Faz anos navego o incerto
Faz anos navego o incerto.
Não há roteiros nem portos.
Os mares são de enganos
e o prévio medo dos rochedos
nos prende em falsas calmarias.
As ilhas no horizonte, miragens verdes.
Eu não queria nada além
de olhar estrelas
como quem nada sabe
para trocar palavras, quem sabe um toque
com o surdo camarote ao lado
mas tenho medo do navio fantasma
perdido em pontas sobre o tombadilho
dou a face e forma a vultos embaçados.
A lua cheia diminui a cada dia.
Não há respostas.
Queria só um amigo onde pudesse jogar o coração
como uma âncora.
"Poesias Nunca Publicadas de Caio Fernando Abreu", Caio Fernando Abreu
(Caio Fernando Abreu nasceu no dia 12 de Setembro de 1948. Morreu em 1996.)
Sem comentários:
Enviar um comentário