segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Os moinas

Gente séria estes Miguel Macedo e José Cesário! O ministro da Administração Interna e o secretário de Estado das Comunidades do Governo da austeridade-para-todos andavam a moinar um chorudo subsídio de alojamento por não terem casa em Lisboa, mas foi-se a ver e têm. Agora que se soube da habilidade e deu escândalo, um e outro mostram ao País do pé-descalço a honradez de que afinal são feitos: o primeiro "renuncia" à mama, o segundo "abdica" da teta. Vão passar para o leite em pó.
Miguel Macedo foi o primeiro a pôr a consciência a corar. "Vou formalizar a renúncia a este direito que a lei me dá", disse ontem o ministro, apertado pelas notícias, fazendo notar que toma a decisão "por vontade pessoal" e sublinhando que o famigerado subsídio "está há muito tempo previsto na lei". Mas, atenção, mesmo apanhado de calças na mão, o acrobático governante conseguiu aproveitar a indecorosa oportunidade para dar uma de superioridade moral: "Não quero estar a perder um minuto da minha atenção com uma polémica deste género". Só por isso é que ele "renuncia" à mama! De resto, não estava a fazer nada de mal.
Macedo recebia 1.400 euros mensais só de subsídio de alojamento, que é o máximo da tabela, portanto 400 euros a mais do que o ordenado dos portugueses ricos aos quais o Governo vai roubar os subsídios de férias e de Natal para salvar o País. O seu rendimento bruto como ministro é de 4.240 euros.
José Cesário não se ficou, e horas depois fazia saber que também ele "pretende abdicar do subsídio de alojamento que lhe é atribuído por lei". E, a Cesário o que é de Cesário, toma esta altruística atitude "para não introduzir qualquer tipo de ruído na gestão política da secretaria de Estado que tutela". Só por isso é que ele "abdica" da teta. De resto, não estava a fazer nada de mal.
Reparem no chico-espertismo destes tipos. O que eles nos dizem, basicamente, é: sim, nós estávamos a mamar, mas como manda a lei; e não somos os primeiros; temos lá culpa que a lei esteja por nós!
Mas têm. São estes tipos e outros tipos como eles que fazem as leis. Leis geralmente más para a enorme maioria dos portugueses e particularmente boas para a mais pequena minoria, a dos políticos no activo e a caminho da reforma (dourada). Eles próprios! E depois ainda têm a lata de abrirem a gabardina e exibirem-se-nos em pelote e todos pudicos. Desavergonhado país da imoralidade legal...

2 comentários:

  1. Pois é Hernâni
    O MOINA disse mais ou menos isto. "vou-vos fazer o favor de prescindir deste subsídio, apesar de o mesmo ser um direito que me assiste porque está na Lei...blá blá blá..."
    Para esse ANORMAL, o que não estava na lei, nem era um direito adquirido, eram os subsídios de Férias e de Natal.
    GRANDE BESTA.
    G.J.

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  2. Ele há direitos e direitos, caro Gaspar. E os direitos daqui do pessoal do rés-do-chão não valem nada.

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