitivos convidados. Não sei quem é que pagou a conta, bolo incluído, que deve ter tido uma saída do caraças, não faço sequer ideia se havia preço de inscrição ou multa de presença. Se havia, eu fiquei isento.
Agora. O Senhor Francisco Oliveira (1928-2021) era um querido amigo. Não naquela altura, mas nos últimos anos. Ligava-me de vez em quando, avisava-me que vinha ao Porto, a tratamento, mas só nos pudemos encontrar uma vez. Passámos um pedaço de tarde à conversa na Rua Sampaio Bruno, falou-me do livro que queria escrever, tirei-lhe o retrato que pus lá em cima, visitámos a Feira do Livro, que era ali ao lado, na Avenida dos Aliados. Ele comprou e eu não. Também ia sabendo dele pelo Bertinho Dantas.
O Senhor Oliveira, Francisco Oliveira Alves, era um homem bom, generoso, às vezes de uma desarmante pureza, e esforçava-se por fazer parte da História. Fez. Houve quem o usasse, e ele queixava-se. É um fafense excelentíssimo, certamente um dos melhores da sua geração. Para além disso, era pai do Chico, meu colega de escola e amigo de infância, mas isso já seriam outros quinhentos.
Só hoje, entre parágrafos deste texto, é que apaguei do meu telemóvel o número do Senhor Francisco Oliveira. Era assim que lá estava: Senhor Francisco Oliveira. Apaguei e, caramba, agora parece-me que perdi alguma coisa e não sei o que hei-de fazer ao velho cartão-de-visita corrigido à mão...
terça-feira, 21 de novembro de 2023
De vento em popa
Foto Hernâni Von Doellinger |
Eu saía à rua para a minha voltinha e via-os praticamente de braço dado, uma e outra vez, como se também fosse coisa de todos os dias, o ministro José Luís Carneiro e a presidenta Luísa Salgueiro. Creio que, nos dois ou três últimos meses, não houve governante que desse mais colo à autarca matosinhense, rodeados ambos por muitas fardas e armas, muitas motas, muitos carros potentes com luzinhas azuis, muitos guarda-costas, muitas fatiotas novas, muitos chegamissos e lambe-botas, como convém num recatado encontro entre dois despojados servidores públicos socialistas. Só assim de cabeça, lembro-me: o ministro da Administração Interna esteve cá em Matosinhos, recentemente, para apresentar a Operação Verão Seguro 2023, para apresentar os resultados da Operação Verão Seguro 2023 e, pelo meio, para inaugurar a Academia do Alertinha, isto pelo menos, porque eu não ando atrás deles a tomar conta.
segunda-feira, 20 de novembro de 2023
O Correio da Manhã aquece
domingo, 19 de novembro de 2023
Novo aeroporto de Lisboa é em Fafe
Foto Hernâni Von Doellinger |
A notícia saiu no insuspeito tablóide britânico The Sun e portanto só pode ser verdade: Fafe é "a cidade mais barata de Portugal". Pelo menos, para inglês ver. De acordo com o bem informado artigo, que confunde o Palacete dos Dantas com a Igreja Românica de Arões, Fafe, "uma cidade pouco conhecida em Portugal", ficou em primeiro lugar num ranking de barateza turística elaborado por uma entidade alegadamente chamada Porto Travel Guide. Mais de cem cidades portuguesas terão sido "analisadas por especialistas", e Fafe ganhou, à frente de Oliveira de Azeméis, Famalicão, Ovar e Amarante, só para se ter uma ideia.
O banheiro e a banheira
sábado, 18 de novembro de 2023
A próxima assembleia é que é ordinária!
A morte da bezerra
Foto Hernâni Von Doellinger |
Antigamente as tragédias aconteciam com mais assiduidade, ao contrário do que se apregoa agora por aí, e nem é preciso recuarmos ao terramoto de 1755 ou ao lamentável dia, no ano de 1128, em que o jovem Afonso Henriques bateu na mãe, Dona Teresa. Não. Basta centrarmo-nos na segunda metade do século passado, anos sessenta, setenta e pelo menos oitenta. Morria uma vaca e era uma tragédia. Ora as vacas, naquele tempo, morriam bastante, e nem estou a falar de matadouro e de talhos, de abates e de choupas. Morriam sem querer, as vacas, isto é, por exemplo esturricadinhas num palheiro que se incendiou sem mais nem menos, afogadinhas ou irremediavelmente escangalhadas no fundo de um poço sem guarda ou, até arrepia, abertas ao meio por um raio. E era uma tragédia.
Era uma tragédia porque a vaca, o boi ou o bezerro eram a riqueza única do pobre lavrador de microfúndio e Portugal era sobretudo isso. As vacas, permito-me generalizar assim, davam leite, faziam estrume, lavravam e aravam o campo, puxavam a água, transportavam as colheitas, ajudavam nas obras domésticas, acartavam pedra, erguiam muros, tinham a força de trabalho de um rancho de homens e mulheres, procriavam e, como se ainda fosse pouco, emprestavam o seu próprio calor ao jugo que as dominava, para, a seguir, talhar trasorelhos, eventualmente acabando vendidas na feira ou feitas em bifes, em todo o caso transformadas em indispensáveis notas de conto, e aí tudo começava outra vez.
Era desta maneira em Fafe, o meu berço, terra de pequenos e remediados agricultores, nas aldeias à volta, principalmente, mas também no centro da vila mesmo, como outro dia aqui contei. A única diferença era que em Fafe a vaca era baca e o boi, em raros momentos de preciosismo linguístico, era voi. Tirante essa irrefutável idiossincrasia, Fafe era como o resto do Norte rural: em cada casa, uma, duas vacas, quer-se dizer, uma junta, quando muito, para fazer parelha no carro, turinas às vezes, leiteiras em alguns casos. As vacas eram a fartura, o dinheiro em caixa, a garantia de vida dos nossos persistentes lavradores. As vacas eram-lhes tudo.
Agora imagine-se que lhes morria um animal, tantas vezes o único, num desastre daqueles ou por doença fulminante e desconhecida. O gado não estava no seguro, é claro, o dinheiro da CEE ainda não tinha sido inventado e era o que faltava que alguém se lembrasse de pedir uma indemnização ao Governo. Dá para imaginar, então, o rombo? Era um prejuízo que só visto, a ruína de repente, a miséria, a fome à espreita, a vida parada, como se fosse ali o fim do mundo.
Mas não era. Podia muito bem não ser. A salvação do nosso desgraçado lavrador estava agora no peditório. Isso, no peditório, que era uma instituição. O peditório que ele fazia de aldeia em aldeia, nas ruas da vila antiga, de porta em porta, apresentando o seu triste caso, a sua tragédia, suscitando simpatias, solicitando ajuda, o que pudesse ser. Não era estender a mão à caridade, não, aquilo era um mecanismo de solidariedade, automaticamente accionado. Fazia parte, em Fafe.
Notáveis lá da terra, cidadãos de honra reconhecida, dois ou três, incluindo geralmente o presidente da junta ou o regedor da freguesia, acompanhavam o lavrador nesta sua via-sacra, atestando com documentos e tudo a veracidade do infausto acontecimento e as dramáticas condições em que ficaram o azarado homem e respectiva família.
E as pessoas davam. O que podiam. E é curioso porque as pessoas de dentro de casa eram, regra geral, ainda mais pobres do que o homem desesperado que lhes batia à porta a pedir. Davam, e não se fala mais nisso. Os modestos donativos ficavam assentes numa folha azul de 25 linhas, registados, consultáveis, até chegarem, conta certa, para comprar uma nova cabeça de gado, nem mais um tostão, mas nunca mais ninguém queria saber do assunto.
Terão acontecido umas quantas burlas, trampolinices das antigas, isso certamente, vacas que afinal eram virtuosas senhoras, lavradores que nunca puseram os pés na terra e presidentes da junta da colaça. Mas também terão sido assim criadas verdadeiras segundas oportunidades de vida para pessoas honestas, trabalhadoras, merecedoras, de repente atingidas pela tragédia a sério, e que sem a ajuda dos outros, sobretudo dos seus generosos camaradas de pobreza, nunca mais se levantariam. E Fafe era também isto.
sexta-feira, 17 de novembro de 2023
É prematuro
quinta-feira, 16 de novembro de 2023
quarta-feira, 15 de novembro de 2023
terça-feira, 14 de novembro de 2023
E não morreu ninguém...
segunda-feira, 13 de novembro de 2023
Sete minutos e quatro centímetros
Eu não vi. Àquela hora tenho habitualmente mais que fazer, como por exemplo dormir, coisas de velho. Mas ouvi dizer, esta manhã, enquanto fazia a minha caminhada pelo Passeio Atlântico, ali em baixo, à beira do mar. Que passavam sete minutos e faltavam quatro centímetros, disseram, e eu fiquei deslumbrado com a descrição da "jogada", tão precisa, tão matemática, tão literária, tão fácil de imaginar, tão bela! Ó, a beleza do futebol moderno! Mas qual dominou a bola com o peito e rematou sem deixar cair, de trivela, mas qual fintou um, fintou dois, três, quatro e passou a bola por cima do guarda-redes! Isso já não interessa. Não. Passavam sete minutos e faltavam quatro centímetros, isso sim, era disso que falavam, foi isso que aconteceu, minutos e centímetros, tempo e espaço, VAR. Tácticas não são assunto, discute-se o relógio e o tamanho da chuteira, quarenta e três biqueira larga. Sete minutos e quatro centímetros. O futebol hoje em dia está realmente muito mais bonito...
domingo, 12 de novembro de 2023
Miguel Oliveira e eu
Eu não sei andar de mota. E também não sei andar de carro. Aliás, nem sequer tenho carta de condução, vou aonde me levam, geralmente sem razão de queixa. Se eu quisesse andar de mota, decerto caía muito, provavelmente estaria sempre no chão, como no tempo em que me despencava aos rebolões da mota de pau do meu tio Al Pacino. Portanto, se alguma equipa de Moto GP estiver interessada na minha pessoa, aqui me tem preparado para o que der e vier...
"Eu e a UNITA", já à venda
O novo livro do jornalista Orlando Castro, "Eu e a UNITA", já está à venda. Sobre si próprio, diz o autor, lapidarmente: "Ao longo dos anos defendo aquilo que considero o mais correcto para a minha terra, Angola. Consigo não agradar nem a gregos (MPLA) nem a troianos (UNITA)". A obra conta com prefácio de William Tonet.
sábado, 11 de novembro de 2023
Era uma besta
quinta-feira, 9 de novembro de 2023
quarta-feira, 8 de novembro de 2023
Tirones, camones e outros tarzões
O termo, tirone, remonta certamente a meados do século passado e virá do cinema, do famoso e elegantérrimo actor americano Tyrone Power, que fazia então um enorme sucesso sobretudo entre o público feminino. A estrela apagou-se, o galã acabou por desaparecer, mas ficou o nome, a alcunha, esta espécie de adjectivo a calhar tão bem aos vaidosos sessentões fafenses, tirone, sinónimo de elegante, bem-posto, aprumado, chique, catita, peralta, peralvilho, casquilho, janota, pimpão, boneco, emperiquitado, dândi, indivíduo bem vestido com o seu quê de preciosismo, bem ajambrado, que veste à moda, nos trinques, como se diz agora no português das telenovelas brasileiras.
É preciso que se diga que Fafe tinha uma colecção de alfaiates de altíssimo coturno, e espero falar deles com mais vagar um destes dias. Os nossos tirones iam ao alfaiate, tinham alfaiate privativo, escolhiam modelo, cor e tecido, e vestiam-se por medida. Mas não iam à Riopele comprar o corte, atenção, isso era para os remediados. Por outro lado, os fatos prontos a vestir chegaram às excelentíssimas Lobas já em plena década de setenta, eram Corte Inglés, eu bem lhes namorava a montra, como boi olhando para palácio, mas aquilo também ainda não era para nós. Nem para os tirones fafenses, que, classe acima de tudo, continuaram a preferir a exclusividade, o serviço personalizado e impecável da nobre alfaiataria local, honra lhes seja. Só depois é que vieram as calças vermelhas, os pulôveres amarelos ou cor-de-rosa e os sapatos com berloques...
Em todo o caso, Tirone também foi um nome regularmente usado em Fafe para cães. Mas, quanto a isso, não sei que diga.
terça-feira, 7 de novembro de 2023
Chove merda em Portugal
Escrevi o pensamento supra no passado dia 8 de Outubro de 2022, sob o título "O PS está farto do Governo". Mas a coisa não parou, nem pelo meu aviso. Tem sido pior, e ainda nem sei do escândalo de logo à noite. No Governo, levanta-se um pedra e sai de lá um corrupto, um videirinho, um trafulha, um omisso. Chove merda em Portugal, a cântaros, merda diluviana, mas o primeiro-ministro diz que é apenas um aguaceiro, passa já. Quando estiver com ela pelos queixos, sempre quero ver o que é que ele vai dizer...
Às vezes mando passear o telemóvel
P.S. - Hoje é Dia Internacional da Preguiça.