quinta-feira, 2 de março de 2017

Daniel de Sá 2

Em mãos infiéis

A minha amada desnudou-se e cobriu-se de vergonha.
Só a vergonha veste agora a minha amada.
A minha amada dormiu com o infiel,
Entregou-se nos seus braços e deitou-se na sua cama.
Esqueceu as juras de amor que eu lhe fizera
E deixou-se seduzir por falas mansas.

Como eu entendo que ele a tenha amado,
A ela, a mais amável de todas!

Oh, se eu pudesse tê-lo cegado antes que ele a contemplasse!
Mas não tocarei sequer um só dos seus cabelos,
Para não tornar mais infeliz ainda a minha amada. 

"As Rosas de Granada", Daniel de Sá 

(Daniel de Sá nasceu no dia 2 de Março de 1944. Morreu em 2013.)

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