domingo, 15 de outubro de 2017

Jaime de Altavila 2

Teia de oiro

Imperturbável, cauta, entre os ramos, a aranha
Atentamente vai a fina teia urdindo,
Teia enorme que o Sol, em cheio, de oiro banha
E que se ostenta no alto, assim, tremeluzindo.

Ah! nesse seu labor que paciência tamanha!
Vezes em cada fio, em cada, um tempo infindo!
Mas, que prodígio após! Em rendas da Bretanha
Nada se viu mais delicado, nem mais lindo!

Em redor, nada vê, sempre, a sós, trabalhando...
Pode tudo ser triste, ou ser tudo risonho,
Ela, o fio sutil continua enredando...

Ó Poeta! - Indiferente à vida humana, estranha,
Perfeita, urdes também, uma trama de sonho,
Mas, frágil, talvez, como a teia da aranha!
 
"Poemas de Jaime de Altavila", Jaime de Altavila 

(Jaime de Altavila nasceu no dia 16 de Outubro de 1895. Morreu em 1970.)

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