Mulher nua
A água outonal é óleo azul transparente tranquilo
Sob o oiro da tarde inquieta entre os loureiros tristes
A solidão do parque estende sobre as tardes abandonadas
Um véu de silencio melancólico
Branco e profundo como o movimento ascendente de uma medusa
Quase velado pelo vidro azulado das águas
O corpo nu vem ascendendo e destrói a placidez da piscina
Cria na superfície pétalas de ondas
Agita a lâmina fugitiva do silêncio das águas
O corpo nu ondula a flor das águas que acordaram
O corpo alvo e brilhante está ágil e úmido
E de novo submerge
Entre ele e a tarde de oiro o azul líquido de novo escorre
Afunda mais
Brancos tentáculos relembram
Entre o escuro e o fundo e a flor azul das águas
No marulho mole dos pequenos turbilhões irisados
O movimento lento de uma medusa
Na câmara lenta e lânguida do aquário
Na tarde outonal os loureiros tranquilos
Estão doirados sobre a sonolência
Que vela o parque abandonado
Reynaldo Moura
(Reynaldo Moura nasceu no dia 22 de Maio de 1900. Morreu em 1965.)
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