Há coisa de
quarenta anos, os cónegos não eram uma classe respeitada por aí além,
mesmo ou principalmente no interior da Igreja. Naquele tempo, cónegos
eram anedotas contadas por padres que não eram cónegos. Inveja? Sei lá
eu. Parece que o tique vinha de trás e atiravam a culpa ao Eça.
Os
cónegos que então conheci afiguravam-se-me criaturas patuscas, isso é
certo. Geralmente baixinhos, barrigudos e corados, sebentos às vezes, os
cónegos eram uns cromos, caricaturas deles próprios. Também não sei se
ficaram assim depois e por causa de terem ido para cónegos ou se aqueles
é que eram os requisitos necessários e critérios de selecção.
Uma vez, um padre
recém-ordenado, mestre e amigo, ensinou-me que a classe dos cónegos se
dividia em três categorias: "os cónegos de merda, a merda de cónegos e
os cónegos a sério" - que seriam os da sé propriamente dita,
eventualmente os cónegos com cargo no cabido. O meu mestre e amigo
suponho que actualmente é cónego, mas não sei de que categoria.
Como funciona agora com os cónegos, confesso que desconheço. Mas acredito nisto:
quarenta anos não dão para nada na Igreja instituição, não dão sequer
para meter a chave à porta - quanto mais para puxar o autoclismo.
P.S. - Publicado originalmente no dia 11 de Julho de 2013. Os cónegos sempre me fizeram rir: olhem-lhes para as vestimentas cerimoniais e digam-me se não pensam logo no circo...
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