quarta-feira, 22 de abril de 2020
O que fazia falta era um 25 de Abril
Conspiravam.
Viviam numa satisfatória clandestinidade, numerados de Um a Doze. Mas
tinham as suas fontes. Geralmente bem informadas. Eram os meados da década de setenta do século passado. Na reunião de Março,
pela noute, em absoluto respeito pelas cautelas catacumbais
religiosamente estabelecidas, desligaram o aparelho de televisão por
alturas do TV 7, ligaram a telefonia no relato de um Espanha-Portugal em
hóquei em patins, colocaram os óculos e apagaram a luz, esbarraram-se
uns nos outros, partiram meia dúzia de chávenas e três copos, e os
óculos, juntaram as múltiplas informações recolhidas à socapa no mundo
exterior, assopraram-lhes cerimoniosamente o pó, decantaram-nas,
apreenderam as entrelinhas, montaram o Puzzle, que era um cavalo malhado
que dava para todos, mas à vez, pediram mais uma rodada de finos e
quatro pires de tremoços, e concluíram que estavam prontos e imperiosos.
"É preciso fazer um 25 de Abril", anunciou o Número Um. "E para quando é
que marcamos isso?", perguntou o Número Dois.
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