segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Aníbal Passos Coelho

A ver se nos entendemos. Não há crise nenhuma entre Belém e São Bento por causa das medidas de austeridade. Nem há sequer "uma tempestade num copo de água" nas relações do Presidente da República com o primeiro-ministro, como ardilosamente sugere o professor Marcelo Rebelo de Sousa, que sabe disto mais do que o Papa. Não há nada, nem podia haver. Porque Cavaco Silva e Pedro Passos Coelho são uma única e mesma pessoa em dois cargos diferentes: Aníbal Pedro António Manuel Cavaco Mamede Silva Passos Coelho, omnipresente e omnipotente, porém não omnisciente, nas chefias do Estado e do Governo. São uma espécie de Santíssima Trindade, mas em versão para dois, laica e republicana.
O falso diferendo entre ambos, que são um só, é um serviço combinado. É uma farsa para distrair o País. Ou uma fábula, com monstros e tudo. Embora denotando evidente falta de jeito, Passos Coelho e Cavaco Silva representam a cena do polícia mau e do polícia bom. Por caminhos tortuosamente diferentes - um oferecendo pancada, o outro oferecendo colo -, têm o mesmo objectivo: sacar tudo o que puderem aos suspeitos do costume. E os suspeitos do costume somos nós.

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