terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Júlio Perneta

Crepúsculo

No túmulo do ocaso iluminado,
Como nau afundando em tírio porto,
O dia tomba, triste, abandonado,
Nostálgico de luz e de conforto.


Hora em que o coração, genuflexado
Ante a visão feral do desconforto,
Vê desfilar das sombras o Passado,
Aos merencórios raios do sol morto.


Hora de dor, profunda de saudade,
Feita de lágrima e de prece ungida,
Soturna de velhice e mocidade!…


Como eu te sinto em mim, como eu te quero!
És a imagem fiel da minha vida
Que, apesar da desgraça, inda venero.


Júlio Perneta

(Júlio Perneta nasceu no dia 27 de Dezembro de 1869. Morreu em 1921.)

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