Caminho da verdade
Venho da rua. Um inebriamento
De formas e de cores abalou
Um momento o meu ser, onde pousou
Numa interrogação o desalento.
No silêncio do lar as mãos ansiosas
Levanto, e cerro os olhos cismador.
Todas as sombras logo em derredor
De mim vêm alinhar-se carinhosas...
Que tens, pobre amoroso? Duvidaste?
Viste só com os olhos e cegaste...
Vê com a alma, amigo. Põe constante
O coração nas coisas. Ama, crê!
A verdade é em ti, amigo, sê
Tu mesmo e achá-la-ás a todo o instante!...
"Solilóquios: Sonetos Póstumos", António Carneiro
(António Carneiro nasceu no dia 16 de Setembro de 1872. Morreu em 1930.)
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