Foto Hernâni Von Doellinger |
sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014
Dá-se abraço em segunda mão
O meu amigo fazia anos e eu mandei-lhe uma SMS: "Parabéns. Abraço."
O meu amigo respondeu-me, também por SMS: "Devolvo o abraço. Obrigado."
E eu pensei: o abraço teria defeito?
O meu amigo respondeu-me, também por SMS: "Devolvo o abraço. Obrigado."
E eu pensei: o abraço teria defeito?
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014
Ruy Belo
E tudo era possível
Na minha juventude antes de ter saído
da casa de meus pais disposto a viajar
eu conhecia já o rebentar do mar
das páginas dos livros que já tinha lido
Chegava o mês de Maio era tudo florido
o rolo das manhãs punha-se a circular
e era só ouvir o sonhador falar
da vida como se ela houvesse acontecido
E tudo se passava numa outra vida
e havia para as coisa sempre uma saída
Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer
Só sei que tinha o pode duma criança
entre as coisas e mim havia vizinhança
e tudo era possível era só querer
"Homem de Palavra(s)", Ruy Belo
(Ruy Belo nasceu no dia 27 de Fevereiro de 1933. Morreu em 1978.)
Na minha juventude antes de ter saído
da casa de meus pais disposto a viajar
eu conhecia já o rebentar do mar
das páginas dos livros que já tinha lido
Chegava o mês de Maio era tudo florido
o rolo das manhãs punha-se a circular
e era só ouvir o sonhador falar
da vida como se ela houvesse acontecido
E tudo se passava numa outra vida
e havia para as coisa sempre uma saída
Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer
Só sei que tinha o pode duma criança
entre as coisas e mim havia vizinhança
e tudo era possível era só querer
"Homem de Palavra(s)", Ruy Belo
(Ruy Belo nasceu no dia 27 de Fevereiro de 1933. Morreu em 1978.)
quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014
José Mauro de Vasconcelos
A gente vinha de mãos dadas, sem pressa de nada pela rua. Totoca vinha me ensinando a vida. E eu estava muito contente porque meu irmão mais velho estava me dando a mão e ensinando as coisas. Mas ensinando as coisas fora de casa. Porque em casa eu aprendia descobrindo sozinho e fazendo sozinho, fazia errado e fazendo errado acabava sempre tomando umas palmadas. Até bem pouco tempo ninguém me batia. Mas depois descobriram as coisas e vivem dizendo que eu era o cão, que eu era capeta, gato ruço de mau pêlo. Não queria saber disso. Se não estivesse na rua eu começava a cantar. Cantar era bonito. Totoca sabia fazer outra coisa além de cantar, assobiar. Mas eu por mais que imitasse, não saía nada. Ele me animou dizendo que era assim mesmo, que eu ainda não tinha boca de soprador. Mas como eu não podia cantar por fora, fui cantando por dentro. Aquilo era esquisito, mas se tornava muito gostoso. E eu estava me lembrando de uma música que Mamãe cantava quando eu era bem pequenininho. Ela ficava no tanque, com um pano amarrado na cabeça para tapar o sol. Tinha um avental amarrado na barriga e ficava horas e horas, metendo a mão na água, fazendo sabão virar muita espuma. Depois torcia a roupa e ia até a corda. Prendia tudo na corda e suspendia o bambu. Ela fazia igualzinho com todas as roupas. Estava lavando a roupa da casa do Dr. Faulhaber para ajudar nas despesas da casa. Mamãe era alta, magra, mas muito bonita. Tinha uma cor bem queimada e os cabelos pretos e lisos. Quando ela deixava os cabelos sem prender, dava até na cintura. Mas bonito era quando ela cantava e eu ficava junto aprendendo.
"O Meu Pé de Laranja Lima", José Mauro de Vasconcelos
(José Mauro de Vasconcelos nasceu no dia 26 de Fevereiro de 1920. Morreu em 1980.)
terça-feira, 25 de fevereiro de 2014
Nova estação de passageiros de Leixões
Foto Hernâni Von Doellinger |
Estão neste pé as obras de construção da nova estação de passageiros do Porto de Leixões. A inauguração foi-me prometida para "meados do primeiro semestre de 2014". E é bem capaz: afinal a 25 de Maio há eleições...
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Cesário Verde
De tarde
Naquele "pic-nic" de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o Sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
"O Livro de Cesário Verde", Cesário Verde
(Cesário Verde nasceu no dia 25 de Fevereiro de 1855. Morreu em 1886.)
Naquele "pic-nic" de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o Sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
"O Livro de Cesário Verde", Cesário Verde
(Cesário Verde nasceu no dia 25 de Fevereiro de 1855. Morreu em 1886.)
segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014
Rosalía de Castro
¡Pra a Habana!
(...)
Este vaise i aquel vaise,
e todos, todos se van,
Galicia, sin homes quedas
que te poidan traballar.
Tés, en cambio, orfos e orfas
e campos de soledad,
e nais que non teñen fillos
e fillos que non tén pais.
E tés corazóns que sufren
longas ausencias mortás,
viudas de vivos e mortos
que ninguén consolará.
(...)
"Follas Novas", Rosalía de Castro
(Rosalía de Castro nasceu no dia 24 de Fevereiro de 1837. Morreu em 1885.)
(...)
Este vaise i aquel vaise,
e todos, todos se van,
Galicia, sin homes quedas
que te poidan traballar.
Tés, en cambio, orfos e orfas
e campos de soledad,
e nais que non teñen fillos
e fillos que non tén pais.
E tés corazóns que sufren
longas ausencias mortás,
viudas de vivos e mortos
que ninguén consolará.
(...)
"Follas Novas", Rosalía de Castro
(Rosalía de Castro nasceu no dia 24 de Fevereiro de 1837. Morreu em 1885.)
domingo, 23 de fevereiro de 2014
Deixem a Lagoa em paz. O povo que diga.
Foto Hernâni Von Doellinger |
Leio no jornal da minha terra que a "Lagoa foi discutida no Parlamento". Ainda bem. Não foi nada "discutida", mas façamos de conta: as senhoras deputadas e os senhores deputados da Nação sabem muito de Lagoa (sobretudo se for no Algarve) e dali, da Assembleia do Parlapié, Praça de São Bento 1249-068 Lisboa, há-de sair certamente decisão sábia, dentro de 30 ou de 300 dias, consoante e se não chover. Os zeros são à direita como se fossem à esquerda.
Se quiserem uma opinião palerma e rápida sobre a Lagoa de cá de cima, a nossa Lagoa, a Lagoa de verdade e que nos interessa, perguntem-me a mim que não sou doutor. Ou, vá lá, perguntem ao povo do lugar, mas desta vez sem jigajogas partidárias. E, já agora, deixem-se de merdas, entendam-se: custa assim tanto ser pessoa honrada?
A Lagoa como pretexto para a chicana política, estou em crer, nem ao diabo lembraria...
sábado, 22 de fevereiro de 2014
Paulo Fonseca, o outro Passos Coelho
Adeus tristeza, até depois
Ao meu ídolo fugiu-lhe o pé para a jogada de marketing. Relevo. Gosto dele e conta-me palavras como só mais um ou dois. Cá o espero, como sempre.
P.S. - Aos senhores jornalistas: leiam qualquer coisinha antes de escreverem de "emigrou" acima e de "emigrou" abaixo, assunto de que nem fazem ideia. De graça, leiam aqui, se quiserem.
P.S. - Aos senhores jornalistas: leiam qualquer coisinha antes de escreverem de "emigrou" acima e de "emigrou" abaixo, assunto de que nem fazem ideia. De graça, leiam aqui, se quiserem.
Vendo pontos de vista para o mar
Eu tenho uma certa maneira de ver as coisas, isso é verdade. Mas não tenho um prisma, uma óptica, sequer um ângulo que se diga. Tivesse-os eu, e vendia-os.
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014
Coelho Neto
Revistas as últimas provas do conto de Aurélio Mendes o Anacharsis dos "Idílios pagãos", Paulo Jove arredou a cadeira e pôs-se de pé, desabafando. Doía-lhe a espinha e, como havia fumado quase todo o maço de cigarros, tinha a boca amarga e áspera, os olhos ardidos, não só do fumo e da claridade intensíssima das lâmpadas elétricas, como da fixidez atenta em que os mantinha desde as sete e meia até àquela hora alta da noite.
Curvou-se de mãos nas ilhargas, d'ímpeto esticou os braços, arrojou-os à frente com um ahn! surdo de atleta que exercita os músculos entorpecidos e desabou-os depois, com força, sacudindo-se todo, virando, revirando a cabeça, como em ânsia angustiosa. Levantou-os, de novo, acima da cabeça, as mãos juntas, estrincando os dedos enclavinhados e bocejou, espichando-se nas pontas dos pés caindo depois, rijamente, sobre os tacões.
Já as primeiras páginas haviam descido para a clichagem. Embaixo, martelavam pancadas crebas, como de matracas. A caldeira reboava num retroar soturno de caverna que repercutisse, sem descontinuar, o gorgorejo possante de águas encachoeiradas.
Na sala da revisão, estreita e abafada, mal comportando as quatro mesas de serviço, os revisores repousavam; apenas o Brites, esgalgado e míope, lia o antigo de fundo, todo em períodos lamentosos augurando fome e lutas; e o Amaro, conferente, acusando a pontuação de quando em quando batia na mesa pancadas secas com um lápis ou dizia claramente uma palavra, repetindo-a devagar, sílaba a sílaba, enquanto o Brites, debruçado sobre a prova, fazia a emenda resmungando.
O Malheiros, em mangas de camisa, suado, afogueado, derreava-se na cadeira, com a cabeça no respaldo, fumando, de olhos distraidamente cravados no teto, de onde escorriam os fios oscilantes das lâmpadas elétricas. O Bruno, abaçanado, raquítico, nervoso, sempre a calcar sobre a mola flácida do pince-nez, que lhe escorregava do nariz tressuante, todo pendido para o Freire, com uma rosa murcha à botoeira, silvava endecassílabos, preconizando a grande Arte do Mendonça, o inimitável cinzelador do "Fauno Trêmulo".
"Turbilhão", Coelho Neto
(Coelho Neto nasceu no dia 21 de Fevereiro de 1864. Morreu em 1934.)
(Coelho Neto nasceu no dia 21 de Fevereiro de 1864. Morreu em 1934.)
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014
Almirante Portas: dos submarinos aos porta-aviões
Foto Hernâni Von Doellinger |
"Petiscou queijo, comprou um frasco de piri-piri, provou presunto de porco bísaro, deliciou-se com pastéis de bacalhau, recebeu um chapeuzinho de chocolate, fez pausa para cafés e aceitou beber alguns goles de vinho. «Tenho de me manter sóbrio», disse Paulo Portas", num episódio muito bem contado pelo Público. O Irrevogável foi ontem ao Salão Internacional do Sector Alimentar e Bebidas e, "no final de hora e meia de visita em passo acelerado e em ziguezague pelos corredores", saiu-se com a tirada da ordem, a tirada que é atirada para os jornais, o sound bite que às vezes calha mal: as exportações são "o porta-aviões da recuperação" do País - disse o alegado vice-primeiro-ministro do país bêbado a pão e água.
É queda. Primeiro foram os submarinos, agora são os porta-aviões com piripiri e chapeuzinho de chocolate. Que ausência de presença do nosso almirante honorário! Freud também explicaria, mas, descomplicando, prefiro pluralizar a mais célebre tirada do meu querido tio Zé da Bomba: só temos quem nos foda. E siga a marinha...
terça-feira, 18 de fevereiro de 2014
António Aleixo 2
Os vendilhões do templo
Deus disse: faz todo o bem
Neste mundo, e, se puderes,
Acode a toda a desgraça
E não faças a ninguém
Aquilo que tu não queres
Que, por mal, alguém te faça.
Fazer bem não é só dar
Pão aos que dele carecem
E à caridade o imploram,
É também aliviar
As mágoas dos que padecem,
Dos que sofrem, dos que choram.
E o mundo só pode ser
Menos mau, menos atroz,
Se conseguirmos fazer
Mais p'los outros que por nós.
Quem desmente, por exemplo,
Tudo o que Cristo ensinou.
São os vendilhões do templo
Que do templo ele expulsou.
E o povo nada conhece...
Obedece ao seu vigário,
Porque julga que obedece
A Cristo - o bom doutrinário.
"Este Livro Que Vos Deixo...", António Aleixo
(António Aleixo nasceu no dia 18 de Fevereiro de 1899. Morreu em 1949.)
Deus disse: faz todo o bem
Neste mundo, e, se puderes,
Acode a toda a desgraça
E não faças a ninguém
Aquilo que tu não queres
Que, por mal, alguém te faça.
Fazer bem não é só dar
Pão aos que dele carecem
E à caridade o imploram,
É também aliviar
As mágoas dos que padecem,
Dos que sofrem, dos que choram.
E o mundo só pode ser
Menos mau, menos atroz,
Se conseguirmos fazer
Mais p'los outros que por nós.
Quem desmente, por exemplo,
Tudo o que Cristo ensinou.
São os vendilhões do templo
Que do templo ele expulsou.
E o povo nada conhece...
Obedece ao seu vigário,
Porque julga que obedece
A Cristo - o bom doutrinário.
"Este Livro Que Vos Deixo...", António Aleixo
(António Aleixo nasceu no dia 18 de Fevereiro de 1899. Morreu em 1949.)
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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014
domingo, 16 de fevereiro de 2014
sábado, 15 de fevereiro de 2014
Ontem foi Dia dos Namorados
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014
Agostinho da Silva
Meu caro amigo:
Do que você precisa, acima de tudo, é de se não lembrar do que eu lhe disse; nunca pense por mim, pense sempre por você; fique certo de que mais valem todos os erros, se forem cometidos segundo o que pensou e decidiu, do que todos os acertos, se eles foram meus, não seus. Se o criador o tivesse querido juntar muito a mim, não teríamos talvez dois corpos distintos ou duas cabeças também distintas. Os meus conselhos devem servir para que você se lhes oponha. É possível que, depois da oposição, venha a pensar o mesmo que eu; mas nessa altura já o pensamento lhe pertence. São meus discípulos, se alguns tenho, os que estão contra mim; porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de se não conformarem.
"Sete Cartas a Um Jovem Filósofo", Agostinho da Silva
(Agostinho da Silva nasceu no dia 13 de Fevereiro de 1906. Morreu em 1994.)
Do que você precisa, acima de tudo, é de se não lembrar do que eu lhe disse; nunca pense por mim, pense sempre por você; fique certo de que mais valem todos os erros, se forem cometidos segundo o que pensou e decidiu, do que todos os acertos, se eles foram meus, não seus. Se o criador o tivesse querido juntar muito a mim, não teríamos talvez dois corpos distintos ou duas cabeças também distintas. Os meus conselhos devem servir para que você se lhes oponha. É possível que, depois da oposição, venha a pensar o mesmo que eu; mas nessa altura já o pensamento lhe pertence. São meus discípulos, se alguns tenho, os que estão contra mim; porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de se não conformarem.
"Sete Cartas a Um Jovem Filósofo", Agostinho da Silva
(Agostinho da Silva nasceu no dia 13 de Fevereiro de 1906. Morreu em 1994.)
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014
Sabedoria?
Eu sabia tudo. Palavra de honra, eu sabia tudo de tudo. Depois cresci e deixei de ter certezas. Certeza nenhuma. Disseram-me que me fizera homem, com muito atraso, mas que sim. Não sei...
terça-feira, 11 de fevereiro de 2014
segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014
As galochas, da parolice à passarela
As mulheres do campo sempre andaram de galochas. Antigamente uma mulher de galochas era de rir, era parola. Agora andar de galochas é moda, as mulheres vão de galochas para o escritório e para o café. Fico à espera do avental. Ainda hei-de ver as madamas a tomarem chá de mindinho esticado e com um molho de couves à cabeça.
domingo, 9 de fevereiro de 2014
Um bobsleigh em segunda mão
Foto Hernâni Von Doellinger |
No tempo dos sonhos eu tive um: comprar um bobsleigh em segunda mão, pegar na mulher, no filho e no futuro e mudarmo-nos os quatro para Santiago de Compostela, que era o estrangeiro que me estava mais à mão e nós gostávamos razoavelmente derivado às ruinhas, às tapas e às cañas e por a bem dizer nem ser estrangeiro. Melhor dito, gostamos muito. Mas hoje em dia: a Galiza anda tão à rasca como a gente, já não é oficialmente estrangeiro e saraiva por mais que saraive, ainda que em galego, não é neve nem embala. Ia fazer o quê com o bobsleigh na Praça do Obradoiro? Do Obradoiro. Ainda por cima, os gandulos do lado de cá cortaram-me as vazas, entesaram-me até ao cutão. Desisti portanto do bobsleigh e tirei o passe do metro para a Senhora da Hora. Segundo julgo saber, na Senhora da Hora não neva há variados anos por uma questão de princípio. Que se segue: de bolsos vazios e sonhos roubados, fico olimpicamente em casa à espera do Verão de que não gosto. Sem bobsleigh, sem ruinhas, sem tapas e sem cañas. Uma seca que só visto.
Sou dado a invernos. Melhor que chova em Santiago. E que neve e que gele. Ou então nada disso, que ao ponto a que chegámos também não interessa, mas Santiago, sempre Santiago, mesmo sem bobsleigh e ainda que faça sol. Um dia destes lá iremos, eu, a mulher, o filho e o futuro - pobres e a pé, se Deus quiser, mas vamos. E tem de ser rápido, antes que uns certos e determinados bandalhos nos matem à fome em primeira mão.
sábado, 8 de fevereiro de 2014
O preço do brushing
Disseram-me que me faziam um brushing por quatro euros e meio. O panfleto metido na caixa do correio sugere que se trata de uma promoção para o "Mês do Amor", e eu acho que compreendo, embora seja um gajo antigo, do tempo em que nem havia Dia dos Namorados. Quatro euros e meio são novecentos escudos: sinceramente não sei se isto é uma pechincha ou marketing enganador, estou por fora do mercado, não ando por aí a apreçar o brushing, e ainda não decidi se gosto que mo façam em salding, mas percebo a ideia.
Ao contrário do que os falsos moralistas cuidam, o brushing é uma coisa como outra qualquer. Faz parte. Por exemplo: muitas mulheres gostam e têm muita pena de não fazerem brushing por causa do atraso de vida dos seus respectivos, que só admitem o brushing na cabeça das outras e gabam-se. Fariseus de carregar pela boca.
O panfleto oferece também "Nuances", por quinze euros e meio, "Extenções" por trinta euros e meio, e "Alisamento (tudo incluído)", por trinta e cinco euros e meio. Colocada assim a questão, não digo que não vá lá, embora precise de pedir um empréstimo ao banco. Trinta e cinco euros e meio são sete contos e quinhentos, mas, valha-me Deus, é "alisamento" e com "tudo incluído".
Oito euros e meio custa o "brushing+corte". Preços comparados, até parece barato, mas nesse é que não me apanham - vi uma vez num filme, chamava-se "O Império dos Sentidos". Dasse!...
Ao contrário do que os falsos moralistas cuidam, o brushing é uma coisa como outra qualquer. Faz parte. Por exemplo: muitas mulheres gostam e têm muita pena de não fazerem brushing por causa do atraso de vida dos seus respectivos, que só admitem o brushing na cabeça das outras e gabam-se. Fariseus de carregar pela boca.
O panfleto oferece também "Nuances", por quinze euros e meio, "Extenções" por trinta euros e meio, e "Alisamento (tudo incluído)", por trinta e cinco euros e meio. Colocada assim a questão, não digo que não vá lá, embora precise de pedir um empréstimo ao banco. Trinta e cinco euros e meio são sete contos e quinhentos, mas, valha-me Deus, é "alisamento" e com "tudo incluído".
Oito euros e meio custa o "brushing+corte". Preços comparados, até parece barato, mas nesse é que não me apanham - vi uma vez num filme, chamava-se "O Império dos Sentidos". Dasse!...
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014
Entre o requinte e o requente
A diferença entre requintado e requentado passa quase despercebida. No arroz de marisco é que se nota mais.
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014
Padre António Vieira
Príncipes, reis, imperadores, monarcas do mundo: vedes a ruína dos vossos reinos, vedes as aflições e misérias dos vossos vassalos, vedes as violências, vedes as opressões, vedes os tributos, vedes as pobrezas, vedes as fomes, vedes as guerras, vedes as mortes, vedes os cativeiros, vedes a assolação de tudo? Ou o vedes ou o não vedes. Se o vedes, como o não remediais? E, se o não remediais, como o vedes? Estais cegos. Príncipes, eclesiásticos, grandes, maiores, supremos, e vós, ó prelados, que estais em seu lugar: vedes as calamidades universais e particulares da Igreja, vedes os destroços da fé, vedes o descaimento da religião, vedes o desprezo das leis divinas, vedes o abuso dos costumes, vedes os pecados públicos, vedes os escândalos, vedes as simonias, vedes os sacrilégios, vedes a falta da doutrina sã, vedes a condenação e perda de tantas almas, dentro e fora da cristandade? Ou o vedes ou não o vedes. Se o vedes, como não o remediais, e, se o não remediais, como o vedes? Estais cegos. Ministros da República, da Justiça, da Guerra, do Estado, do Mar, da Terra: vedes as obrigações que se descarregam sobre vosso cuidado, vedes o peso que carrega sobre vossas consciências, vedes as desatenções do Governo, vedes as injustiças, vedes os roubos, vedes os descaminhos, vedes os enredos, vedes as dilações, vedes os subornos, vedes as potências dos grandes e as vexações dos pequenos, vedes as lágrimas dos pobres, os clamores e gemidos de todos? Ou o vedes ou o não vedes. Se o vedes, como o não remediais? E, se o não remediais, como o vedes? Estais cegos.
"Sermões", Padre António Vieira
(António Vieira nasceu no dia 6 de Fevereiro de 1608. Morreu em 1697.)
"Sermões", Padre António Vieira
(António Vieira nasceu no dia 6 de Fevereiro de 1608. Morreu em 1697.)
quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014
História, memória e património de Fafe 2
O livro "Fafe - História, Memória e Património" é apresentado depois de amanhã, sexta-feira, dia 7 de Fevereiro, pelas 21h30, na FNAC do Shopping Braga Parque, em Braga. Trata-se de um trabalho
conjunto de Daniel Bastos e José Pedro Fernandes (fotografia), com
tradução de Paulo Teixeira e prefácio do fotógrafo francês Gérald
Bloncourt. A apresentação estará a cargo do professor José Gama, da Universidade Católica de Braga.
Contra todos os riscos
terça-feira, 4 de fevereiro de 2014
Pragmatismo à portuguesa 4
João de Barros
Triste
Soubesses tu, ó meu Amor, que a Vida
Não é senão a febre do momento,
Estrela de alva que, no firmamento,
Logo se apaga apenas é nascida...
Soubesses tu que uma ilusão perdida
Não traz só desespero ou sofrimento,
Mas o remorso, a dor de pensamento
Que sente, agonizando, um suicida...
E talvez, e talvez menos severa
Visses no coração que se exaspera
E te magoa, à força de te amar,
Um coração tristíssimo e cansado
De ter sonhado, e desejado e amado
Tudo o que Vida nunca lhe quis dar...
"Humilde Plenitude", João de Barros
(João de Barros nasceu no dia 4 de Fevereiro de 1881. Morreu em 1960.)
Soubesses tu, ó meu Amor, que a Vida
Não é senão a febre do momento,
Estrela de alva que, no firmamento,
Logo se apaga apenas é nascida...
Soubesses tu que uma ilusão perdida
Não traz só desespero ou sofrimento,
Mas o remorso, a dor de pensamento
Que sente, agonizando, um suicida...
E talvez, e talvez menos severa
Visses no coração que se exaspera
E te magoa, à força de te amar,
Um coração tristíssimo e cansado
De ter sonhado, e desejado e amado
Tudo o que Vida nunca lhe quis dar...
"Humilde Plenitude", João de Barros
(João de Barros nasceu no dia 4 de Fevereiro de 1881. Morreu em 1960.)
Xosé María Álvarez Blázquez
Era un airiño soave
que se ergueu pola mañán
e viña de non se sabe.
Era un recendo de rosas
da roseira de ningures,
que se metéu pola porta.
Era unha cantiga leda
que nascía non sei onde
e petaba na fiestra.
Era unha gracia sotil
que baixaba das estrelas...
¡Eras tí!
que se ergueu pola mañán
e viña de non se sabe.
Era un recendo de rosas
da roseira de ningures,
que se metéu pola porta.
Era unha cantiga leda
que nascía non sei onde
e petaba na fiestra.
Era unha gracia sotil
que baixaba das estrelas...
¡Eras tí!
"Roseira do Teu Mencer", Xosé María Álvarez Blázquez
(Xosé María Álvarez Blázquez nasceu no dia 4 de Fevereiro de 1915. Morreu em 1985.)
Almeida Garrett
Olhos negros
Por teus olhos negros, negros,
Trago eu negro o coração,
De tanto pedir-lhe amores...
E eles a dizer que não.
E mais não quero outros olhos,
Negros, negros como são;
Que os azuis dão muita esp'rança
Mas fiar-me eu neles, não.
Só negros, negros os quero;
Que, em lhes chegando a paixão,
Se um dia disserem sim...
Nunca mais dizem que não.
"Folhas Caídas e Outros Poemas", Almeida Garrett
(Almeida Garrett nasceu no dia 4 de Fevereiro de 1799. Morreu em 1854.)
Por teus olhos negros, negros,
Trago eu negro o coração,
De tanto pedir-lhe amores...
E eles a dizer que não.
E mais não quero outros olhos,
Negros, negros como são;
Que os azuis dão muita esp'rança
Mas fiar-me eu neles, não.
Só negros, negros os quero;
Que, em lhes chegando a paixão,
Se um dia disserem sim...
Nunca mais dizem que não.
"Folhas Caídas e Outros Poemas", Almeida Garrett
(Almeida Garrett nasceu no dia 4 de Fevereiro de 1799. Morreu em 1854.)
segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014
Assis Pacheco
Que sortudo que eu sou. Acabei de me encontrar, agora mesmo na RTP2, com o Fernando Assis Pacheco, com o Paco Feixó e com outros velhos amigos do lado de cá do Minho que eu já não via há que tempos e não me conhecem de lado nenhum. Caralho, gajos porreiros. Gajos porreiros! Para além de me matarem as saudades que tinha deles, tornaram-me à minha querida Galiza. Não é preciso ter sorte?
(Escrevi e publiquei no dia 4 de Fevereiro de 2012. Podia ter sido hoje.)
(Escrevi e publiquei no dia 4 de Fevereiro de 2012. Podia ter sido hoje.)
O futebol realmente
Foto Hernâni Von Doellinger |
1. Aos domingos de manhã eles lá estão e são os meus ídolos. Jogam à bola porque gostam, são amigos e compinchas, para além disso dá-lhes imenso jeito ganhar apetite para o almoço, Deus os farture. Jogam a sério, estão organizados, tenho visto assembleias gerais antes dos prélios. Há os da praia seca e, no quintal dos fundos, os da praia molhada. A paixão pelo futebol é a mesma, tremenda e pura. São amadores como quer dizer a palavra. Estes homens nunca se disporiam a ir à Madeira apenas para passear camisolas, teriam vergonha. E a ilha podia afundar.
X. Os jornalistas portugueses estão muito preocupados e preocuparam o País por causa dos ex-jogadores profissionais de futebol que já não são ricos. Falam de Jorge Cadete, de António Veloso, de Fernando Mendes, o magro, de Porsches, de mais de 17 mil euros por mês, de ganhos de um milhão de euros numa carreira, de Rendimento Social de Inserção, da esmola de amigos. E recomendam-nos que sejamos culpados e tenhamos pena.
2. O Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol prepara um documento de apoio aos jornalistas portugueses que são despedidos às carradas e passam fome.
P.S. - Não é para me gabar, mas a foto é mesmo um mimo: até tem bola! No tempo do jornalismo, ter bola era condição sine qua non para um boa fotografia de um jogo de futebol. Se não havia bola, ia-se buscar o esférico a outro retrato qualquer e colava-se na fotografia que seguia para publicação. Era o photoshop na ponta da tesoura.
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domingo, 2 de fevereiro de 2014
Gourmet? Nos tomates, se faz favor.
Lembram-se da lojinha tipo "regional gourmet" que abriu do outro lado da minha estrada? Fechou. Estava em pousio desde o princípio do ano, arejou naquele sábado que aqui contei, acreditei-me, mas no sábado seguinte - fez ontem oito dias - veio uma carrinha limpar as escanzeladas prateleiras, três sacos de plástico bastaram e lá se foi mais um posto de trabalho, que é o que a mim me importa.
Fico infeliz por ter razão: o conceito era um treta. Esta gente não sabe o que é massa com bacalhau e o prato a esbordar.
Fico infeliz por ter razão: o conceito era um treta. Esta gente não sabe o que é massa com bacalhau e o prato a esbordar.
sábado, 1 de fevereiro de 2014
Fernando Assis Pacheco
De como fiz a minha iniciação desportiva, hesitando entre a arte de guarda-redes e a de pedróbolo da quinta do Lopes
O Eusébio marca livres de 30 metros, o Artur Jorge chuta em moinho, o Dinis faz fintas à bandeirola de canto, mas eu fui o maior craque da Rua Guerra Junqueiro e está para nascer um sucessor digno desse título.
A Rua Guerra Junqueira continua no mesmo sítio, isto é, em Coimbra, capital da Beira Litoral, e creio que já de nascença tinha o quintal do Luís Marques (12x2,5m) com a parede do prédio à esquerda de quem desce as escadas e um muro infelizmente não muito alto à direita, que era por onde galgávamos para o quintal do Lopes à procura da chincha. Uma tarde, estava o craque nos cinco anos, ouviu-se a frase entre todas decisiva:
"E se o miúdo jogasse à baliza?"
Vi-me subitamente presenteado com um boné e dois lenços de assoar para as joelheiras. A maltózia era mais velha, nove, dez anos, e num relance percebi que o meu futuro desportivo, assaz brilhante nas épocas seguintes, poderia nem sequer começar. Ora como isto de futebóis mais vale um mergulho para o fotógrafo do que dois meses no banco dos suplentes, o craque enfiou o boné bem enfiado na tola, arreganhou o pior dos sorrisos (grr!) e dispôs-se a gravar o nome completo sobre o cimento do quintal. É claro que a minha equipa ganhou: nem seria nunca de outro modo, pois logo à primeira investida do Tó Mané Magalhães esfola gatos mata cães fui-me a ele, encostei delicadamente a biqueira do sapato esquerdo ao tornozelo do artista, fiz força (uma força "do catarino", como então se dizia) e apliquei-lhe o acelerador com algumas ganas e sobeja intenção de brilhar. O Tó Mané desandou para as escadas agarrado ao tornozelo. Perguntaram-lhe se queria que trouxessem a bilha de água.
"Quero, pois", urrou. "Quero a bilha e quero um calhau pra partir os focinhos a esse gajo do cento e dezoito!"
Nessa tarde, afora o incidente relatado supra, correu tudo à medida dos meus mais veementes desejos: cinco defesas em reboleta, três por cima das sardinheiras, enfim um penáltie socado por cima do muro que ainda estou a ver o Luís Marques muito chagado explicando-me assim:
O Eusébio marca livres de 30 metros, o Artur Jorge chuta em moinho, o Dinis faz fintas à bandeirola de canto, mas eu fui o maior craque da Rua Guerra Junqueiro e está para nascer um sucessor digno desse título.
A Rua Guerra Junqueira continua no mesmo sítio, isto é, em Coimbra, capital da Beira Litoral, e creio que já de nascença tinha o quintal do Luís Marques (12x2,5m) com a parede do prédio à esquerda de quem desce as escadas e um muro infelizmente não muito alto à direita, que era por onde galgávamos para o quintal do Lopes à procura da chincha. Uma tarde, estava o craque nos cinco anos, ouviu-se a frase entre todas decisiva:
"E se o miúdo jogasse à baliza?"
Vi-me subitamente presenteado com um boné e dois lenços de assoar para as joelheiras. A maltózia era mais velha, nove, dez anos, e num relance percebi que o meu futuro desportivo, assaz brilhante nas épocas seguintes, poderia nem sequer começar. Ora como isto de futebóis mais vale um mergulho para o fotógrafo do que dois meses no banco dos suplentes, o craque enfiou o boné bem enfiado na tola, arreganhou o pior dos sorrisos (grr!) e dispôs-se a gravar o nome completo sobre o cimento do quintal. É claro que a minha equipa ganhou: nem seria nunca de outro modo, pois logo à primeira investida do Tó Mané Magalhães esfola gatos mata cães fui-me a ele, encostei delicadamente a biqueira do sapato esquerdo ao tornozelo do artista, fiz força (uma força "do catarino", como então se dizia) e apliquei-lhe o acelerador com algumas ganas e sobeja intenção de brilhar. O Tó Mané desandou para as escadas agarrado ao tornozelo. Perguntaram-lhe se queria que trouxessem a bilha de água.
"Quero, pois", urrou. "Quero a bilha e quero um calhau pra partir os focinhos a esse gajo do cento e dezoito!"
Nessa tarde, afora o incidente relatado supra, correu tudo à medida dos meus mais veementes desejos: cinco defesas em reboleta, três por cima das sardinheiras, enfim um penáltie socado por cima do muro que ainda estou a ver o Luís Marques muito chagado explicando-me assim:
"Vais lá tu que é pr'aprenderes a não armar ao Barrigana, òviste?" Fui, sim senhor, e deliciado. Daí a pouco terminava o prélio: vitória dos Portas Pares, um convite ad aeternum para aparecer sempre que entendesse. Durante mais de sete anos não faltei ao compromisso.
Como depois da jogatana era preciso secar as camisas, Luís Marques e seus muchachos costumavam trespassar-se até ao quintal do Lopes e entreter os derradeiros ócios antes da sopa da noite com um exercício de arremesso. Destarte me tornei o mais artilheiro dos pedróbolos da rua, com um saldo de catorze gatos só na semana de estreia. Quando ouço contar que o Zsivotzky lança o martelo a - setenta metros e tal, batendo com isso os máximos reconhecidos e a reconhecer, debruço-me na janela da Travessa do Patrocínio e,
deitando a bia fora, ponho-me a pensar em quanto é cruel o mundo dos homens. Um recordista mundial que não dá nem uma calhoada num gato - então isto chama-se pontaria?
"Memórias de Um Craque", Fernando Assis Pacheco
(Fernando Assis Pacheco nasceu no dia 1 de Fevereiro de 1937. Morreu em 1995.)
deitando a bia fora, ponho-me a pensar em quanto é cruel o mundo dos homens. Um recordista mundial que não dá nem uma calhoada num gato - então isto chama-se pontaria?
"Memórias de Um Craque", Fernando Assis Pacheco
(Fernando Assis Pacheco nasceu no dia 1 de Fevereiro de 1937. Morreu em 1995.)
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