domingo, 21 de maio de 2017

Reynaldo Moura

Mulher nua

A água outonal é óleo azul transparente tranquilo
Sob o oiro da tarde inquieta entre os loureiros tristes

A solidão do parque estende sobre as tardes abandonadas
Um véu de silencio melancólico

Branco e profundo como o movimento ascendente de uma medusa
Quase velado pelo vidro azulado das águas
O corpo nu vem ascendendo e destrói a placidez da piscina
Cria na superfície pétalas de ondas
Agita a lâmina fugitiva do silêncio das águas

O corpo nu ondula a flor das águas que acordaram
O corpo alvo e brilhante está ágil e úmido
E de novo submerge
Entre ele e a tarde de oiro o azul líquido de novo escorre

Afunda mais
Brancos tentáculos relembram
Entre o escuro e o fundo e a flor azul das águas
No marulho mole dos pequenos turbilhões irisados
O movimento lento de uma medusa
Na câmara lenta e lânguida do aquário

Na tarde outonal os loureiros tranquilos
Estão doirados sobre a sonolência
Que vela o parque abandonado

Reynaldo Moura

(Reynaldo Moura nasceu no dia 22 de Maio de 1900. Morreu em 1965.)

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