Amor e medo
És bela, eu velho;
Tens amor, eu tédio.
Que adianta seres
Bela, se a beleza
É coisa externa que
Não está no coração?
E minha velhice
Não te interessa
Já que, na vida,
Seguimos destinos
Opostos.
Tens amor, bem sei
É próprio da idade,
Que amor é
Tão somente impulso
Da natureza cega,
Para perpetuar
A miséria amarga
De nosso próprio
Infortúnio.
És bela, fui moço,
Tens amor, eu... medo.
Antônio Rangel Bandeira
(Antônio Rangel Bandeira nasceu no dia 24 de Outubro de 1917. Morreu em 1988.)
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