domingo, 14 de maio de 2017

Microcontos & outras miudezas 42

Tectos falsos com garantia
- Estes tectos são mesmo falsos?
- Como judas... 

Como é que se escreve a palavra apartir?
A responsável pela empresa de condomínio, licenciada e Doutora de nome próprio, precisava de escrever um aviso para colocar nas entradas do prédio e nos elevadores. Perfeita dominadora da língua portuguesa, tinha apenas uma pequenina dúvida: como é que se escreve a palavra apartir? Perguntou ao seu pessoal, que era ela, e não duvidou segunda vez. Determinou então e mandou publicar: "A Adminsitração de Condomínio informa os Srs Condominos que no próximo, dia 2 de Maio de 2017, da parte da manha, vai-se proceder a uma lavagem na garagem coletiva. Solicitamos aos Srs Condominos que retirem as suas viaturas e os bens que se danificam com a agua, dos lugares de garagem, apartir das 8:30 horas, para a sua realização."
Exactamente, apartir. A palavra apartir escreve-se da mesma forma que as palavras asseguir e afeder. Tal como porcausa. A palavra porcausa escreve-se da mesma forma que as palavras porexemplo e poracaso. Todas estas palavras obedecem ao mesmo princípio - o da ignorância.

Expediente de horário
- Fechado ou encerrado?
- Volte mais tarde...

O falar antigo (ou o fafês, se calhar)
"És um caguinchas!", chamou-lhe. "És um parrano!", chamou-lhe o outro. Todos os dias a mesma toléria, aqueles dois: colegas de escola, camaradas de armas, amigos do peito (mamaram da mesma ama), parceiros de quartilhos e do falar antigo, mas, mal se entornavam no tinto, escamavam-se por dá cá aquela palha. - Que tal a pinga? - Calar... -, isto antes do destruete. Ainda por cima, com o molageiro, calistro profissionalizado e moina residente na mesa do canto, sempre a meter o bedelho e carvão como quem não quer a coisa. Que se segue? Apartava-os o alemido - "Bonda!", mandava ele, e ia às carreiras botar água na fervura antes que desse para o torto, escarmentado por mor daquela vez em que o liorneiro pôs tudo aos tiros só por ter chamado cosmopolita ao lincréu...
Quem me contou foi o anzoneiro.

P.S.: Para rever, isto.

Era uma pessoa muito dada
Abraçou o desemprego com o mesmo entusiasmo com que abraçara a profissão. Era realmente uma pessoa muito abraçadeira...

Os tipos da dúvida, essa galdéria...
"Aqui não há qual-quer-ti-po-de-dú-vi-da", garantiu o locutor da televisão. Sou desconfiado quanto às certezas. Resolvi accionar a minha lista de verificação de tipos de dúvidas, ou, como dizemos nós, os especialistas em língua portuguesa e apugilistas do acordo ortográfico, a ultimate checklist.
E então:
- Dúvida metódica? - Não.
- Dúvida caótica? - Não.
- Dúvida cartesiana? - Não.
- Dúvida sebastiânica? - Não.
- Dúvida hiperbólica? - Não.
- Dúvida hiperbárica? - Não.
- Dúvida sensível? - Não.
- Dúvida cruel? - Não.
- Dúvida do sonho? - Não.
- Dúvida do pesadelo? - Não.
- Dúvida metafísica? - Não.
- Dúvida metaquímica? - Não.
- Dúvida razoável? - Não.
- Dúvida insensata? - Não. 
- Sombra de dúvida? - Não.
- Sol de dúvida? - Não.
- Sol na eira e chuva no nabal... da dúvida? - Não.
- Na dúvida pró réu? - Não.
- E pluribus unum? - Não.
- In vino veritas? - Não.
- Branco ou tinto? - Não. 
Pronto. Tinha razão o locutor da televisão. Não havia ali realmente "qual-quer-ti-po-de-dú-vi-da", dúvida de feitio nenhum: após as repetições, era fora-de-jogo como uma casa...

Agora é assim?!...
E o gajo chegou e disse: - Ai agora é assim?!...
E o outro respondeu: - É. 

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