segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Troco neto por um cão (pago a diferença)

Três rapazes nos arrabaldes dos sessenta anos bem servidos, certamente amigos de longa data, gente bem, meninos da Foz no seu tempo, fazem o costumeiro passeio higiénico matinal na avenida à beira-mar. O da esquerda empurra um carrinho de bebé com uma vaidade que só vista, e é bonita de se ver. Os outros dois vão à rasca até às orelhas, envergonhadíssimos com "a situação", evitam ser reconhecidos por quem passa, como eu, que não os conheço de lado nenhum, mais desconforto era impossível. O da direita puxa o do meio pela manga e diz-lhe, tapando a boca com a mão, como fazem agora os treinadores e jogadores de futebol quando querem falar da mãe de alguém: - Se inda ao menos fosse um cão, um cãozinho! Agora o caralho do neto...

P.S. - Não é metáfora política. É a vida.

(Texto escrito originalmente do dia 3 de Junho de 2016. Repito-o por causa de uma entrevista do DN de hoje.)

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