Dei finalmente uso ao terrenito de onze hectares que tinha comprado há coisa de três anos ali para os lados de Caminha, entre o mar e a serra. Comprado é uma forma de dizer, porque não o paguei. Não tenho dinheiro! Construí uma mansão apalaçada, com 16 quartos e sete salões, 19 casas de banho, todas com jacuzzi e paparazzi, três cozinhas, biblioteca transformada em garrafeira, ginásio, discoteca, bar de alterne, capela e kartódromo interiores, garagem para 53 automóveis, todos meus, 14 motos, todas minhas, um sidecar, meu, dois autocarros, meus, e uma retroescavadora, minha, três campos de ténis, dois campos de milho, quatro piscinas, um rio que mandei fazer de propósito e uma ligação privada à auto-estrada por túnel de 14 quilómetros em via dupla. A propriedadezinha, a que dei o nome de Quinta da Poncha, ficou-me por uma pipa de massa. A minha sorte é que mandei as contas dos arquitectos, engenheiros e empreiteiros para o tecto. Com um ordenado de mil euros por mês, eu não ganho para isto!
Chamo-lhe Quinta da Poncha para a distinguir da Primeira da Poncha, que construí em São João da Pesqueira, da Segunda da Poncha, que tenho na Manta Rota, da Terceira da Poncha, na zona do Estoril, e da Quarta da Poncha, em Ferreira do Alentejo. Todas mansões apalaçadas, envolvidas por estradas, viadutos e aquedutos navegáveis que eu mandei fazer, mas não gastei nem um cêntimo. Sou um teso! Se preciso de tudo isto?, perguntarão. Tenho uma família muito grande, e se disserem que sou só eu, a minha mulher e o nosso filho, eu nego! E se me acusarem de estar a esconder a Sexta da Poncha e a Sétima da Poncha, implantadas respectivamente na Madeira e na República Centro-Africana, eu digo que é calúnia.
Calúnia e inveja. Inveja e calúnia. Podem chamar-me manobrista financeiro, aldrabão, caloteiro, irresponsável, desgovernado, vigarista, criminoso. À vontade! A minha resposta é:
- Sim. E depois? Mas tenho obra!
Pois... e eu pergunto: Tens obra... e depois?Alguém vai ter de pagar...ou julgas que o dinheiro nasce nas bananeiras?
ResponderEliminarA minha ideia é mesmo essa: que alguém pague. Ou o último a sair que apague a luz.
ResponderEliminarBoa EVA...rsrsrs
ResponderEliminarO dinheiro não sairá das bananeiras, mas sim, do bolso dos BANANAS.
Gaspar de Jesus