De novo na estrada de um carro só, o fumo, os fumos, aqui, ali, mais adiante, novelos que sobem letra a letra inventando palavras de faz de conta. São os índios a mandar recados, gosto de pensar, e rio-me outra vez moço. O fumo acinzenta o verde que cresce ao abandono e as leiras lavradas e cada vez mais raras. Acinzenta a paisagem mas limpa a alma. Este fumo aconchega-nos, abraça-nos, obriga-nos a abraçarmo-nos. Por causa do fumo, o céu é mais baixo, estamos mais perto do Céu, estamos mais perto uns dos outros, e apetece-me inspirar a plenos pulmões a ver se consigo guardar este fumo e este cheiro, esta paz, para o resto do ano, para o resto da vida. Quem me dera aqui à noite, toda as noites, com este cheiro, com este céu. Este céu cheio de estrelas, que eu bem as sei. E tenho a certeza: devia ser proibido morrer sem um céu assim para olhar.
segunda-feira, 31 de outubro de 2022
Eu quero um céu com estrelas
De novo na estrada de um carro só, o fumo, os fumos, aqui, ali, mais adiante, novelos que sobem letra a letra inventando palavras de faz de conta. São os índios a mandar recados, gosto de pensar, e rio-me outra vez moço. O fumo acinzenta o verde que cresce ao abandono e as leiras lavradas e cada vez mais raras. Acinzenta a paisagem mas limpa a alma. Este fumo aconchega-nos, abraça-nos, obriga-nos a abraçarmo-nos. Por causa do fumo, o céu é mais baixo, estamos mais perto do Céu, estamos mais perto uns dos outros, e apetece-me inspirar a plenos pulmões a ver se consigo guardar este fumo e este cheiro, esta paz, para o resto do ano, para o resto da vida. Quem me dera aqui à noite, toda as noites, com este cheiro, com este céu. Este céu cheio de estrelas, que eu bem as sei. E tenho a certeza: devia ser proibido morrer sem um céu assim para olhar.
domingo, 30 de outubro de 2022
Assédio em cima da hora (ou um atraso de vida)
Mandaram-no atrasar a hora e ele lá foi. Tentou tudo, pôs-se-lhe à frente, contou-lhe anedotas, ofereceu-lhe um panike e um sumol, deu-lhe indicações erradas, chegou até a agarrá-la pelo braço, mas o máximo que conseguiu foi atrasá-la dez minutos. Agora não sabe como vai ser...
sábado, 29 de outubro de 2022
Abdominais bem definidos
P.S. - Hoje é Dia do Fisiculturista. No Brasil.
Eufemisticamente falando
sexta-feira, 28 de outubro de 2022
Não batas mais no mouquinho
quinta-feira, 27 de outubro de 2022
O "respeito" de Sérgio Conceição
Foto Hernâni Von Doellinger |
quarta-feira, 26 de outubro de 2022
Cavando a própria sepultura
O que é preciso é dar ao dedo!
Há que tempos que eu não via uma coisa assim: uma mulher, ainda nova, a fazer malha num transporte público. Descontraída, com um sorriso nos lábios e manuseando habilmente o frenético par de agulhas, como num duelo, ia dando forma ao novelo de lã que, aos arranques, se lhe esvaía do colo. Era uma camisola, pareceu-me. E, a cena, um delicioso anacronismo. O metro do Porto é sítio para tudo, já lhes digo, principalmente para tudo o que meta telemóvel, bisnagas amaciadoras e calhamaços do José Rodrigues dos Santos. Mas fazer tricô é que eu nunca tinha visto. E gostei.
Passaram-se dois dias. Num jardim fronteiro à praia de Matosinhos, um jovem casal gozava o sol de Inverno e aproveitava para ensinar a filhita a andar de bicicleta. O pai acompanhava a menina, dando-lhe as instruções elementares, mas a mãe sentou-se. Sentou-se, abriu a bolsa, rapou de um pequeno embrulho que eu primeiro não distingui e, com a agilidade de um experimentado bonecreiro, ela começou a bater-se com quatro-agulhas-quatro, tantas quantas são precisas para tricotar meias de lã. Era o que ela fazia, uma meia. E percebi.
Percebi que isto não é só gosto, moda ou revivalismo, terapia ocupacional. É sobretudo precisão, necessidade. Voltámos ao pior do tempo antigo. O Portugal democrático, da Europa, das auto-estradas, das universidades e do século XXI é afinal igual ao Portugal fascista e "orgulhosamente só", poeirento e obscurantista do tempo em que a minha mãe, por necessidade, fazia todas as minhas camisolas e as camisolas dos meus irmãos. (E que categoria que elas eram! Tenho uma comigo vai para quarenta anos, acreditam?)
Por outro lado, lembrei-me, pode estar exactamente aqui a salvação do País. Permitam-me que lance o desafio: porque não transformar o tricô num desígnio nacional? Porque não começarmos todos a fazer malha para fora? Porque não pôr este país de desempregados e falidos a dar ao dedo de norte a sul e ilhas, elas e eles, e apostar na internacionalização e exportação em barda das nossas peças de lã? Sim, porque não? Afinal, o que é que as natas e os pastéis de Belém são mais do que os barretes, os camisolões, os carapins e os coturnos genuinamente made in Portugal?...
O velho
Chegou aos 65 anos e reformou-se. Tirou o passe de terceira idade, comprou um capacete, um par de botas de biqueira de aço e um colete reflector, pôs as mãos atrás das costas e foi para as obras mandar palpites.
terça-feira, 25 de outubro de 2022
Pessoas estranhas
Dá-me para pensar cada uma...
Desconstrução civil
O futuro está no teletrabalho
Um ano negro para os artistas
A comunicação social portuguesa ficou em choque: um annus horribilis para os artistas, Deus nos abençoe e guarde! E escreveu-se, e escreveu-se, e escreveu-se...
Ora, artistas - em bom e antigo português - são também os nossos trolhas, os nossos pedreiros e os nossos carpinteiros, por exemplo. Artistas, assim se dizia e eu continuo a dizer. Conversei na ocasião com Albano Ribeiro, o eterno presidente do Sindicato da Construção de Portugal, que me contou o seguinte:
Trinta e nove (39) operários da construção civil morreram a trabalhar, em Portugal, naquele ano. E, em quatro meses, morreram seis (6) trabalhadores portugueses em obras por essa Europa fora, número grande em tempo de drástica redução de empreitadas e ainda sem estádios para construir no Catar.
Albano Ribeiro queria falar com os senhores jornalistas acerca deste e de outros assuntos relativos aos nossos artistas. Convidou a comunicação social portuguesa para uma conferência de imprensa que deveria realizar-se numa sexta-feira a uma hora cómoda. Ninguém apareceu.
segunda-feira, 24 de outubro de 2022
As extraordinárias descobertas da ciência
Massa ao quartilho
O segredo está na pasta
Testes em massa
domingo, 23 de outubro de 2022
De bucho cheio (ou nem por isso)
Hoje é Dia Internacional do Bucho. Não se riam, por favor! Ou, se fizerem mesmo questão, riam-se à vontade! Mas hoje é Dia Internacional do Bucho. Pelo menos no Brasil é, embora eu não saiba se os brasileiros sabem. O bucho que serve para a nossa alimentação, como se dizia antigamente nas redacções da escola primária, reconheço-o arranjado de três maneiras diferentes. Estufado como se fosse tripas mas sem outro acompanhamento senão o molho, tipo moelas nomeadamente de coelho. Recheado, como no Florêncio, em Guimarães, mas aviso já os principiantes que pode ser uma tremenda desilusão e uma despesa escusada e chorada. Ou com molho verde, como eu prefiro guiá-lo cá em casa, embora não o faça há muito. E pronto. Sobre o Dia Internacional do Bucho, é o que se passa de momento.
Faziam-se homens e pronto
Missais terra-ar
Para os dois lados
sábado, 22 de outubro de 2022
Sapo a sapo
Os engolidores
Posição de missionário
Com isto das denúncias e acusações de pedofilia, a posição de missionário já não é o que era. E pelo menos da fama não se livra.
P.S. - Hoje é Dia Mundial das Missões.
A concha
sexta-feira, 21 de outubro de 2022
Que culpa é que o vinho tem?
(No próximo programa abordaremos as não menos fracturantes problemáticas do mau fígado, do mau-olhado e do mausoléu.)
Super Pop Limão Reserva 2017
Para, de pára-quedista...
Para
paradigma
paradigmático
paradigmando
parabenteando paranomásias paracronicamente parassigmáticas
parassintetizando parataxes parafernalmente paralexizadas
parangonando parágrafos paralelamente paramétricos
paragrama, paralelipípedo, paralelograma
paraliteratura paralógia, parabasicamente
paragonar paratitlos:
não paralambdacismarás!
parageusia
paraplasma, parapleura, paratiróide
parassiflítico, paratífico
parassimpático, parantipático
parafrenite, paraciesia, paracusia, parafimose
paralítico, paralisia
paraplexia, paraplégico, paralímpico, para todos
paramnésia, paraminia, paralalia, paracmástico
paracentese, paracelsismo
paramédico, paracetamol
paraldeído
paranormal
paracéfalo, parasceve, parasita, paramilitar
parapsicologia
parapeitando parasselenicamente a paralaxe
pára-raios, pára-fogo, pára-águas, pára-chuva, pára-sol
pára-vento, pára-brisas, pára-choques
Paralamas do Sucesso
pára-quedas, pára-quecas, párapente e escova dos dentes
Parafita, Paranhos
Paracleto, Paráclito, Paraíso
paramento, paraminto
parampumpum
Paramaribo, Paramos
parastática, paral
parafusaria, parafuso, parafusador, parafusação
parafina, paragrossa
paracanaxi, paracarpo, paracaúba, paracutaca, paracorola
parátipo, paraidrogénio, paramagnetismo, paraformismo, paraxial, paragénese
paráclase, paráfise
paralelinérveo, parápode, paramécia, palambulacrário, parátipo
Paradiseídeos, Paramecídeos, paradáctilo
pararaca, parati, um corneto para mim
parau, páralo, paravante, parálio
paraense, paraguaio, paranaense
paralheiro
páramo, parado, parança
parada
paradeiro, paradouro
paradela, paragem
paraninfo, paragão
para-quê
para a frente e para trás
para trás e para a frente
pára
pára Pedro, Pedro pára
stop.
P.S. - Hoje é Dia do Pára-quedista. No Brasil. Portanto hoje é Dia do Paraquedista.
quinta-feira, 20 de outubro de 2022
Compras na net
quarta-feira, 19 de outubro de 2022
Guia de marcha
Esquerdo direito ope dois
Esquerdo
Esquerdo
Esquerdo
Esquerdo direito ope dois
Esquerdo direito ope dois
Erdo
Erdo
Erdo
A raiz ao pensamento
Não há projecto que resista
Quando for pequeno
terça-feira, 18 de outubro de 2022
O predestinado
O futuro tem tempo
segunda-feira, 17 de outubro de 2022
Adivinha
Lucas, evangelista e médio ofensivo
domingo, 16 de outubro de 2022
Não estou aqui para enganar ninguém
Duas das principais especialidades da casa são o "pollo na brasa" e a "costilla de cerdo". Para além dos mais emblemáticos pratos da cozinha tradicional portuguesa, do cozido e da picanha aos diversos bacalhaus e pescada cozida com todos, passando pelo cabrito, pelo leitão, pela vitela, pelo arroz de tamboril e pelo polvo, e com capacidade para 400 - sim, quatrocentas - pessoas, tem também "francezinhas, pizzas e hamburguers". É a promessa de todo um mundo, posto que regional e com ar condicionado. A quem se apresentar com o papelinho na mão, o imenso restaurante diz que regala "una botella de viño para levar p/ casa".
Enquanto isso, duas da tarde, o sol a pique nos semáforos do cruzamento cosmopolita, um dos dois emissários do "asador" farto, generoso, climatizado, bilingue e extraordinário, por acaso o mais velho dos evangelizadores gastronómicos, abre um pequeno saco se papel castanho que trazia no bolso das calças e rapa de um lanche já encetado. Dá uma, duas dentadas e volta a guardar a sande pré-fabricada e dura no saco gorduroso e nas calças idem. Limpa a boca com as costas da mão, sacode as migalhas da camisa suada e continua a distribuir papéis. Assim, a seco.
P.S. - Hoje é Dia do Profissional da Propaganda. No Brasil.
sábado, 15 de outubro de 2022
De cabeça perdida
P.S. - Maria Antonieta foi decapitada no dia 16 de Outubro de 1793.
sexta-feira, 14 de outubro de 2022
Mãe querida, mãe querida
quinta-feira, 13 de outubro de 2022
Penteando macacos
Profissão de risco
Ovos de galo
quarta-feira, 12 de outubro de 2022
Os óculos são como os cornos
Salta aos olhos
Pontos de vista
terça-feira, 11 de outubro de 2022
É fartar, vilanagem!
P.S. - O escritor britânico Roger Lancelyn Gren, autor de "Rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda" e "Robin dos Bosques", morreu em Outubro de 1987, há quem diga que no dia 12, aos 68 anos.
A Guerra dos Cem Anos e os arredondamentos
E foi assim que começou a Guerra dos Cem Anos. Até hoje.
A Guerra dos Cem Anos chama-se Guerra dos Cem Anos porque durou cento e dezasseis anos, mas chamar Guerra dos Cento e Dezasseis Anos à Guerra dos Cem Anos não dava jeito nenhum aos historiadores e contabilistas bancários, e assim começaram os arredondamentos.
segunda-feira, 10 de outubro de 2022
Maria já não vai com as outras
domingo, 9 de outubro de 2022
sábado, 8 de outubro de 2022
Entre o binómio e o perónio
Que nós bem, graças a Deus
Isto não é como acaba, é como começa
Tácticas...
What?
sexta-feira, 7 de outubro de 2022
Mal comparando
P.S. - Hoje é Dia Mundial do Polvo.
Era um melro de ida e volta
Ora bem: há mais de trinta anos que moro na minha rua e foram precisos mais de trinta anos para que me aparecesse na rua um melro. Sim, um melro efectivamente, e apresenta-se todas as manhãs. Melro cantor que dá gosto, e lambão benza-o Deus, também vai à marmita dos gatos, um destes dias desaparece corrido a encharcado pela minha vizinha, se tiver a sorte de não ser cozinhado para alimentar os bichanos.
E eu, perante isto? Eu gostei muito que o melro tivesse dado com a minha rua e com a frente da minha casa. Grande melro! É porreiro, porque assim já somos dois...
P.S. - Publicado originalmente em Fevereiro de 2017. Entretanto o Sporting desamparou-me a loja, foi não sei para onde, se é que foi, e deu em campeão, o que é deveras lamentável e manifesto desperdício. O melro da minha rua, o meu melro, cantava sem parar o hino do FC Porto. E juro que não fui eu a ensiná-lo. Os melros, é o que têm, já nascem ensinados. Por outro lado, hoje é Dia Mundial das Aves Migratórias, que se assinala duas vezes por anos. E hoje é o segundo dia.
quinta-feira, 6 de outubro de 2022
Mais valia
O Nobel de Lobo Antunes
P.S. - A francesa Annie Ernaux, autora de "Os Anos", foi hoje anunciada pela Academia Sueca como Prémio Nobel da Literatura 2022.
O PS está farto do Governo
Já percebi tudo. O PS quer sair do Governo. O PS pretende perder as próximas eleições, e está a dar o seu melhor para que, se possível, sejam eleições antecipadas. O afã com que os socialistas exibem diariamente as suas mais íntimas imoralidades, umas atrás das outras, alardeando a impunidade e a arrogância das ditaduras, só pode ser isso. O PS não dá ponto sem nó. O PS está a fazer de propósito. Deseja passar a pasta. Este PS de António Costa faz trinta por uma linha para ser visto e julgado pelos portugueses como um bando de malfeitores, uma organização criminosa, uma família mafiosa. O PS exige ser despedido por indecente e má figura. E está no seu direito.
quarta-feira, 5 de outubro de 2022
O mordomo do Papa e os filhos da púrpura
Isto de o Papa ter mordomo e de o mordomo vestir o Papa e passear no papamóvel com o Papa e de tomar o pequeno-almoço com o Papa e de intrigalhar com o Papa e de o Papa intrigalhar com o mordomo, eles os dois no serrote, de xícara na mão e mindinho espetado, filhos da púrpura acima, filhos da púrpura abaixo, faz-me lembrar o nosso José Castelo Branco, Deus me perdoe. O "Conde" também tinha mordomo e também acabaram mal. Por amor da santa! A minha Igreja só me dá desgostos.
P.S. - Publicado originalmente no dia 3 de Outubro de 2012. O Papa era Bento XVI. Três dias depois, faz hoje exactamente dez anos, o mordomo Paolo Gabriele, julgado por "roubo agravado" de documentos confidenciais, foi condenado a 18 meses de prisão pelo Tribunal do Vaticano.
terça-feira, 4 de outubro de 2022
De mestre
segunda-feira, 3 de outubro de 2022
O amigo dos animais
Os bois chamam-se pelos nomes
Assim se chamam os bois pelos nomes.
Provavelmente a melhor vitela assada do mundo
Foto Município de Fafe |
A vitelinha guiava-se em casa, com vagar e carinho, com as voltinhas todas, se possível em forno ou fogão de lenha, e as tripas, regra geral, iam-se buscar num tachinho à Esquiça ou à Pacata, consoante a ideia que cada um tinha acerca da sua própria posição social - o que agora até dá para rir, vendo-se assim a coisa à distância...
Começava-se portanto pelas tripas, e a seguir vinha a vitela. O apetite era gerido ao milímetro, mais ou menos um bocadinho daquelas, mais ou menos um bocadinho desta - porque, como determina o princípio da impenetrabilidade da matéria, dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo, e as vacas é que têm felizmente quatro estômagos. Ora bem: a malta nova, pouco dada à tripalhada, reservava-se para a chicha com batatinha de ouro e arroz seco e solto. Mas de quando em quando reservava-se mal. Como daquela vez em que o nosso Zé não tocou no feijão. Perguntaram-lhe se estava doente, se tinha fastio, se queria um caldinho branco, se queria meter o termómetro. Que não, que não, que não e que não, respondeu respectivamente, e explicou todo gaiteiro: - Estou a guardar-me para a vitela!
Naquele domingo não havia vitela. E as tripas já tinham saído da mesa...
Agora, muita atenção: onde escrevi "tripas" e "vitela assada", deve falar-se "tripasss" e "bitela assada". À moda de Fafe. A vitela assada à moda de Fafe, quando bem trabalhada, é provavelmente a melhor vitela assada do mundo. A confraria da dita não veio ajudar nada, antes pelo contrário, mas, diga-se já agora em abono da verdade, veste e desfila que é uma categoria.
E tome nota, porque vale a pena: de quarta-feira até domingo, dando bom proveito ao feriado da implantação da República, está aí mais uma edição do Festival da Vitela Assada à Moda de Fafe. A famosa vitela assada em forno de lenha, regra geral, vinho verde, pão-de-ló e doces de gema, tudo a preço de combate. Produtos regionais, animação de rua, muita música, passeatas e actividades tradicionais. Mais informação e programa completo, aqui.
Quatro paredes caiadas
Nos princípios de 2018 havia 450 mil casas sobrelotadas e 2,5 milhões de casas subaproveitadas. Havia mais de 735 mil casas vazias, umas caindo de velhas, outras ainda por estrear. Em Portugal havia - e há - cada vez mais portugueses sem dinheiro para pagarem ao banco a prestação da casa. Os portugueses devolvem a casa ao banco, sem ondas e sem suicídios, às vezes. Em Portugal não há dinheiro para ajeitar a vida dos portugueses. E há cada vez mais portugueses morando no olho da rua. É. O País constrói-se para as visitas. Visitas gold, é preciso que se note.
Prestigiada e exclusiva, luxuosa, outra vez prestigiada e sofisticada. A Pousada. Um mundo...
Portugal tinha então cinco hotéis na lista dos 100 melhores do mundo, e em 2012 era português o melhor hotel da Península Ibérica e o melhor pequeno hotel de luxo da Europa era em Lisboa. Em Portugal havia mais de 40 hotéis de luxo. Hoje em dia devem ser mais que as mães.
E há também mais de três milhões de pobres, meio milhão de trabalhadores a salário mínimo, um milhão e meio de desempregados ou mais, entre os registados e os desarriscados, milhares e milhares e milhares de sem-abrigo, ninguém sabe ao certo quantos, e um imenso número calado de trabalhadores imigrantes tratados como escravos, ignorados farisaicamente pelo país em peso, quando não lançados sem dó nem piedade para o redondel dos cães fascisto-racistas.
domingo, 2 de outubro de 2022
A táctica do duplo pivô
sábado, 1 de outubro de 2022
O nosso homem no terreno
O bom, o mau e o sermão
P.S. - Hoje é Dia Internacional da Não Violência.