segunda-feira, 27 de março de 2017

Heitor Lima

Cinzas
 
A última brasa ardeu na cinza adusta:
Tudo passou, tudo se fez em poeira...
E na minha alma, que o abandono assusta,
Morre a luz da esperança derradeira.
 
O amor mais casto, a aspiração mais justa
Têm a desilusão para fronteira...
Um momento de sonho às vezes custa
O sacrifício da existência inteira!
 
Chama efêmera, o amor! Baldado surto,
A glória! Ah! coração mesquinho e raso...
Ah! pensamento presumido e curto...
 
E o amor, que arrasta, e a glória, que fascina,
- Tudo se perderá no mesmo ocaso
E se confundirá na mesma ruína.


"Primeiros Poemas", Heitor Lima

(Heitor Lima nasceu no dia 28 de Março de 1887. Morreu em 1945)

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