Um
dominguinho como de costume e Deus manda. Missinha das onze,
homiliazinha com palavrinhas a abater e um que outro puxãozinho de
orelhas para temperar, uns acenozinhos ao rebanho, umas lambidelas
recebidas na mão santa, a do cachucho, e depois... o almocinho. O
almocinho de dominguinho: três pratos, tal qual a Santíssima Trindade e o
outro assunto que não vem ao caso. Duas horas à mesa e sempre a
dar-lhe, como se fosse castigo, penitência. "Ui! Comi que nem um abade" -
desabafou, num arroto final. "Nada de modéstias, Vossa Excelência
Reverendíssima Senhor Dom, afinal de contas sois Bispo, Bispo" - acudiu o
solícito secretário, jovem presbítero, com as maiúsculas bajuladoras
numa mão e o bicarbonato de sódio na outra.
P.S. - Publicado originalmente no dia 10 de Julho de 2016. Derivado ao coronavírus e à encomenda do afastamento social, os afazeres de hoje resumem-se ao almocinho. Deo gratias!
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