Sou eu. Como doente, sou uma nódoa, um ignorante, uma vergonha para a classe dos doentes. Devia ser expulso.
Vejam bem isto: no outro dia fui à farmácia aviar uma receita com os medicamentos do costume, remédios de manutenção que tomo há anos, e pergunta-me o farmacêutico:
- O Xpghtywçtor, como é que é a embalagem?
- Desculpe lá, mas esse é para quê? - atrapalhei-me eu, sem saber de que é que o homem estava a falar. Na verdade, era a primeira vez que me faziam perguntas destas na farmácia.
O profissional sorriu, cheio de paciência e esferográficas no bolso da bata branca, disse-me para que era o medicamento e, na posse dessa preciosa informação, eu já lhe pude explicar que era uma caixa assim e coisa e tal.
- E o Gvmkzxqumnarc? É em frasco ou...- voltou o farmacêutico à carga, e eu outra vez à nora.
- E esse é para... - pedi novamente ajuda, corado de vergonha, no meio de um estabelecimento à cunha de especialistas.
O farmacêutico parou de sorrir. E desatou a rir. Mas lá me esclareceu, e eu lá lhe respondi que sim, era em frasco.
Percebem o que eu quero dizer? Como doente, sou de uma incompetência a toda a prova. Sou uma anedota. Como é que eu posso entrar naquelas interessantes conversas de sala de espera de consultório médico, conversas de doentes como deve ser, doentes encartados, e discutir e confrontar com os meus pares colesteróis, internamentos e bicos-de-papagaio, cardiologistas, bruxas e medicamentos, se nem sei o nome dos remédios que tomo? Não posso! Não estou capacitado.
Bem vindo ao clube
ResponderEliminarAbraço
Nestes
Obrigado, Nestes, pela visita e pelo comentário. Ser do teu clube, também neste assunto, deixa-me mais descansado.
ResponderEliminarAbraço.
Podias ter mais formação nesta area, pois pertences a uma parte de familia que estavam totalmente professores doutores em tudo que a medicina receita. Abraço Miguel Doellinger
ResponderEliminarPor essas e por outras é que eu digo que sou a ovelha negra da família.
ResponderEliminarObrigado pela visita e pelo comentário, Miguel.