Pensou, líquido: - Não sei quem sou por dentro de mim. Olho-me no espelho do elevador, não
tenho por onde fugir, e vejo-me apenas por fora. O espelho do elevador é
o meu espelho único. Tento ser sincero com ele, justo comigo mesmo,
olho-me olhos nos olhos mas só vejo os olhos que olham para mim. Vejo
que os olhos que me olham vêem um velho sem passado e, parece-me, com
pressa de envelhecer ainda mais. Saio à rua e caminho sem saber quem sou
por dentro de mim.
E concluiu, sólido: - Acho que tenho a mania de que sou filósofo amador e um bocado poeta. Uma coisa é certa, sou parvo.
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