segunda-feira, 5 de maio de 2025
Uma mão lava a outra
P.S. - Hoje é Dia Mundial da Higiene das Mãos.
domingo, 27 de outubro de 2024
terça-feira, 15 de outubro de 2024
Uma mão lava a outra
P.S. - Hoje é Dia Mundial da Lavagem das Mãos.
quinta-feira, 4 de abril de 2024
E se o fim do mundo for isto?
A autarquia agradece. Faz colecção. No brasão de Lisboa figuram corvos, no de Matosinhos deveriam desenhar saralhotos. A cidade de Matosinhos, para além das muitas outras coisas muito boas, é isto: não há passeios que cheguem para tanta merda de cão. E não é só Matosinhos, embora Matosinhos abuse. E a culpa não é do cão.
domingo, 31 de março de 2024
Mudança da hora
Se mudou a hora, esta manhã, logo que se levantou, não se esqueça agora de a pôr para lavar.
segunda-feira, 4 de dezembro de 2023
Dia do Pedicuro
terça-feira, 5 de setembro de 2023
As beatas e os anões
Li no jornal, com estupefacção e náusea, que "atirar beatas para o chão passa a custar entre 25 e 250 euros de multa". Eu não sabia disto, palavra de honra: mas quem é que anda para aí a atirar beatas ao chão? Desde a história do lançamento de anões que eu não via tamanha estupidez. Por amor de Deus, deixem as beatas em paz! A religião é coisa de cada um...
segunda-feira, 16 de maio de 2022
Gari, que em Portugal quer dizer Almeida
Matosinhos cheira mal. Faz parte. E aos domingos mete nojo. Os restaurantes de peixe rebentam pelas costuras e pelas esplanadas, e isso é bom para o IVA, mas fedem e fumegam num alucinante aviso de como será decerto o fim do mundo de um modo geral. Aos domingos, Matosinhos cheira a sardinhas mal descongeladas e a grelhas que não vêem água desde a grande seca de 1948. Cheira também a lixo deitado alegremente à rua sem norma nem excepção. Cheira também aos escapes bronquíticos dos incendiários autocarros da Resende. Quer-se dizer: Matosinhos cheira mal, fede ao natural e ao gasóleo, tresanda a Matosinhos.
Com vista para o mar se me puser de lado, moro há mais de trinta anos ao dobrar da esquina da restaurantíssima e concorridíssima Rua Heróis de França, no epicentro exacto dos vapores e malinas gastronómicas matosinhenses. Por estes dias a Rua Heróis de França está praticamente impraticável, pelo menos desde Tomás Ribeiro até às funduras da Lota, mas suponho que depois da Lota continua. Ecopontos e contentores tresandam perigosamente, mesmo à distância: nauseabundam a comida estragada, a peixe podre, a vomitado, a fermentado, a ranço, a lavadura para porcos, a ácido, a tóxico, a bagaço, a estrume, a bosta. Matosinhos World’s Best Fish, iniciativa da Câmara Municipal para inglês ver, só pode ser um equívoco, uma piada. E o fedor corre pela rua e entranha-se nas casas e nas roupas. Nos pulmões.
O Senhor Varredor que se ocupa de Heróis de França e faz um trabalho impecável, e com quem dou, sempre que podemos, dois dedos de conversa, pediu-me que eu fosse deitando os olhos ali às redondezas dos ecopontos novinhos em folha, porque se calhar um destes dias lá estará ele estendido ao comprido, evidentemente gaseado por aquele fedor que não se aguenta.
Claro que Matosinhos não tem o melhor peixe do mundo. Tem um peixe honestinho, com que me vou regalando cá em casa, e não é peixe de restaurante. É outro peixe, de que a publicidade não sabe, e ainda bem para mim. Por outro lado, Matosinhos terá provavelmente o melhor pior fedor do mundo. Entre o peixinho e o fedor, às tantas nem me queixo. Na verdade, confesso, gosto de Matosinhos assim.
P.S. - Publicado originalmente no dia 9 de Agosto de 2015, e o fedor continua. Entretanto o meu amigo Senhor Varredor - um dos meus amigos Senhores Varredores, senhoras e senhores - mudou de emprego. Continua no ramo das limpezas e jardins, mas já há uns anos que passou a funcionário público, tiraram-no da zona dos restaurantes e portanto salvaram-lhe a vida praticamente. E já agora: hoje é Dia do Gari. No Brasil. Se fosse em Portugal, seria Dia do Almeida. Muitos parabéns, em todo o caso!
quinta-feira, 5 de maio de 2022
O banheiro e a banheira
segunda-feira, 7 de março de 2022
Para todo o serviço
Gosto muito de ténis. De ver na televisão. Não sei jogar, nunca joguei. Suponho que nem seria capaz de acertar com a raquete na bola, quanto mais executar um approach ou um lob, meter um passing shot ou um slice, esmagar com um smash - logo eu que sou um zero a inglês. Mas há uma pancada do ténis moderno em que sou craque: a limpeza-do-suor-com-a-toalha. Como é do conhecimento de todos os seguidores da modalidade, a limpeza-do-suor-com-a-toalha é, hoje em dia, a principal pancada do ténis. Até há chegadores de toalhas, apanha-bolas nos tempos livres. Qualquer jogador que não limpe-o-suor-com-a-toalha de trinta em trinta segundos nem é jogador nem é nada. Num encontro que dure duas horas, por exemplo, hora e meia é gasta a limpar-o-suor-com-a-toalha. E os duelos de limpeza-do-suor-com-a-toalha são interessantíssimos. E as toalhas são de desenho exclusivo para cada torneio. Lembro-me de quando não era assim e era uma chatice. Não sei quando é que esta revolucionária pancada começou, mas podia ter sido inventada por mim. Haviam de me ver, pratico-a de forma exímia. Mesmo nesta idade. Principalmente nesta idade e com a pandemia às costas. Que pena o ténis não ser só limpar-o-suor-com-a-toalha.
P.S. - Publicado originalmente no dia 28 de Junho de 2012. Hoje, primeira segunda-feira de Março, é Dia Mundial do Ténis.
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022
O banheiro e a banheira
Agora com esta seca toda, não sei...
Uma mão lava a outra
quinta-feira, 9 de dezembro de 2021
Uma mão lava a outra
terça-feira, 30 de novembro de 2021
Matosinhos afoga-se em saralhotos de cão
A autarquia agradece. Faz colecção. No brasão de Lisboa figuram corvos, no de Matosinhos deveriam desenhar saralhotos. A cidade de Matosinhos, para além das muitas outras coisas muito boas, é isto: não há passeios que cheguem para tanta merda de cão. E não é só Matosinhos, embora Matosinhos abuse. E a culpa não é do cão.
quarta-feira, 6 de outubro de 2021
Uma mão lava a outra
terça-feira, 25 de maio de 2021
Para todo o serviço
Gosto muito de ténis. De ver na televisão. Não sei jogar, nunca joguei. Suponho que nem seria capaz de acertar com a raquete na bola, quanto mais executar um approach ou um lob, meter um passing shot ou um slice, esmagar com um smash - logo eu que sou um zero a inglês. Mas há uma pancada do ténis moderno em que sou craque: a limpeza-do-suor-com-a-toalha. Como é do conhecimento de todos os seguidores da modalidade, a limpeza-do-suor-com-a-toalha é, hoje em dia, a principal pancada do ténis. Até há chegadores de toalhas, apanha-bolas nos tempos livres. Qualquer jogador que não limpe-o-suor-com-a-toalha de trinta em trinta segundos nem é jogador nem é nada. Num encontro que dure duas horas, por exemplo, hora e meia é gasta a limpar-o-suor-com-a-toalha. E os duelos de limpeza-do-suor-com-a-toalha são interessantíssimos. E as toalhas são de desenho exclusivo para cada torneio. Lembro-me de quando não era assim e era uma chatice. Não sei quando é que esta revolucionária pancada começou, mas podia ter sido inventada por mim. Haviam de me ver, pratico-a de forma exímia. Mesmo nesta idade. Principalmente nesta idade e com a pandemia às costas. Que pena o ténis não ser só limpar-o-suor-com-a-toalha.
P.S. - Publicado originalmente no dia 28 de Junho de 2012. Hoje, 25 de Maio, é Dia da Toalha.
domingo, 3 de maio de 2020
sexta-feira, 15 de março de 2013
Odontologicamante falando, estamos conversados
E estreei-me em grande, numa célebre extracção de um siso, que, não é para me gabar, foi uma tragédia. O dente estava muito apegado a mim, eram décadas de convívio e recusava-se a sair, coitado. Anestesia atrás de anestesia, o dentista escarafunchava e escarafunchava, puxava e puxava, pedia desculpa, nunca tinha acontecido, inventava alavancas que não alavancavam nada, fazia o pino, o quatro e o oito, tentou o flique-flaque à retaguarda e o mergulho empranchado de braços abertos, escarafunchava e puxava, o homem suava copiosamente, chovia-me, parava para se desfazer das cambras, ralhava com as assistentes, que pareciam baratas tontas e afogueadas, pedia desculpa, nunca tinha acontecido, e elas, quase em lágrimas e em coro, "Nunca tinha acontecido", mandou vir um escadote, a escada Magirus dos Sapadores, uma marreta da obra em frente e o Regimento de Artilharia da Serra do Pilar, por esta exacta ordem, escarafunchava e escarafunchava, puxava e puxava, desculpe, nunca tinha acontecido, e nada. Que "Daqui não saio, daqui ninguém me tira", insistia o filho da puta do dente, agarrado à gengiva como uma lapa, e já me estava a meter nervos.
Eu esvaía-me numa poça de sangue. A minha boca era já duas, derivado ao escarrapacho forçado. Tinha a boca pior que o chapéu de um pobre - e foi ali que eu percebi na carne o significado da infeliz expressão. Se eu pudesse falar, diria "Chamem-me um carro!", mas eu não podia falar, porque não sentia a boca e isso era do mal o menos.
(Por outro lado, o dentista passa muito bem sem a nossa opinião. Já repararam que o dentista só faz perguntas depois de nos atafulhar a boca com metade dos móveis do consultório e a mangueira do jardim? Respondemos como? Só se for pelo nariz, mas isso é número arriscado e praticável apenas em caso de profunda constipação. E já deram fé que a gente vai lá queixar-se do dente de baixo e o dentista trata do dente de cima? E que geralmente faz bem?)
O dente cedeu, por implosão controlada, ao fim de uma manhã inteira de pancadaria. O dente era eu. Eu era um destroço de uma sangrenta batalha campal. Vi-me ao espelho: tinha os lábios esgaçados de orelha a orelha, parecia o Joker do Jack Nicholson. Para me confortar, o dentista disse-me que ainda ia ficar pior. E ficou. No dia seguinte: os cantos da boca em ferida, a cara feita num bolo, inchada e negra.
Por causa da dose cavalar de anestesia, andei semana e meia a babar-me e com um falar esquisito. Queriam internar-me. Safei-me por uma unha negra à consulta externa do Magalhães Lemos.
Mas isso passou. A sintomatologia física desapareceu. A memória da carnificina é que não. Padeço de stress pós-traumático. Ainda hoje é uma tortura ir ao... barbeiro. Entro em pânico. Estão a ver? A mesma espera, a mesma televisão ligada na Praça da Alegria, a mesma bata branca, a cadeira, a babete, os utensílios cromados, pontiagudos e cortantes, o zzzzzzzzz assobiado do secador que parece o zzzzzzzzz assobiado de uma broca, a televisão ligada na Fátima Lopes, estão a ver? Estão a ouvir? Estão a perceber a minha agonia?
Quer-se dizer: houve aqui uma transferência qualquer que eu não sei explicar. Porque com o meu dentista corre tudo muito bem. O sanguinolento episódio do dente do siso não passou disso e ganhei esta bonita história para contar. Para a semana vou lá outra vez (a terceira, já este ano) e é sempre uma festa ir ao dentista.