Foto TIAGO COSTA/DIREITA 3 |
(Escrevi e publiquei o que se segue no dia 8 de Abril de 2013, sob o título "Rali de Portugal: o regresso do filho pródigo". Quatro anos depois, parece que é como eu dizia. O que me satisfaz sobremaneira porque, a verdade é esta, raramente tenho razão...)
Fala-se de que o Rali de Portugal vai regressar ao Norte do País, de onde nunca deveria ter saído. Fala-se. Já se falava no ano passado e nestas coisas não faz mal nenhum ser como São Tomé, que era desconfiado e mesmo assim foi para o Céu. Mas vamos supor que sim, que isto não é só tesão à pala do enorme êxito do WRC Fafe Rally Sprint de anteontem. Duas edições, dois sucessos retumbantes - é preciso que se note. Vamos então supor que é a sério (à séria, se lido em Lisboa).
Diz-se que pode ser já para o ano. O Rali de Portugal com centro de operações e sessão-espectáculo no Porto e disputado a doer nas míticas classificativas das zonas de Fafe e Arganil. E porquê este regresso às origens? Porque, resumindo, parece que a FIA descobriu que afinal ter espectadores também dá jeito. No ano passado, a antiga piloto Michèle Mouton esteve no show da Lameirinha, na qualidade de manager do Mundial de Ralis, e ficou varada com a moldura humana que encontrou. Este ano, o próprio Jean Todt, presidente do organismo que tutela o desporto automóvel, fez questão de vir a Fafe ver para crer. Foi recebido em apoteose pela multidão e ficou encantado e convencido - rezam as crónicas.
Visivelmente entusiasmado com a paixão do povo do Norte pelos ralis, Todt terá levado que contar - decerto umas caixas do melhor verde da região e a marmita cheia de bolinhos de bacalhau e vitela assada como não há, mas sobretudo levou esta ideia, que fez muito bem em deixar também por cá: "Fafe é um bom exemplo do que devem ser os ralis".
Pois é. Mas isso já se sabia, há que anos. E que o público dos ralis é cá em cima. De Fafe e de todo o Norte, litoral e interior, da irmã Galiza e doutros sítios da Espanha mais próxima. Então porque é que levaram o Rali de Portugal ao engano para o Algarve? E porque é que Pedro Almeida, director da prova, ainda no ano passado invocava "todo um conjunto de condições imposto pela FIA [...] e questões técnicas relacionadas com o próprio campeonato" para classificar como improvável o retorno ao passado que agora se anuncia? O que é que mudou? Quem é que mudou de opinião? No fundo, quem foi que tirou o rali ao povo: a FIA ou... o ACP?
Mas pronto, o bom filho a casa torna, faça-se a festa. Hoje não tenho a menor dúvida de que o Rali de Portugal regressa ao Norte por causa de Fafe. Fafe que persistiu e investiu. Cerca de 200 mil euros, só para a edição deste ano do Rally Sprint, de acordo com José Ribeiro, presidente da autarquia. Não percebo de dinheiro, não sei se é muito ou se é pouco, mas devo admitir que julgava que fosse mais. Fafe fez bem.
Consta, portanto, que o Rali de Portugal será devolvido ao povo e ao Norte já em 2014. Consta que irá ao Porto e andará por Arganil. Se for verdade, agradeçam a Fafe.
P.S.: O Fredinho há-de estar satisfeito...
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