Sombras amigas
Sombras da noite, leves como as aves,
Aconchegos e frêmitos de amores,
Que em nossas asas de esquisitas cores
Subam para o Alto os meus anseios graves.
Sombras flébeis, tenuíssimas, suaves,
Emigras de um chão de negras flores,
Levai-me as mágoas e as secretas dores
Pelas mais altas e silenciosas naves...
Ascendendo às alturas das montanhas,
Que os meus anseios de ferais entranhas,
Que todo esse clamor de ansiedade
Erre junto de nós, sombras da noite,
E numa estrela rútila se acoite,
Em busca de repouso e de piedade.
"Ascetério", Araújo de Figueiredo
(Araújo de Figueiredo nasceu no dia 27 de Setembro de 1865. Morreu em 1927.)
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