Soneto a Vulda
Viverei! Voltarei, belo Sol que me douras,
Inda a viver aqui, sobre o solo em que vivo:
Meu ser reintegrar-se-á reposto e redivivo,
Com cambiantes feições, pelas eras vindouras.
O cérebro, onde, ó Sol, flâmeos dons entesouras
É que em mim faz radiar o mundo subjetivo,
Inda após ter tornado ao telúrico arquivo,
Há de à luz ressurgir em pulcras fontes louras.
Hei de eterno vibrar na Natureza eterna.
Sempre a despir inquieto a forma transitória
E sempre a renascer, como a serpe de Lerna.
Mas, entre mutações, eclipses e lampejos,
Comigo levarei, ó Vulda, na memória,
Teus olhos, teu amor, teus espasmos, teus beijos...
José da Cruz Filho
Sem comentários:
Enviar um comentário