sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Vianna Moog 5

Karl Wolff procurava interessar-se, mas não conseguia. Um Brasil do Amazonas ao Chuí, limitando-se ao norte com Mampituba ou com o Oiapoque era-lhe indiferente. Ele mesmo não sabia, nem podia compreender como o Brasil chegava a constituir um Estado independente. Por mais que revolvesse a memória, esta só lhe restituía fatos vagos, imprecisos, esfuminhados, coisas da escola, dispersas, desconexas. Primeiro uma data, 1500, depois um nome, Pedro Álvares Cabral, o Seu Cabral das últimas canções carnavalescas; algumas guerras sem importância contra os franceses e os holandeses; o 7 de Setembro, onde aparecia um príncipe de espada desembainhada, cercado de cavaleiros, à margem de um riacho, como no motivo de tapete que acabara de ver na sala de honra do Centro; a guerra do Paraguai, que o Brasil não teria vencido se não fosse a ajuda dos primeiros colonos alemães; o 13 de Maio, que proclamou a libertação da negrada, uma gente que podia afinal de contas continuar escrava e não precisava andar por aí a faltar com respeito aos arianos. Depois, uma série de revoluções, de correrias, de requisições que só serviam para atrapalhar o comércio e a indústria, fruto exclusivo do esforço germânico.

"Um Rio Imita o Reno", Vianna Moog 

(Vianna Moog nasceu no dia 28 de Outubro de 1906. Morreu em 1988.)

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