domingo, 12 de março de 2017

Bastos Tigre

A lagarta

Por sobre as ramas da árvore coleia
A lagarta. E a colear, viscosa e lenta,
O seu aspecto as vistas afugenta
E de tocá-la a gente se arreceia.


Verde-negra, amarela, azul, cinzenta,
Quando o sol as folhagens incendeia,
Sobe a aquecer-se, e à luz solar, aumenta
O asco de vê-la repulsiva e feia.


Mas eis que a encerra do casulo a tumba;
Não penseis que, de todo, ela sucumba
No seu sepulcro eternamente presa.


Qual, do corpo, alma livre, desprendida,
É borboleta: evola-se a outra vida,
Voando feliz, na glória da beleza.


Bastos Tigre

(Bastos Tigre nasceu no dia 12 de Março de 1882. Morreu em 1957.)

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