Versos de um
decadente
Grotas vencendo,
túneis bifurcando,
Garimpa o comboio o
Cubatão - parece
Uma enorme serpente
aos silvos curveteando,
Guizos tinindo, a
cauda e S...
Alma! Contempla o
vasto panorama.
Ergue o olhar, se
inflama,
Vê como rola célere a
torrente...
Rilha o comboio,
rilha sobre os trilhos,
Ringe entreabrindo a
luz, ronda fechando a treva;
Salta os abismos,
rasga as densas matas.
Na corrida precipite
que o leva,
Rilha o comboio,
rilha sobre os trilhos,
Entre rumores de
cascatas...
Chéu... Chéu...
Chéu...
Uma nesga de mar! A
orla da serrania!
Fremem as matas, ri a
casaria.
- O abismo... o
nevoeiro... a serra... o céu!...
Grotas vencendo,
túneis bifurcando,
Grimpa o comboio o
Cubatão - parece
Uma enorme serpente,
a cauda em S...
Como o animal bravio
Que a flecha
transpassou, ruge, redobra o salto,
Cambaleia, e de novo
arranca em disparada,
Para cair além...
para não mais se erguer.
Galga o comboio a
borda do planalto,
As entranhas em
chama, o flanco luzidio,
Num bramido possante
de metais,
Num bramido que vai
de quebrada em quebrada,
Para cansar, para
morrer
Entre coxilhas e
pinheirais.
Perdendo a vida
ardente que a acrisola,
A serpe enorme - de
aço resfriado -
Não mais ruge, nem
rilha, nem mais rola
Pelo destino que lhe
foi traçado.
Já não ruge, nem
rilha, nem mais rola...
- Tal um comboio,
após a impetuosa carreira,
Ó alma, não mais tens
a tua nevrose ardente!
Outra nova clareira
no presente?
Domingos do Nascimento
(Domingos do Nascimento nasceu no dia 31 de Maio de 1863. Morreu em 1915.)
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