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segunda-feira, 24 de março de 2025

Turistas de natureza

Mal rompeu o dia, e não foi bem um romper, foi um aparecer pé ante pé, saltaram aos magotes para o Passeio Atlântico, ali em baixo. São fáceis de identificar, famílias inteiras vestidas de fato-treino de domingo e telemóvel armado em máquina fotográfica, só lhes falta o merendeiro. Querem saber com os próprios olhos se a Praia de Matosinhos foi engolida pelo temporal que deu nas televisões, se pura e simplesmente desapareceu do mapa. Ficam desiludidos: a praia ali estava normalíssima da silva, descansada da vida, inteira, cheia de areia e de gente a jogar beach tennis, que é o que está a dar. Os magotes desmobilizam, as famílias tornam a casa, telemóveis murchos, num desgosto que só visto. Vão comer frango de churrasco, comprado a meio caminho, e assistir à desgraça como deve ser nas televisões. As televisões não falham. Para a semana, se Deus quiser, vão de bicicleta visitar um eucaliptal que é uma categoria. São turistas de natureza. Quero dizer: de natureza... duvidosa.

Foi tempo!...

Foto Hernâni Von Doellinger

segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Pronto, já me estragaram o Natal

"O Natal este ano não vai ter chuva, mas o tempo frio vai manter-se ao longo de toda a semana", avisa o sítio da Rádio Renascença na internet, e eu à espera do sol de Copacabana. Parece impossível, frio, em Portugal, em Dezembro. Será do tempo?

sábado, 21 de dezembro de 2024

Aproveite o Natal: vá para a cama!

Está fresquinho, não está? Olhe! Aproveite estes dias abençoados, ou a quadra, como muito bem dizem os mais fervorosos natalistas. Fique em casa, leia, escreva, pense, ou não pense, se conseguir, e todas as tardes durma um sono, ou dois, consoante a disposição e a companhia, e dormir é aqui uma forma de dizer. E ouça a chuva a bater à janela. Mas não abra se bater leve, levemente, que a chuva não bate assim: é de certeza o Neves, e o Neves, aviso já, é um chato do caralho.

sexta-feira, 23 de agosto de 2024

sábado, 17 de agosto de 2024

Vá ver a neve, hoje!

A melhor altura para ir ver a neve à serra da Estrela, acho eu, é agora, no Verão, em pleno Agosto, hoje por exemplo. Não há neve, mas pode-se passar.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Aproveite o Natal: vá para a cama!

Aproveite estes dias abençoados, ou a quadra, como muito bem dizem os mais fervorosos natalistas. Fique em casa, leia, escreva, pense, e todas as tardes durma um sono, ou dois, consoante a disposição e a companhia, e dormir é aqui uma forma de dizer. E ouça a chuva a bater à janela. Mas não abra se bater leve, levemente, que a chuva não bate assim: é de certeza o Neves, e o Neves é um chato do caralho.

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Meu querido Inverno

Foto Hernâni Von Doellinger

Um bobsleigh em segunda mão

No tempo dos sonhos eu tive um: comprar um bobsleigh em segunda mão, pegar na mulher, no filho e no futuro e mudarmo-nos os quatro para Santiago de Compostela, que era o estrangeiro que me estava mais à mão e nós gostávamos razoavelmente derivado às ruinhas, às tapas e às cañas e por a bem dizer nem sequer ser estrangeiro. Melhor dito, gostamos muito. Mas hoje em dia: a Galiza anda tão à rasca como a gente, já não é oficialmente estrangeiro e saraiva por mais que saraive, ainda que em galego, não é neve nem embala. Ia fazer o quê com o bobsleigh na Praça do Obradoiro? Do Obradoiro, que nome extraordinário. Ainda por cima, os gandulos do lado de cá cortaram-me as vazas, entesaram-me até ao cutão. Desisti portanto do bobsleigh e tirei o passe do metro para a Senhora da Hora. Segundo julgo saber, na Senhora da Hora não neva há variados anos por uma questão de princípio. Que se segue: de bolsos vazios e sonhos roubados, fico olimpicamente em casa à espera do Verão de que não gosto. Sem bobsleigh, sem ruinhas, sem tapas e sem cañas. Uma seca que só visto.
Sou dado a invernos. Melhor que chova em Santiago. E que neve e que gele. Ou então nada disso, que ao ponto a que chegámos também não interessa, mas Santiago, sempre Santiago, mesmo sem bobsleigh e ainda que faça sol. Um dia destes lá iremos, eu, a mulher, o filho e o futuro - pobres e a pé, se Deus quiser, mas vamos. E tem de ser rápido, antes que uns certos e determinados bandalhos nos matem à fome em primeira mão.

P.S. - Publicado originalmente no dia 9 de Fevereiro de 2014. Entretanto comprei um carrinho de mão praticamente novo e temos dado as nossas voltas por aí. Hoje entra o Inverno, e estou nas minhas sete quintas...

sábado, 22 de maio de 2021

Turismo de natureza

Era um inverno zangado, daqueles de levar tudo à frente, e aconteceu assim, no velho tempo do desconfinamento quotidiano. Mal rompeu o dia, e não foi bem um romper, saltaram aos magotes para o Passeio Atlântico, ali em baixo. São fáceis de identificar, famílias inteiras vestidas de fato de domingo e telemóvel armado em máquina fotográfica, só lhes falta o merendeiro. Querem saber com os próprios olhos se a Praia de Matosinhos foi engolida pelo furacão, se pura e simplesmente desapareceu do mapa. Ficam desiludidos: a praia está ali normalíssima da vida, inteira, cheia de gente a jogar à bola. Os magotes desmobilizam, as famílias tornam a casa, telemóveis murchos, num desgosto que só visto. Vão comer frango de churrasco, comprado, e assistir à desgraça como deve ser na televisão. Para a semana, se Deus quiser, vão de bicicleta visitar um eucaliptal que é uma categoria. São turistas de natureza. Quero dizer: de natureza... duvidosa.

P.S. - Hoje, 22 de Maio, é Dia Internacional da Biodiversidade.

sábado, 20 de fevereiro de 2021

Chove. E não é dia de Natal.

E para a semana?
- Para a semana eles dão chuva.
- E que se coma, nada?... 

O meteorologista
- O que tu querias era sol na eira e chuva no nabal...
- E o que é que tu tens contra os microclimas?...  
 
O astrólogo
- E aqui chove sempre assim?
- Quer-se dizer, é de luas...  
 
O lavrador
- Quem semeia ventos, colhe tempestades...
- E o que é que tu percebes de agricultura?... 
 
O objector de consciência
- Chuva civil não molha militar!
- E bala militar não mata civil?...
  
O mal-agradecido
- Chove que Deus a dá!
- Escusava era de dar tanta...
 
O analfabeto
- Eu chovo, tu choves, ele chove...
 
O aferidor de pesos e medidas
- Esta noite choveu a cântaros!
- A almudes, se faz favor...  
 
O previdente
- Nem que chova canivetes?
- Exactamente.
- Abertos?
- Não há problema...
- E se forem picaretas?
- Fechadas?... 
 
O pragmático
- Ui, o que chove!...
- Mas é lá fora...  
 
O respondão
- Vai chover...
- Vai tu!
 
O distraído
- Olhe que está a chover...
- Estou?

Esta janela não é de fiar
O meu espertíssimo telemóvel garante-me que lá fora, a esta hora, faz um rico dia de sol. Olho agora mesmo pela janela e chove copiosamente. Quando apanhar uma sombrinha, vou mandar arranjar a janela.

Perspicácia
Aquilo ontem é que foi chover. Será do tempo?