quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Murilo Araújo 5

Toada do negro no banzo
 
Negro
quando cava, quando cansa,
quando pula, quando tomba,
quando grita, quando dança,
quando brinca, quando zomba
sente gana de chorá...


Negro
quando nasce, quando cresce,
quando luta, quando corre,
quando sobe, quando desce,
quando véve, quando morre
negro pena sem pará...


Negro, aponta o ponto -
ai Umbanda!
ginga tonto, tonto -
ai Umbanda!
Negro aponta: Oôu!


Negra nua, nua -
ai Umbanda!
toma a bença à lua -
ai Umbanda!
samba nua... Oôu!


Xangô!
Meu céu s'ecureceu.
Exú me despachou...
Calunga me prendeu...


Xangô! Xangô! Xangô!
Meu rancho se acabou...
Meu reino - mar levou...
Meu bem morêu... morreu.


Negro
negro chora, negro samba
na macumba do quilombo,
com malafo pra moamba
dando bumba no ribombo!
do urucungo e do ganzá!


Negro
cae no congo, cae no congo,
dos mirongas ao muganga,
todo o bando nesse jongo...
roda, negro - roda a tanga
chora banzo no gongá.


Negro aponta o ponto -
ai Umbanda!
ginga tonto, tonto -
ai Umbanda!
Negro aponta: Oôu!


Se Xangô chegasse...
ai Umbanda!
E me carregasse -
ai Umbanda!
Coisa boa... Oôu!


"As Sete Cores da Infância", Murilo Araújo
 
(Murilo Araújo nasceu no dia 26 de Outubro de 1894. Morreu em 1980.)

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